segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

7ème Poule- Blog com dispositivo de formação de professores a partir de um filme

O Blog 7ème Poule  foi feito com a coordenação do IF da Suécia e é mais do que um blogue sobre um filme. É um dispositivo de formação apresentando o enquadramento metodológico, fichas de atividades e informação sobre o filme com o mesmo título do blog.    

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Metas curriculares de Inglês para o 1º Ciclo

Um exemplo que vou dar, em Faro.

Sobre Metas Curriculares de Inglês no 1º Ciclo

Já acabou o prazo para a consulta, mas, só agora, encontrei este documento!

Antes de avançar com algumas  afirmações polémicas, vejam os Quadros DELMAS . São lindos e datam do início do século XX! Eram o material de apoio do Método Direto.

As metas do Inglês para o primeiro ciclo também devem ser de 1907, data em que foi oficialmente adotado o Método Direto, entre nós! Não serão?

Baseado nas «lições das coisas»  de Marie Montessori, a abordagem lexical partia dos objetos da aula para temáticas como a casa,  as estações do ano, os transportes, Mas a abordagem partia das «coisas» contextualizadas, recorrendo a imagens de contextualização dos países onde se falavam as línguas em questão. Alguns de nós ainda vimos esses quadros (lindos!) nas nossas escolas. Embora se partisse dos nomes das coisas, pretendia-se uma abordagem holística. Eram um convite a sair da sala de aula, a viajar...

E agora a anedota...
Os pais de um menino português  de  2 anos, numa creche em Espanha, recebe uma ficha em que diz que o menino não atingiu «a meta» seguinte: «não pinta com esponja»!  

Chegámos a este ponto!

E agora vamos às metas de Inglês....

«No 3.º ano, a organização dos conteúdos lexicais baseia-se nas quatro estações do ano: outono,
inverno, primavera e verão; no 4.º ano, optou-se por uma sequência de dez temas,
coincidentes com os dez meses do ano escolar: Starting school, Keep our school clean, What we Página 4 wear, Christmas, Where we live, Having fun, Let’s visit the animals, Spring is here, The sun isshining e The holidays are coming».

Vejam lá se os títulos não coincidem com os dos quadros DELMAS!

Mas avancemos...

«3. Conhecer vocabulário simples do dia a dia
1. Reconhecer nomes próprios.
2. Reconhecer nomes de alguns países.
3. Identificar membros da família restrita (mother, brother).
4. Identificar números até 20.
5. Identificar os dias da semana.
6. Identificar os meses do ano.
7. Identificar nomes de alguns meios de transporte.
8. Identificar estados emocionais (I’m sad, I’m happy).
4. Conhecer vocabulário simples de forma contextualizada com base nas estações do ano
1. Identificar vocabulário relacionado com o outono
• Condições climatéricas (chilly, cloudy).
• Vestuário e calçado (jumper, shoes).Página 8
• Cores (grey/clouds, brown/leaves).
• Atividades (collecting leaves, eating chestnuts).
• Estados físicos (I’m tired, ..»

Temos conteúdos lexicais transformados em metas...

Que abordagem pode decorrer desta definição de metas? Uma abordagem behaviorista. Mas poderão dizer-me. «Nos métodos audio-visuais (anos 70-90)  a abordagem era behaviorista!» Sim mas a partir de diálogos-situações!

Depois dos MAV muita água correu, muita investigação foi feita em Didática das Línguas, em Neurociências, em Psicologia, em receção dos médias!

Piaget já não conheceu os meninos dos média que são meninos da narratividade (Egan, Roldão até já referiam nos anos 90 que os meninos começam a conhecer o mundo através da narratividade, a partir do abstrato, oposições entre maus e bons... nas histórias tradicionais!). E hoje, as ilustrações dos livros infantis são abstratas, são simbólicas (Só as dos manuais, as dos quadros interativos multimédia e de produtos pedagógicos multimédia comerciais são concretas!) Os meninos acedem ao abstrato antes do concreto... vejam-se os jogos que lhes oferecemos no Natal!

Dizem as autoras que partem do QECR. Os autores ficam horrorizados com algumas leituras que se estão a fazer do Quadro! Embora haja descritores, o QECR que era um documento que definia uma abordagem plurilingue, destinada à ação (ver outros comentários) foi reduzido a tabelas com os descritores relativos aos níveis!
Por favor leiam o Quadro todo!

Para os meninos, a abordagem deverá ser holística e as línguas estrangeiras são para conhecer o diferente, o exótico, para viajar, viagem real ou virtureal. Visitar um museu (http://www.moma.org/interactives/destination/destination.html)  um jardim, descobrir meninos de outros países, jovens cantores, pintores, músicos...Ora a Internet está em muitas escolas... Mas não só... eu não tive  Internet e viajei em francês antes de o poder fazer. Só quando tive de escrever 3 composições em português, em francês, em inglês sobre o dia em que nevou em Coimbra... ia desistindo das línguas! É isso que leio nos estudos sobre as línguas. Servem para sair da Escola!(Michel Serrres)

A abordagem implícita nas metas é uma abordagem de colagem à Escola, ao Português, ao Estudo do Meio. Os autores do Quadro têm estudos sobre as línguas nas outras matérias na Plateform,

LANGUAGES IN EDUCATION, LANGUAGES FOR EDUCATION

A platform of resources and references
for plurilingual and intercultural education

mas a abordagem parte das operações cognitivas comuns às diferentes matérias: contar, descrever, enumerar... não do léxico comum!

