segunda-feira, 24 de maio de 2021

Serendipity: da definição ao percurso de pintora

 Andava Antígona (nome artístico da pintora ou alter ego de Clara Ferrão) à  procura de  pretexto para novo trabalho, quando, de repente,  disse ah!!! Serendipity. O termo, aparentemente encontrado ao acaso por Antígona, era conhecido de Clara Ferrão e dos seus estudantes de há uns anos. Com efeito, ao estudar neurociências e efeitos das tecnologias nos processos de pesquisa e de descoberta, este termo tinha surgido nas suas aulas. Todos encontramos o que não não queremos ou não estamos a procurar quando folheamos um dicionário ou a ler um artigo científico, um romance, a ver um esquema ou uma pintura, a ouvir uma música. O cérebro vai-se  encarregando de fazer ligações e nem sempre nos informa sobre a sua atividade. E, depois, inesperadamente, o caminho fica aberto. Como referia, na altura, com a WEB 2.0, as ligações tinham-se amplificado deixando mais caminhos abertos, ou como referiu Marie Anne Chabin ,no seu blogue, em 2013, « avec le web 2.0, la sérendipité s'envole ».  

Este foi o processo não propositado de serendipity.  Porque o processo pode não ser propositado. Mas o processo pode ser intencional. Já Pasteur dizia que «le hasard ne favorise que les esprits préparés».  Daí dizer aos meus estudantes que, se não queriam encontrar nada, dificilmente poderiam encontrar alguma coisa na internet.  Só relaciona quem tem algo para relacionar.  Ainda por séréndipité, lembrava-me vagamente que Candide de Voltaire tinha percorrido alguns caminhos de uns príncipes de uma história persa, mas Antígona já vai chegar à história.  


Vejamos as definições de forma desorganizada. 

noun U ]
   formal
UK 
 
/ˌser.ənˈdɪp.ə.ti/
 US 
 
/ˌser.ənˈdɪp.ə.t̬i/
the fact of finding interesting or valuable things by chance
Serendipitous discovery of information is different from purposive information seeking, as it is more about encountering or stumbling upon information when not directly looking for it (Erdelez 199519972005Toms 2000a2000bCunha, 2005Lawley and Tompkins 2008McCay-Peet and Toms, 2010Makri and Blandford 2012a2012b), often drawing a reaction of happiness, surprise or simply an ahah! moment (and, sometimes, disappointment as well). We think of serendipity as chance finding of pertinent information, either when not looking for anything in particular or when looking for information on something else (Cunha, 2005McCay-Peet and Toms, 2010). Both are of interest in this paper.

Solomon, Y (2013)  

Temporal aspects of info-serendipity

https://journals.openedition.org/temporalites/3523?lang=en


When something is discovered accidentally, without prior expectation, and is valuable for its discoverer – it is called ‘serendipity’ (Merton, Barber, 2004). Prominent examples of serendipitous discoveries are usually from the fields of technology, science, or medicine, such as the discovery of penicillin, x-rays, or the unexpected physical effect of sildenafil citrate on men (Morton, [2007] 2011(. However, serendipity has a foothold and a major influence in many other disciplines as well, from the humanities and social sciences (Hazan, Hertzog, 2012; Martin, Quan-Haase, 2016; Namian, Grimard, 2013; Rivoal, Salazar, 2013), through organizational and business environments (Loosemore, 2014; Mendonça, Cunha, Clegg, 2008), to law (Solomon, Bronstein, 2016; Van Andel, Bourcier, 2001). That is also the case with information. Human information-seeking behavior is not restricted to a deliberate search for information in orderly mannered stages, it also includes the chance discovery of information in a dynamic and non-linear manner (Erdelez, 2005; Foster, Ellis, 2014; Foster, Urquhart, 2012; McCay-Peet, Toms, 2015).


Convido os leitores a fazer como Clara Ferrão   e a continuar a leitura.


