terça-feira, 24 de abril de 2018

APEDI 2018- Conferência sobre comunicação multimodal

Alguns tópicos    foram já desenvolvidos neste blogue.
https://universidadedepasargada.blogspot.pt/2018/04/apedi-2018-conferencia-sobre.html

Conferência quase pronta, com prolongamento aqui.

Sobre os eventuais efeitos do formato narrativo no cérebro e sem entrar nas polémicas atuais sobre as NBIC, deixo este diapositivo que me serve duplamente no âmbito desta conferência: pela questão do conteúdo e pelo dispositivo e estilo  multimodais de Uri Hasson.   




Sobre os riscos do «aplicacionismo»  das NSCC (neurociências cognitivas e comportamentales) à educação, há muitos artigos de jornais que estão a ser publicados depois da nomeação de neurocientista para comissão nacional de educação em França (Stanislas Dehaene), por exemplo:  «Overdose de neurosciences»

quarta-feira, 18 de abril de 2018

APEDI 2018- Conferência sobre Comunicação multimodal

 O início da preparação desta conferência  intitulada « Não podemos não comunicar», axioma da lógica de P. Watzalawick, pode ser lido aqui

http://universidadedepasargada.blogspot.pt/2018/02/encontro-apedi-2018-associacao-de.html

O resumo proposto há alguns meses é um bocadinho ambicioso.

Poderia começar a conferência enumerando as ciências que enquanto didata das línguas-culturas fui interrogando ao longo da minha vida profissional (literatura, linguística, pragmática, etnociências e agora as neurociências ou mesmo as NBIC- o acrónimo corresponde a nanotecnologia,biotecnologias,informática e ciências da cognição). Ou as tecnologias que utilizei nas aulas: MAV, Multimédia, TIC e as  NBIC. NBIC também surge como designação que substitui as TIC/ TICE...

Mas decidi que vou  começar pela reflexão a propósito da forma de saudação com que fui recebida, recentemente, em consultório de hospital, por acaso privado:  «Atão qu'é que bocê tem?»
Começo, assim pelas  questões de cortesia que são marcadas pelas culturas.
E por uma reflexão sobre o modo como o não verbal comunica a empatia ou a falta de convergência interativa e não só com duas fotos provocadoras.


Passando às questões da formação de professores...

  Le métier de l'enseignant (de langues) est réalisé par un acteur social qui possède et développe des compétences générales individuelles, et notamment une compétence à communiquer et une compétence technique qu'il met en œuvre à travers divers types d'activités d'enseignement en mobilisant les stratégies qui lui paraissent convenir à l'accomplissement de tâches à effectuer ou aux rôles à jouer. Cette mise en œuvre contextualisée des compétences individuelles ne cesse de le modifier en retour ». CECR

             A competência profissional  de um professor inclui a comunicação que eu qualifico de multimodal e, com base no enquadramento teórico convocado, proponho atividades e estratégias multimodais.  
Desenvolvo a seguir:

Espaço: Proxémica - estudo da percepção  e uso do espaço pelo homem  (Hall, in Winkin: 1991).
Espaços e distâncias (immediacy)
Tempo
Culturas monócronas e polícronas, contração do tempo, multitasking
Quinésica
Configurações de comportamentos
Imagem e tecnologias
Com algumas considerações:

O tempo e o espaço condicionam a comunicação 
O corpo fala e  pensa (alinhamento neuronal, neurónios espelho)
Fenómenos bioquímicos condicionam empatia
Antecipação, verbalização, memorização
Cortesia
Empatia, convergência interativa, escuta, eco, immediacy

Destas considerações resulta a definição e caracterização da comunicação multimodal através de metáfora icónica e de palimpsestos icónicos que explicitarei.




E por último... questões:
Onde estão as competências multimodais no Perfil do Aluno e no Currículo do ensino básico e do ensino secundário?  De que forma podem ser perspetivadas?
Será que atividades das didáticas não convencionais como a sugestopedia encontram, hoje, justificações nas neurociências:
A  relação que se traduz em empatia é essencial numa aula? O espaço agradável favorece a aprendizagem?
A atitude do professor desencadeia a vontade de participar  dos alunos (neurónios espelho)?
Aprendemos mais com situações positivas?
A produção verbal aumenta com  sugestões positivas  introduzidas por temáticas positivas?
A memorização aumenta com sugestões positivas?
A memorização aumenta com  deslocações e movimento?
A memorização  do vocabulário aumenta se simultaneamente se realizarem atividades artísticas?
A narratividade no discurso introduz mais atenção e memorização?
A música interfere com os ritmos biológicos, podendo  favorecer a aprendizagem? 
.....