Para sabermos o nome dos objetos do quotidiano não precisamos das línguas estrangeiras. A ação faz-se na língua materna!

Há tantos estudos sobre o ensino das línguas nos primeiros anos! Mesmo em Portugal!   Já agora... há uma brochura publicada pelo Ministério da Educação que pode ajudar As Implicações das TIC
no Ensino da Língua   (A página da DGIDC com brochuras do PNEP já não está ativa, mas consegue-se aceder com o título)Tantos estudos de grupos internacionais, REDINTER, por exemplo!

Bachelard fala de «terrorismo dos números». Muitas metas (não só estas) são «behaviorismo terrorista»!
E já agora, para os leitores deste blogue: Atingiram todas as metas do 1º ciclo ou têm de voltar à escola?


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

II EMES ASSISES DU FRANÇAIS AU PORTUGAL: DU FRANÇAIS EN CAUSE AUX CAUSES DU FRANÇAIS COLLOQUE INTERNATIONAL

J'anticipe  des extraits de ma communication en construction - Assises du Français

 Assises d’un programme multimodal (et) actionnel de formation d’enseignants de FLE


Je commence par un témoignage personnel qui me permettra d’une certaine façon de définir les termes  multimodal (et) actionnel avant de commencer à expliciter les assises du programme de formation que je propose à APEF.

Je ne suis pas née francophone, la langue  française n’est pas ma langue d’héritage ou d’origine, pour employer des désignations à la mode, elle est  vraiment une langue qui m’était tout à fait étrangère,  peut-être une des premières raisons pour que je l’aie apprise. Je ne l’ai pas apprise précocement. Ceci explique certainement des erreurs phonologiques, lexicales, morphosyntaxiques ! Mais j’ai appris le français quand même ! Parce qu’il y a eu l’empathie avec la langue et les Français. J’ai connu mon amie Nicole à 10 ans, sur la plage à Figueira da Foz. J’ai appris partout. Avec les chansons de  Françoise Hardy et Jacques Dutronc.  J’ai décliné «J’aime la vie» comme   «J’aime le Français». Avec les revues Salut les copains et Mademoiselle âge tendre, j’aimais les histoires des gens, des acteurs et des auteurs. J’ai appris en chantant, en mémorisant chanson et verbes en même temps… J’ai fait un grand effort pour apprendre, mais l’étranger, l’exotique en quelque sens,  m’ a  toujours  attirée et la France de la Liberté était déjà un motif d’intérêt même pour une petite fille née sous Salazar. J’ai partagé avec des correspondants qui sont même devenus des petits amis à distance ! Je suis sortie de la salle de classe avant qu’on ne parle de la mobilité. J’ai fait des voyages, d’abord à partir de la classe, des textes, des affiches des régions de France, des écrivains, des peintres, du rêve... À 19 ans, j’ai entrepris mon premier voyage réel, malgré l’envie de Pide de me retenir au pays ! J’ai appris à penser en français !  J’ai appris le portugais à travers le français. Et l’anglais… Et les autres matières !
Je ne le savais pas, mais j’ai appris à travers une démarche actionnelle et multimodale !
Entrons maintenant dans le vif du sujet et donc  dans la généralisation et dans la conceptualisation de ma démarche.

Je vous propose  10 réflexions qui, de mon point de vue, peuvent être à la base d’un programme de formation des enseignants, si l’APEF garde toujours l’invitation pour que je le coordonne, après cette présentation.  Dix points ça permet au public d’anticiper la fin !http://www.apef.org.pt/actividades.php

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Curso intensivo para operadores de telemarketing...

Calculo que não sejam empregos fáceis! Mas há regras básicas que me parece que não estão a ser seguidas! 
Não tratar pelo nome!
Não tratar por tu ( até recebi uma carta de uma empresa de ótica a tratar- me por tu! Não aceitei o convite para mudar de óculos! E na rádio também acontece!)
Não tratar por você! Tratar por você implica que o interlocutor tem uma posição mais " baixa" na hierarquia social! ( Ela existe! O cliente tem sempre  razão  e ...não compra! ). Significava desprezo! "Você é estrebaria" ! Diria a minha avó que era professora! Claro...  há o " vôcê" com as vogais fechadas e um ritmo sincopado de algumas pessoas " de Cascais" , como se costuma dizer, mas nem todas as pessoas falam assim!  No Brasil é a forma habitual! Com a televisão, o uso em Portugal tornou- se mais frequente, mas .... !
Não tratar por " Senhora Clara" ou  "Senhora Tavares"!
Não tratar por " D. Clara"!