 E, agora,  Antígona como  fazer o caminho de serendipity para construir um quadro coerente? Que pode ter ou não final feliz. 

Depois das definições , a história dos príncipes de Serendip

https://www.editions-marchaisse.fr/uploads/4/3/7/1/4371660/les_aventures_des_trois_princes_de_serendip.pdf

https://www.editionsdelondres.com/Voyages-et-aventures-des-trois~

A imagem dos príncipes e do rei começam a formar-se.

Depois, nesta pesquisa desarrumada  (ou ao mesmo tempo), surge um café de Nova York e a foto de Andy Warhol

https://www.nytimes.com/2019/09/13/t-magazine/serendipity-3-restaurant.html   

A partir daqui, as mãos e as tintas vão ser necessárias para as articulações com o pensamento e alguns saberes. Haverá quadro? Não sei, mas há caminho em Serendip. 



 


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Galisson nous a quittés, le premier février 2020... « Pour Denise ... En souvenirs pluriels de Robert »

 En signe d'amitié, quelques amis de Robert Galisson ont envoyé aujourd'hui à Denise Galisson , une brochure avec quelques textes, quelques histoires de rencontres avec le maitre et l'ami.  Daniel Coste, Véronique  Castellotti, Jean-Louis Chiss ont pris cette initiative qui devrait  être suivie d'une rencontre amicale. Malheureusement cette rencontre ne pourra pas avoir lieu en ce moment. A bientôt les amis!  





Voilà  3 petites « histoires»  racontées par des amis de Robert :  la mienne, celle de Daniel Coste et celle   de Francis Yaiche









 

Escola ou Escolas, em tempos de COVID

 Notas soltas publicadas no Facebook

A propósito do artigo de 1 de fevereiro, no jornal Público, intitulado « No ensino a distância, não basta ligar os computadores»

Convém não esquecer a regra « 3-6-9-12 ». Os tempos contraídos do digital (e da televisão) nnão são os mesmos da comunicação analógica! A Escola digital tem de ser diferente da Escola analógica. O papel continua a ser o melhor suporte para crianças pequenas. As mãos ( e o corpo) têm de tocar, mexer-se para a criança pensar e verbalizar. A plataforma, durante 15 minutos, serve para a professora contar uma história. Para as crianças verem e dizerem aos amigos o que quiserem, para descreverem desenho feito...
Não, não estão estão enganados. Sou mesmo a co-autora de « Implicações das Tic na aula de Português ».
« Mais que signifie au juste la règle « 3-6-9-12 » ? Rappelons la brièvement
1. Pas d’écran avant 3 ans, ou tout au moins les éviter le plus possible
Parce que de nombreux travaux montrent que l’enfant de moins de trois ans ne gagne rien à la fréquentation des écrans[[Voir à ce sujet Tisseron S., Les dangers de la télé pour les bébés, 2009, Toulouse : Eres.]].
2. Pas de console de jeu portable avant 6 ans
Aussitôt que les jeux numériques sont introduits dans la vie de l’enfant, ils accaparent toute son attention, et cela se fait évidemment aux dépens de ses autres activités. En outre, avant que l’enfant ne sache lire, les seuls jeux possibles sont sensori moteurs et basés sur la stéréotypie motrice[[Voir à ce sujet Tisseron S., Qui a peur des jeux vidéo ? , 2008, Paris : Albin Michel (en collaboration avec Isabelle Gravillon).]].
3. Pas d’Internet avant 9 ans, et Internet accompagné jusqu’à l’entrée en collège
L’accompagnement des parents sur Internet n’est pas seulement destiné à éviter que l’enfant y soit confronté à des images difficilement supportables. Il doit lui permettre d’intégrer trois règles essentielles : tout ce que l’on y met peut tomber dans le domaine public, tout ce que l’on y met y restera éternellement, et tout ce que l’on y trouve est sujet à caution parce qu’il est impossible de savoir si c’est vrai ou si c’est faux.
4. Internet seul à partir de 12 ans, avec prudence
Là encore, un accompagnement des parents est nécessaire. Il faut définir avec l’enfant des règles d’usage, convenir d’horaires prédéfinis de navigation, mettre en place un contrôle parental… »