Referências bibliográficas:
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sexta-feira, 6 de abril de 2018

Didlang2018 Colóquio de Didática das Línguas



Resumo da conferência de encerramento do Didlang2018 Colóquio de Didática  das Línguas

Uma conferência de encerramento de colóquio é sempre pouco previsível. Depende do que a autora for ouvindo, mas... implica sempre preparação e resumo. 
No blogue, o resumo ganha alguma interatividade.

 Um olhar sobre a Didática das Línguas-Culturas : do passado ao futuro

Se fosse pessimista poderia intitular esta conferência   «S.O.S. ... Didactique des langues étrangères en danger... intendance ne suit plus». Retomava , assim,  título de artigo de Robert Galisson de 1977. Nessa altura, Robert Galisson, servia-se, de maneira provocadora, de  fórmula em linguagem militar de De Gaulle  para sublinhar o risco que corria a Didática das Línguas se, ao tentar uma legitimação epistemológica,  perdesse a dimensão intervenção,  afastando-se dos professores. Hoje, teria de utilizar o termo «intendance» num sentido muito mais amplo.
Poderia , ainda, começar pelas perguntas seguintes: no final deste ano, haverá 50 candidatos à docência nos ensinos básico e secundário em línguas?   Haverá 5 candidatos à docência em francês?
Como sou optimista, vou enunciar alguns paradoxos do presente, nomeadamente alguns anacronismos de materiais e práticas pedagógicas,  porque…
É preciso não esquecer o que se aprendeu  no passado. A Didática das Línguas- Culturas  comemorou  40 anos em  2017 (ou mesmo 100 anos,  em 2007). Durante esses anos, sustentou  a formação inicial e contínua de  alguns milhares de professores e contribuiu para que muitos portugueses aprendessem línguas. Impõe-se, por isso, um regresso ao passado para tentar compreender  o presente e preparar o futuro.
Procurarei definir e caracterizar a DL-C, nas suas vertentes de contextualização, problematização, conceptualização, intervenção na linha de Adolfo Coelho, Robert Galisson, Isabel Alarcão e dos estudos que desenvolvi durante as mais de três décadas em que fiz parte da «intendência».
Para perspetivar o futuro, vou declinar a matriz de situação educativa  proposta por Robert Galisson,  tendo em conta transformações que a sociedade tem  vindo a conhecer nas utilizações que faz do espaço e do tempo, sob o efeito, muitas vezes das tecnologias. Procurarei mostrar implicações didáticas dessas transformações no perfil dos professores e dos alunos, com base em alguns estudos em neurociências que a didática tem de convocar para compreender a situação educativa. Deter-me-ei também na dimensão do objeto da didática: a língua ou o plurilinguismo como objetivo ou como  meio  para a educação.   
  

Palavras-chave: Didática das Línguas-Culturas,  formação de professores, contextualização, problematização, conceptualização, intervenção, espaço, tempo, comunicação  multimodal, plurilinguismo.

Algumas referências:

Capucho, F. De la didactologie des langues et des cultures à l’intercompréhension.Synergies Portugal 1
Cortès, J. (2016). Avec Robert Galisson, remonter le cours du temps. Synergies Portugal 4  
Ferrão Tavares, C. Cortès, J.  (coord) (2016)  Avec Robert Galisson, réhabiliter la Culture
comme discipline universitaire à part entière. Synergies  Portugal 4 https://gerflint.fr/Base/Portugal4/numero_complet.pdf

Galisson, R. (1977)Etudes de Linguistique Appliquee, n27 p78-98 Jul-Sep 1977
Galisson, R. (2002). « Didactologie : de l'éducation aux langues-cultures à l'éducation par les langues-cultures ». Ela. Études de linguistique appliquée, no 128,(4), 497-510.
Salema, MJ (2013)  La genèse de la didactique scolaire du français au Portugal. Synergies Portugal 1