Sr.a D. Clara é a forma neutra mais correta! Quando as pessoas não têm título, é assim que as trato. 
Como em Portugal todos são doutores, na dúvida é melhor dizer Dr! 
Também se aceita "Setor", forma oral abreviada de Sr. Dr., o  que muitos alunos ignoram!
Depois há os senhores Professores e os Senhores Prof. Doutor ou só Doutor ( na escrita, por extenso) para os destinatários que têm doutoramento!

O Sr. António também não responde a telefonemas, ainda o disse na semana passada, na televisão, quero dizer o Sr. Doutor Bagão Félix ( na dúvida, escrevo Doutor por extenso)! 

Já sabem... Ainda há dias, fui abordada, no Centro Comercial Vasco da Gama. Ia com pressa e só ouvi " você!" E a andar murmurei " a tratar por você não vai longe!" Duas pessoas voltaram - se para trás com sorriso e gesto de aprovação. Eu sei que não é bonito falar sozinha em voz alta! Mas às vezes não resisto! 
E houve entendimento! 

Para estrangeiros, este assunto é muito difícil. Mas também para muitos portugueses!
Temos "tu"- segunda pessoa do singular.
Temos "vós" em Trás- os-Montes, por exemplo e no discurso religioso. Segunda pessoa do plural.
Temos "você" " ( uso problemático ) vocês" ( uso menos problemático) terceira pessoa do singular e plural.

E depois temos " a senhora Professora, a Clara, o Manuel, os meus alunos, os senhores professores, os colegas... E terceira pessoa do singular ou plural!
Conjugando o verbo: 

Eu digo, tu dizes, ele, o senhor professor, o Manuel, a Maria, o colega diz ( e pode ser uma terceira pessoa mas podemos estar a falar diretamente com estes interlocutores)! 

E ainda temos "tu dissestes", "tu fizestes", "tu comestes"... Este zumbido de vespa no final é mortal para qualquer candidato a emprego! Digam:  Tu disseste, tu fizeste! 
E já agora : eles hão-de , tu hás-de...
E o verbo haver  com sentido de " existir" só se usa no singular. Assim " existiam muitos alunos matriculados... " ou  " havia muitos alunos"  é a forma correta. Como auxiliar, conjuga- se " eles haviam corrigido os exercícios".



quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Power point e a aplicação Voice do Ipad

Quais as vantagens da aplicação do iPad? Uma das vantagem pedagógica consiste em dar «calor» à apresentação,outra consiste na contextualização. Um dos grandes problemas da divulgação de apresentações de tipo Power Point, Prezzi... é a descontextualização. São feitas para serem apresentadas num contexto multimodal. O corpo do apresentador está presente (ou deveria estar presente) e entra em interação com o público (neurones miroirs)por mais que se diga que «uma imagem vale mais do que mil palavras». É que as palavras do apresentador estão integradas num corpo e as da apresentação são «frias» (mesmo com todos os efeitos especiais)! Ora a aplicação do iPad permite restituir algum calor à apresentação através da voz e permite contextualizar os dados apresentados. Deixei quase no início de fornecer PP aos meus alunos e deixei de as publicar por isso mesmo... E também porque, sendo leitores frequentes de apresentações, tendo deixado de tirar apontamentos (porque tinham acesso às apresentações) escreviam «estilo powerpoint», frases simples, ausência de conetores... E, mesmo oralmente, deixaram de fazer gestos conetores e não verbalizavam as relações temporais e lógicas. Ora, recentes estudos em neurociências mostram a relação empática, relacional e cognitiva que se gera pelos comportamentos de sincronia interativa e de auto-sincronia, sendo a verbalização precedida do gesto - os gestos ajudam a pensar e a encontrar as palavras (se os apresentadores só olham para ecrã ou computador e têm mãos ocupadas com teclado ou comando...). Tenho visto grandes comunicadores do passado a destruírem as comunicações recorrendo ao pp. E em alguns colóquios... tenho de sair da sala. Nas aulas saía do fundo da sala e ia «abanar» os estudantes. Ou então gravava momentos diferentes para os estudantes se aperceberem do papel do corpo nas apresentações. Estão sempre muito preocupados com a imagem (embora nem sempre esta respeito o conceito que pretendem transmitir, como reforço, ancoragem, provocação, humor...). Colocam o texto (umas vezes longo, outras vezes com tópicos com diferentes construções sintáticas...) Mais uns efeitos especiais e... já está! Não é preciso treinar.Está feita! Nos colóquios não posso «abanar» os comunicadores! Ainda poderia ser considerado violência! Só posso sair, mas, mesmo assim, só depois da apresentação concluída! O respeitinho é bonito! Tenho outros post sobre o assunto...