Mensagem aberta a Secretário de Estado

Caro Secretário de Estado, Desculpe tratá-lo assim e mandar-lhe mensagem informal. Já nos cruzámos em tempos do PNEP (fazia parte da Comissão Nacional). Ao longo de 40 anos, irritava-me o seguinte comentário da parte dos professores «  tenho de dar o programa », declinado em termos diferentes, conforme as épocas e as correntes pedagógicas «  modas », em «  competências » e «  saberes essenciais », « aprendizagens básicas, essenciais »... Continuo a ver e até compreendo a reação do ministério para evitar que os mais desfavorecidos saiam pior desta situação. Compreendo todos os esforços de Ministério, escolas e saúdo particularmente a «  escola em casa »... Tenho memória de um ano especial da minha vida: o ano da Crise Académica em que não tive aulas de 17 de abril a novembro de 1969. Estudei conteúdos para exames sozinha, mas aprendi muito mais na «  escola paralela » com o «  programa alternativo » improvisado pela Associação Académica. Foram as maiores aprendizagens para a minha vida! Não perdi nada! Ganhei muito! A televisão é a instituição mais democrática a seguir à escola, como tem sido afirmado por muitos especialistas da comunicação. Por que não esquecer durante 15 dias, um mês de «  dar o programa » e criar um programa alternativo para crianças e para jovens? Com 3 ou 4 filmes que todos deveriam ver, por exemplo, o documentário transmitido pela RTP 2 sobre os refugiados judeus em Portugal, («Debaixo do céu») para não falar da «  Lista de Schindler », filmes mais «  fortes » ou mais leves e animados como «  Escola de mulheres » ( creio que é o título do último filme que vi no cinema) ... séries como «  Isto é ópera » da TVE, documentários sobre ambiente... visitas a museus em 3 minutos... Quando se utilizam os média, há que esquecer os tempos da escola e adotar tempo «  contraído ». Um dos problemas da «  escola em casa » de que gosto, apesar de tudo, é a questão do tempo. A «  Rua Sésamo » foi um excelente exemplo de programa educativo para todas as crianças. O «  Jornalinho » idem... Seria uma espécie de RTP 2 ao serviço da Escola, num horário conveniente. Enfim, não proponho « sobredose de cultura », mas um programa «  nacional ». Fazer para todos os alunos um programa como fazemos com os nossos filhos. Sei que contraria os princípios que sempre defendi. Comecei a linha carreira de orientadora pedagógica em 1977 e fiz Agregação em Educação em 2000. Com este «  programa » não haveria, formalmente, « individualização das aprendizagens », «  centração sobre o aprendente », nem «  flexibilidades curriculares » ... mas haveria um programa para formar cidadãos. Não é esse o objetivo da educação?
Creio que temos de nos esquecer de alguns princípios da «  escola normal » e propor, com os meios de que dispomos uma « escola paralela », convergente?, divergente? Não falo dos exercícios on line que reproduzem, muitas vezes, o que há de mais tradicional. Mas... aprende-se com tudo. Também não falo das potencialidades das plataformas, porque como sabe, quase todos os professores as adoptaram. Nesta fase não podemos avaliar usos. Mas sabemos que não é a disponibilização individual de computadores que impede os usos desiguais. Desculpe esta mensagem, escrita no iphone, em manhã de domingo confinado. Já escrevi muitos textos publicados, até sobre escola confinada, mas este é um desabafo. Estou a pensar em voz alta... Um agradecimento como cidadã e professora pelo seu desempenho de funções, numa época destas.

«Intertextualidades»: Exposição de pintura de Antígona/Clara Ferrão

Está patente, até 6 de janeiro de 2024, no Centro Cultural Penedo da Saudade , do Instituto Politécnico de Coimbra, uma exposição de pintura...