Silva, J. (2013) Intercompreensão : vingt-deux ans après, parcours d’une revue de didactologie des langues-cultures au Portugal… ouverte au monde. Synergies Portugal 1

da Silva, J. & Ferrão Tavares, C. (2007). Du champ sémantico-didactologique du concept culture. Ela. Études de linguistique appliquée, 146,(2), 241-252. https://www.cairn.info/revue-ela-2007-2-page-241.htm.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Exposição «Labirintos e memórias», na Câmara Municipal de Arganil


Está a decorrer, de 3 a 30 de abril, na Galeria Guilherme Filipe da Câmara Municipal de Arganil,  a exposição «Labirintos e memórias» de Antígona.
Parece, á primeira vista que a atividade de pintora de Antígona não tem nada a ver com a temática deste blogue de Clara Ferrão, mas há uma relação entre as duas.

Antígona nasceu em Pombeiro da Beira, ao pintar cenários, decorar poemas, representar peças de teatro, nas festas organizadas pela sua professora Maria de Lourdes Ferrão (também mãe de Clara Ferrão). Deliciou-se, no terceiro ano do liceu, nas aulas do Professor- Pintor de Arganil, António Ventura. 
Frequentou as aulas de Clara Ferrão e aprendeu conceitos de comunicação, literacia multimodal, intercompreensão,  leitura, empatia, neurociências, mestiçagem entre mundos reais e virtuais … Estudou literatura e pintura. Aluna de escola de viagens, adorou “encontrar Picasso”em Antibes, com 19 anos. Acompanhou Clara Ferrão em trabalho a Paris, a Copenhaga, ao Rio de Janeiro, a São Petersburgo…, impondo-lhe a sua vontade de visitar museus. Antígona frequentou alguns ateliês e “explicações” de pintura, mas não gosta de horários… Aproveitou a Internet para reclamar maior protagonismo e partilha. Alegre, ousada, atrevida, conversadora impõe a sua vontade a Clara Ferrão e Clara Ferrão oferece-lhe os conteúdos para as suas pinturas.

E surge esta exposição depois de uma primeira, na Galeria do Café Santa Cruz em Coimbra, em julho de 2017.
Porquê «Labirintos e memórias»?
Para Flaubert, uma folha de papel constitui um labirinto. Na folha há caminhos que se abrem e outros que se vão fechando.  Para Antígona, cada tela constitui um labirinto. Labirinto, não num sentido místico ou filosófico, como local de opressão, mas como uma construção como um ambiente de experimentação. Labirinto que constitui um convite à desorientação, implicando o recurso à memória ou memórias convocadas para encontrar resoluções. Labirinto que apresenta desafios cognitivos, com falsas pistas, com «veredas que bifurcam» (como diz Borges) com modos diferentes de «ler» ou ver a vida, com possibilidade de escolhas de formas e cores, com erros, com correções. Constitui um desafio à imaginação, uma construção lúdica, uma viagem em que o viajante sente o prazer de se perder e de encontrar, e de se encontrar. Como em todas as histórias, nomeadamente, como no mito que motivou a palavra labirinto, «as personagens» de Antígona - pintora vencem obstáculos e conseguem ultrapassar o que consideravam ser os seus limites. Os labirintos de Antígona são felizes, como as cores das telas o revelam. Antígona constrói metáforas de conceitos e propõe narrativas ancoradas no passado, nas memórias, que deixam fios para iniciar novas histórias. Memórias de viagens, de aulas, de telas, de livros, de rostos, de emoções… Antígona caracteriza-se pela capacidade de sonhar, como Ícaro, de realizar o que aparentemente é impossível, de desafiar o desconhecido, de resolver os emaranhados ou melhor os novelos que se vão desfiando nas telas: há teias que se fazem e desfazem, há espirais, há puzzles, peças que as mãos reconstroem a partir de memórias dispersas, com persistência, com desobediência em relação a princípios e regras que Clara Ferrão até pode conhecer.

Alguns momentos de encontros e reencontros com amigos.  




Será que é Antígona ou Clara Ferrão com a mania de explicar  até ao Sr. Presidente da Câmara de Arganil!   

«Intertextualidades»: Exposição de pintura de Antígona/Clara Ferrão

Está patente, até 6 de janeiro de 2024, no Centro Cultural Penedo da Saudade , do Instituto Politécnico de Coimbra, uma exposição de pintura...