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Facebook e educação

Mais uma preparação de comunicação antes da comunicação no SPCE. Uma aplicação nova, fantástica! Desde que haja conteúdos! Foi feita por curiosidade. O guião foi feito em 10 minutos (a comunicação estava escrita)e passei logo à gravação e quando acabava o tempo ... não repetia! Daí muitos enganos! «Web 2.0» e não «Web 2.6»... Estamos a andar depressa... mas não tanto! Em cerca de 2 horas estava feita! Agora o desafio consiste em repetir o exercício construindo uma apresentação em 4 minutos. Mas não é fácil!

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

MOOC Formation d'enseignants de FLE, au Portugal. MOOC ou un autre format... ? épisode 1

Ayant été nommée responsable de l'organisation d'un programme de formation de professeurs de français, par l'APEF _ Associação Portuguesa de Estudos Franceses (Programme financé par la  FIPF- Fédération Internationale de Professeurs de Français), je rends publique ma démarche. Je pense à haute voix...

Format: classique avec b-leaning,  comme PNEP (Programa Nacional para o Ensino do Português) ?
MOOC ?

Première étape: recherche du format. Je cherche de l'information sur les MOOC (Massive Open Online Courses).
http://blog.educpros.fr/matthieu-cisel/2014/05/06/mooc-de-la-scenarisation-au-teaser/
FUN
http://www.france-universite-numerique.fr/inscrivez-vous-aux-nouveaux-moocs.html
Travailler en Français

Avec le soutien de Miclel Serres, EDUNAO

PRO FLE – Professionnalisation en FLE : Premier appel à candidatures (2013)

http://www.auf.org/appels-offre/pro-fle-professionnalisation-candidature/
http://www.cned.fr/inscription/8PFLEDIX

On trouve ce que l'on ne cherche pas, mais qui peut nous être utile (sérendipité). 


Des oeuvres d'art en haute résolution à télécharger gratuitement et exploitables à des fins pédagogiques

Le Metropolitan Museum of Art de New York offre désormais aux internautes un libre accès en ligne à 400 000 images disponibles en haute résolution. Ces oeuvres peuvent être téléchargées légalement et utilisées dans un cadre pédagogique.

http://www.metmuseum.org/collection/the-collection-online

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Multimodalidade - Aula multimodal sobre multimodalidade

Décès de Louis Porcher ! Merci Monsieur le Professeur !

Louis Porcher est décédé  le 13 juillet 2014. Il a été  une  figure majeure de la didactique, de l’enseignement et de la diffusion du français comme langue étrangère.  Je viens de l'apprendre à travers le FDLM!

Notre « champ » disciplinaire est plus pauvre. 


Probablement le dernier texte publié sans son blog (posté le 8 juin, 2014) m'a fai découvrir le sens et l'emploi de « Thunes ».  Beaucoup de découvertes  grâce à lui. Je cherchais « L' intéressant et le démonstratif », article publié dans les ELA 60, en 1985, quand je suis tombée sur cette triste nouvelle. J'ai beaucoup appris avec lui pendant les séminaires  de DEA, dirigé par Robbert Galisson, dans des colloques, dans des soutenances de thèse, pendant les soutenances de DEA et de   mes deux doctorats. Dans le doctorat de 3e Cycle, il était charmant et enthousiaste. Dans le doctorat nouveau régime, une discussion à trois (avec Galisson) sur la Didactique et « l'esprit de chapelle » m'a un peu (beaucoup)  bouleversée. La rupture entre deux maîtres  allait s'initier ou...  se poursuivre plutôt et se confirmer à ce moment- là. 

Inévitable?
Je l'ai rencontré après dans des Colloques ASDIFLE.  Il m'appréciait, moi j'avais énormément appris avec lui. Un moment bien précis :  Cluny , 1981 : une conversation à propos de ma méthode « Laisser faire, laisser parler »!

Merci Louis Porcher



      

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Videoformação , hoje! As empresas investem e a Escola?

Até que enfim que a formação de professores retoma as linhas da videoformação e do diagnóstico situacional! Investiu-se dinheiro em laboratórios de micro-ensino que foram abandonados dados os fundamentos beavioristas!  E parou-se no tempo! Houve alguns continuadores (onde eu me situo)! Nas empresas pagam-se fortunas (nem imaginam quanto custa uma sessão de PNL!) a «coachs» que utilizam as atividades que nós dominamos há muitos anos e que atualizámos com conhecimentos das neurociências!

TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO PRESENCIAL NA ERA VIRTUAL
13 de junho 2014 | 10h00 - 14h00 | sala 05.1.50
Departamento de Educação, Universidade de Aveiro

Destinatários:
Educadores e professores de todos os níveis de ensino e áreas disciplinares

Conteúdos:
Este workshop baseia-se na auto e videoscopia, como pontos de partida para a
consciencialização dos processos cognitivos, pedagógicos e atitudes assumidas
pelos docentes em contexto de sala de aula.

