sábado, 31 de março de 2012

TIC, power point e... papel... neurociências 2

«Art Gallery»  foi a designação que Bernd Rüschoff da Universidade de Duisburg-Essen, e co-autor de relatório  sobre tecnologias,  deu a uma  prática pedagógica que apresentou recentemente no Colóquio da Federação Portuguesa de Associações de Línguas Vivas.  Se não me engano,  foi essa uma prática que os meus alunos conheceram durante anos. O resumo de monografias  ou  a elaboração de um projeto de investigação eram preparados em folhas de papel e postit. Assim,  os estudantes de cada grupo  colavam e escreviam a sua planificação, recorrendo a postit que iam mudando de sítio, substituindo, à medida que iam adquirindo mais conhecimentos sobre o assunto. Num  dia determinado, havia a primeira exposição de posters. Nessa altura, havia uma visita acompanhada da professora de todos os alunos aos posters afixados nas tais placas velhas de corticite. E aí, o professor e os outros estudantes colocavam questões que levavam muitas vezes a que os postit  mudasssem de sítio, que as formulações de objetivos fossem reformuladas... setas mudavam de direção... Um estudante colava outro postit com uma referência que achava que poderia ser útil... Esses posters  iam sendo reformulados até ao dia da simulação de colóquio. Aí, na fase final, os estudantes apresentavam uma comunicação oral  e o poster, desta vez já não com postit,  feito,  por vezes, até em tipografias,  apresentava uma declinação escrita do conteúdo  verbalizado.  

E assim,  poderei dizer que a realização destes trabalhos contribuia para o processo  de autonomia dos estudantes, levava-os a adquirir competências necessárias à realização de um projeto de investigação, levava-os a desenvolver espírito crítico, a argumentar, a fundamentar as suas opções, a comunicar a pares ou  outros intervenientes (no caso professores e alunos de outras turmas que vinham assistir às sessões de posters).   Era assim o espírito de Bolonha antes de Bolonha!

Com o fim dos rolos de papel e das placas de corticite, ainda   comprei cartolinas...  e colocando os posters em cima de mesas, procedíamos ao mesmo trabalho... mas já não ficam afixados...  Perdia-se o efeito «Art Gallery».  Perdia-se parte do «trabalho colaborativo» tão apregoado!

Depois cansei-me de andar com as cartolinas e os postit de sala em sala .. e  entretanto surgiu o power point... Como novidade que era... entusiasmei-me também. Os estudantes adotaram também  formatos TED, Pecha-Kucha...  Mas não ficava satisfeita... Então as sessões de apresentação de trabalhos eram desastrosas... Um grupo apresentava, eu e os outros grupos fazíamos comentários... seguia-se outro...«o seguinte»... Entretanto, sobretudo no Mestrado com estudantes- professores, tinha de mandar fechar computadores pessoais, explicando o conceito de «sintaxe mista» de Slama Cazacu (que será explicado no post 3).

Não gravei, creio, nenhuma sessão de posters, porque neste caso poderia comparar a qualidade da comunicação nos dispositivos Art Gallery e apresentação em power point. Poderia analisar a comunicação - o número e tipo de atos de fala e interativos que o professor cada aluno teria realizado - e teria como enquadramento teórico, também, os estudos que estou agora a ler... continua...

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