INSCRIÇÕES EM: http://www.ua.pt/cctic/

quarta-feira, 4 de junho de 2014

«Do "eduquês" ao "ignorantês"», por Maria do Céu Roldão



Um  texto de Maria do Céu Roldão que partilho, com muito gosto:


5 Dezembro 2013
Do “eduquês ao “ignorantês”….
Nas últimas duas décadas foi moda zurzir, com gáudio e impunidade, o conhecimento científico sobre educação – caricaturado na fórmula “eduquês”, amplamernte glosada nos media, como sendo a raíz de todos os males do sistema, a saber: facilitismo, desvalorização do saber científico, simplificação, ludicidade como panaceia, desconsideração do esforço do aluno, perda de autoridade…etc, etc. Como tenho sido uma das e dos muitos autores objeto deste ataque patético, planando ao sabor do populismo mais anacrónico, e tive até honras de citação (incorreta e descontextualizada, por sinal) num livro conhecido de um dos militantes anti-eduquês, tenho há muito vontade de dizer ou perguntar duas ou três coisas…não de argumentar a valia de um saber indispensável, porque para debater ideias é preciso que elas existam e se sustentem dos dois lados em confronto, o que não é o caso.
Na academia, onde a Educação é um território de conhecimento reconhecido há mais de um século, em contextos tão respeitáveis como Harvard, Chicago ou Oxford, podemos, e muitos o temos feito, argumentar nesse plano. Mas para os comentadores encartados e para os media, que lhes dão espaço e voz, nunca valeria a pena: o discurso científico “não interessa nada” como diria uma conhecida apresentadora de reality shows...E nem vende…. O que interessa é o sangue, o vilipêndio, as simplificações que dispensam as cabeças de pensar e alimentam os ódios insensatos, continuando a empurrar-nos para abismos de cegueira.
O saber sobre educação – pedagogia, ciências da educação no interior das ciências sociais, ou ciência da educação, dependendo das matrizes de análise e das tradições culturais e epistemológicas – é tão só o primeiro passo na indispensável rutura com o senso comum antigo que atribui a capacidade de ensinar a qualquer um que saiba algum assunto e tenha algum jeito, ou carisma, para comunicar. Como todos nos lembramos, até finais do séc. XIX, bastava pouco para ser professor, geralmente em tempo extra – alguma cultura ou saber, acrescido de uns pozinhos ideológicos a gosto do tempo: ser um crente confiável nos tempos mais antigos, uma pessoa respeitada no meio pelo seu saber e bom comportamento quando começa a sentir-se a premência da alfabetização (o farmacêutico, o pároco ou as mestras).
Rutura idêntica se passou, embora noutro ritmo e tempos, com os médicos – na pré-história da profissão médica, barbeiros, curandeiros e outros jeitosos na arte de curar, faziam esse papel como podiam e sabiam. É com o reconhecimento de um saber próprio e complexo, necessário para tratar e curar devidamente, que o joaosemanismo e o senso comum bem intencionado se esbatem em favor de uma atividade profissional fundada sobre rigoroso saber específico - raíz e legítimo fundamento do poder ganho por esta classe profissional nas sociedades modernas .
É com a criação da escola, instituição curricular destinada ao ensino público (mesmo quando financiada por privados), que nasce o reconhecimento da especificidade do conhecimento requerido para ensinar, e a existência de requisitos de formação para os professores. Mas como não se lida com a vida e a morte - embora se tenha o poder de abrir ou fechar o caminho para vidas mais dignas - o controlo social sobre o saber profissional do professor é mais ténue.
E aí estão os corifeus do ataque a dizerem trocistas que “quem sabe ensina” – e mais nada. Para quê floreados acerca do COMO ensinar, de COMO aprendem os alunos, de que ESTRATÉGIAS serão ou não eficazes?...Felizes com a simplificação, aí andam a opor conhecimento a competência, matérias a compreensão, memorização a raciocínio…Como se no mundo do conhecimento educativo não fossem justamente essas as questões que se estudam e se aprofundam. Mas eles não sabem. Nem acham preciso saber. Os próprios professores, custa-me dizê-lo, embarcam muitas vezes neste prós e contras primário do que deve ser o saber que nos distingue e nos valoriza - já não são os conteúdos? só processos? ou o oposto? ou ambos? competências? capacidades? então? ....ao sabor de legislação, mais que do SEU saber científico próprio
Ser professor consiste em ensinar porque se sabe ensinar. E para isso, é preciso saber o que se ensina (o conteúdo, sim sempre - quando é que alguém disse o contrário?) , e, bem mais complexo, saber como ensinar conforme aqueles a quem ensinamos .
Aí se situam o saber pedagógico, curricular, didático, distintivos desta ação, fundados nos saberes da psicologia, da sociologia e da organização do trabalho – pelo menos. Tudo isso constitui o corpo dos saberes educacionais indispensáveis a esta profissão, riquíssimos, difíceis e complexos. O que os que pouco sabem chamam de “eduquês”. Como se fosse uma farsa discursiva….
E assim o “ignorantês” que vem sustentando o ataque ao alegado “eduquês” parece preferir o louvor cego da “matéria” bem memorizada ( e que tal também compreendida? E como se faz isso? Talento inato? Ou aprende-se, é difícil, e requer MUITO saber..?). Não sei se já deram conta que estamos na era do saber síncrono e das ciências da cognição, de que aliás os professores ainda sabemos muito pouco... O ignorantês parece desprezar que se saiba essa tontaria de “como ensinar”; ensinem e pronto….back to the past – um passado bem antigo e marcado pela ausência de conhecimento… mas onde é fácil dizer que um - ou talvez dois - dos nossos professores era talentoso. Pois era, que bom… Talentos naturais sempre houve. Mas nem só de talento natural se faz um profissional…e muito menos uma profissão respeitada. Imaginem os médicos só na base dos talentos e da intuição..quem quereria ser tratado?...
E contudo, nesse passado da história da educação e dos professores, houve gente que pensou e visionou, para além do seu tempo, esta complexa função de ENSINAR que nos distingue. Que é seriamente estudada e investigada em centenas de universidades em todo o mundo. E que vozes desinformadas e fúteis do século XXI tratam como se fosse negligenciável. No século XVII – para quem o souber ler - escreveu Vieira, com preclara finura:
“O Mestre na Cadeira diz para todos; mas não ensina a todos. Diz para todos porque todos ouvem; mas não ensina a todos, porque uns aprendem e outros não. E qual é a razão desta diversidade se o Mestre é o mesmo e a doutrina a mesma? Porque para aprender não basta só ouvir por fora, é necessário entender por dentro. Se a luz de dentro é muita, aprende-se muito; se pouca, pouca; se nenhuma nada.”
António Vieira, Sermões


quarta-feira, 14 de maio de 2014

Homenagem a um Professor

Texto que  deu origem a apresentação oral  na cerimónia de inauguração do busto de Homero Pimentel, em Arganil, há alguns anos e que torno público nas redes,  na comemoração do centenário do seu nascimento. 

Homero Pimentel: um professor com sucesso


Ao escrever este artigo hesitei no título… Podê-lo-ia ter intitulado: «Credo meninos credo! Tanta ignorância!» ou «Colégio de Arganil: uma escola privada democrática antes da democratização da escola pública» ou ainda: «De como um professor transforma alunos condenados ao insucesso em alunos de sucesso».

            São estes os tópicos que abordarei na minha singela homenagem ao Dr. Homero. Procurarei abordá-los não de uma maneira passadista, mas situando-os em relação a alguns temas que são objecto de discussão, quando, hoje, falamos de educação.

 Retomo a exclamação que todos os alunos do Dr. Homero ouviram e certamente não esqueceram: «Credo meninos credo! Tanta ignorância!». Também, agora, ouvimos referências à ignorância dos nossos alunos. Será então de procurar «modelos», procurar «boas práticas» que conseguiram vencer a «ignorância». Homero Pimentel era um professor «mestiço», no sentido que é dado a este termo pelo filósofo francês  Michel Serres: um «mestiço» de cultura humanística, artística e científica. Foi professor de quase tudo: Latim, Grego, História, Filosofia, Francês…Explicador (para todos e gratuitamente) de quase todas as disciplinas.  No Colégio de Arganil fazia-se o que hoje se poderia designar de «estudo acompanhado». Até apanhei reguadas porque tive negativa a Matemática! Mas ensinou-me a aprender Português e ensinou-me a APRENDER Matemática e todas as outras disciplinas. Com ele, desenvolvi «competências de aprendizagem». Com a vasta cultura que possuía, levava-nos a contextualizar conhecimentos, a relacionar, a descobrir «Os Lusíadas». Com que emoção lia o episódio de Inês de Castro ou com que vivacidade e humor explicava a «Ilha dos Amores»! Levou uma geração  de meninos que nunca teria saído das suas terras a Atenas, a  Creta, a Roma, a viajar nos países que ele próprio nunca teve a oportunidade de conhecer. Michel Serres refere que «aprender é viajar»: foi uma viagem que todos nós fizemos. Viagem, no tempo e no espaço dos conhecimentos, antes da «sociedade do conhecimento».
Viagens «à vila» nos dias em que éramos «corridos». «Fujam meninos fujam…» Era a maneira exagerada como manifestava a sua impotência para combater a nossa «ignorância». O carinho e o humor que se seguiam a estes momentos de forte emoção depressa nos faziam esquecer o episódio. Ou, talvez não… «ser corrido» significava «ser crescido» e implicava a partilha de emoções, a solidificação de laços de grupo, a disponibilidade para descobrir os outros. È evidente que estas práticas têm de ser situadas no contexto dos anos 50 e 60. Numa sociedade em que nós os pais consideramos que os nossos meninos têm sempre razão e em que os trabalhos de casa estão no banco dos réus não será de estranhar algumas reacções a este elogio? Mas como explicar a nossa vontade de participar nesta homenagem ao Dr. Homero?
O Colégio de Arganil foi uma escola privada democrática antes da democratização da escola pública. Nele conviveram muitos alunos, alguns marcados por um percurso de insucesso em liceus e outros colégios e muitos outros que pertenciam a  um meio económico, social e cultural que os teria condenado ao insucesso. E fomos muitos os que tivemos sucesso. Homero Pimentel constitui um exemplo a seguir pelo rigor do seu trabalho, pelo seu entusiasmo generoso nas relações humanas, pelo seu respeito pelos outros, pela sua sensibilidade, pela sua cultura humanística, pela sua extrema modéstia.

Com o Dr. Homero aprendemos  a conhecer, aprendemos a fazer, aprendemos a aprender e aprendemos a SER: «pilares  da aprendizagem» para a sociedade do conhecimento» apontados no relatório da  UNESCO da Comissão Internacional para a Educação no Século  XXI,  coordenada por Jacques Delors.
No que me diz respeito, tive a sorte de ter outros «modelos» de professor na família, mas, certamente, foi por sua causa que me tornei professora de Português e de Francês e muitos exemplos de «boas práticas» que apresento aos professores que tenho formado aprendi-os no Colégio Alves Mendes. Obrigada Dr. Homero.      



terça-feira, 1 de abril de 2014

Ir à escola para aprender a ler, escrever e googlar

Ir à escola para aprender a ler, escrever e googlar é o título da peça assinada por  João Pedro Pereira, Maria João Lopes, Samuel Silva e  publicada  no P 2  A Escola num  Ecrã, suplemento do jornal Público, do dia 30 de março de 2014.

Mais uma vez o Público interessa-se pelas «zonas de proximidade entre a Escola e os média» tema sobre o qual me tenho debruçado durante muitos dias da minha vida. Tema com actualidade conjuntural, educacional, social (e política)!  
Não posso, no entanto,  deixar de constatar a falta de memória do Ministério da Educação. E como fui paga pelo Ministério da Educação para, integrada numa equipa,  construir um modelo de formação e dinamizar formação de professores, no sentido de estes utilizarem as tecnologias para  levarem os alunos a aprender a ler e a escrever  ou para aprender «googlando», para parafrasear o título da peça, pretendo  contribuir com este post  (e intencionalmente escrito sob a forma de post a enviar por email  também ao ME , à Fundação Gulbenkian e à  direção do jornal Público)  para um melhor conhecimento do «património» do Ministério da Educação.
«Será que existem conteúdos que cobrem todas as áreas e níveis de ensino?» questiona o responsável pelos Recursos e Tecnologias Educativas da Direção- Geral da Educação, José Moura Carvalho, na referida peça.
«Já não houve dinheiro para fazer mais formação» (no Plano Tecnológico da Educação), refere o mesmo responsável.
E aqui permito-me responder que há conteúdos  e houve formação (pelo menos em Português, embora não no PNE)  e, como o Português está nas outras matérias, nomeadamente quando se recorre às tecnologias, como sublinham estudos internacionais e como revelam análises de provas de exame do ME,  a resposta é, por isso, afirmativa.   

Houve um programa que  foi criado pelo Despacho nº 546/2007. Tratou-se e trata-se do PNEP (porque ainda há professores «pnepianos», como eles próprios se designavam e designam, que estão nas escolas). No âmbito do ponto 15 deste Despacho,  pode ler-se que o Ministério assegurava: «A manutenção de um sítio na Internet para disponibilização de conteúdos produzidos no âmbito do Programa, em articulação com a Comissão Nacional de Coordenação e Acompanhamento» (CNA). No ponto 18, competia à CNA «e) construir e divulgar brochuras, em suporte de papel e on line que funcion(assem) como como organizadores de formação para os domínios necessários à implementação do Programa;», e ainda (neste âmbito das tecnologias) «i) desenvolver e alimentar uma plataforma de comunicação(…) j)construir e divulgar materiais didácticos, em suporte papel e on line…».
Pelo mesmo despacho, fui nomeada para  integrar a CNA do PNEP  e, dada alguma experiência em dispositivos de blearning associados à formação em Didática das Línguas- Culturas, passei a ser  (juntamente com Luís Filipe Barbeiro) responsável, no PNEP, pela formação no domínio das tecnologias.  

A CNA foi coordenada por Inês Sim-Sim, Professora Coordenadora do Instituto Politécnico de Lisboa. Como se pode ler  na sua obra Desenvolvimento Profissional no ensino da língua. Contribuições do Programa Nacional do Ensino do Português, obra publicada em 2012 pelas Edições Colibri/Instituto Politécnico de  Lisboa (e, claro nos Relatóros do PNEP entregues no ME), este programa abrangeu 8333 professores do 1º Ciclo, sendo que 468 se tornaram «formadores residentes» (bolsa de formadores nos agrupamentos) (p. 37).  Formadores e formando dinamizaram os agrupamentos, tendo o PNEP produzido efeitos no pré-escolar e no 2º Ciclos. Em 2009 - 2010, terminou oficialmente o programa.

Do programa  do PNEP constava o conteúdo seguinte: «(iv) A utilização do computador como recurso de aprendizagem da língua por adultos e por crianças, contemplando as seguintes dimensões: dispositivos tecnológicos e comunicativos (páginas pedagógicas, blogues, enciclopédias,…) Arquitectura do hipertexto (processos de coerência discursiva) e operações cognitivas. Usos dos suportes e linguagens pelas crianças e aprendizagens colaterais. Exploração dos recursos da rede. Produção de materiais em formato electrónico» (Sim -Sim:  23).

Passando aos produtos ou às marcas visíveis deste programa,
A  primeira marca é  a brochura publicada pelo ME, Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, em  2011 . As implicações das TIC no Ensino da Língua, já depois do encerramento do programa. A brochura, sob formato provisório, ficou acessível on line em  2007-2008.  
Autores
Clara Ferrão Tavares e Luís Filipe Barbeiro
A brochura está disponível num site  descontinuado  da DGIDC (e portanto desqualificada, como todas as outras e o próprio Programa) do Ministério da Educação. No  ME está no «Histórico» em «Outros projetos».

Nela podem ler-se as seguintes palavras do  Director-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular, em 2011, Fernando Egídio Reis:
«As Implicações das TIC no Ensino da Língua apresenta as questões fundamentais relativas à implicação das tecnologias na comunicação e na aprendizagem, no ensino da leitura e no ensino da escrita.
Para além de propor uma reflexão sobre a forma de potenciar o uso das tecnologias de informação e comunicação no 1.o ciclo, a brochura apresenta actividades quetêm como objectivo a melhoria do desempenho dos alunos na comunicação, na leitura e na escrita.»


A brochura começa por justificar as tecnologias no âmbito do PNEP, podendo ler-se na introdução:

«As tecnologias estão hoje presentes no nosso quotidiano contribuindo para o desenvolvimento das sociedades. Os discursos sobre as relações entre a escola e as tecnologias são, no entanto, contraditórios. Se, por um lado, se responsabilizam as tecnologias (e os media) pela perda de hábitos de leitura e de trabalho das crianças, por outro lado, considera-se que basta equipar todas as escolas com computadores e acesso à Internet para que as crianças aprendam. Para uns, ainda, as tecnologias são uma moda e a proposta de um módulo sobre tecnologias num programa sobre ensino da língua materna desvia-se das prioridades que a Escola deve estabelecer: « ensinar a ler e escrever ». Outros, pelo contrário, deixam-se fascinar pela novidade e pelo carácter ludo-educativo de determinados jogos informáticos ou de determinadas páginas Web. E outros, finalmente, consideram inútil integrar as tecnologias na Escola já que as crianças as dominam com mais facilidade do que os pais ou os professores.
Ora, se as tecnologias colocaram a informação à disposição de todos os cidadãos, nem todos os cidadãos exploram as potencialidades das ferramentas e dos dispositivos tecnológicos. Por esse motivo, a Escola deverá mediar o processo de transformação da informação em conhecimento. Com efeito, o acesso na Escola aos computadores e à Internet pode atenuar os efeitos das diferenças de meios de acesso derivadas de factores sociais, culturais e geográficos.
Os computadores – e sobretudo a Internet – abriram a Escola a outros espaços. As crianças podem «sair da sala» e visitar bibliotecas, museus, jardins, cidades, aldeias, em Portugal, na Europa, no Mundo. As crianças podem, assim, ser como «Magalhães» e ir bem mais longe no seu desenvolvimento…
(…)
Pretende-se, com a brochura e a formação que esteve na sua origem responder à seguinte questão:
“ Como utilizar as tecnologias para desenvolver competências em Língua Portuguesa – nas crianças?
Para poderem desenvolver essas competências nas crianças, considera-se necessário que os professores:
·        Utilizem instrumentos de referência e materiais on-line para a planificação das suas aulas;
·        Integrem hipertextos nas actividades a propor;
·        Acompanhem as crianças nos seus processos de pesquisa, construindo itinerários de pesquisa;
·        Seleccionem sítios informáticos destinados a crianças em função de projectos pedagógicos;
·        Construam actividades pedagógicas adequadas ao desenvolvimento das cinco competências referidas no Currículo Nacional, servindo-se dos recursos disponibilizados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Embora esta brochura vise desenvolver nos formandos competências de natureza instrumental (a capacidade de explorar as potencialidades pedagógicas da utilização do computador), não se centra em competências e conhecimentos de natureza tecnológica; não é um módulo de informática (…)»

E depois … a brochura procura que as crianças leiam, escrevam, partilhem o que leram e o escrevam, viagem no conhecimento para adquirir mais  conhecimento…



O segundo plano em que o PNEP  teve implicações  na formação em tecnologias  foi visível  através da criação da plataforma da DGIDC  e 4 plataformas em  4 ESE  (Coimbra, Lisboa, Porto e Santarém) em 2006-2007. Essas plataformas foram geridas pelo Ministério e dinamizadas pelos membros da CNA.
Nos anos seguintes, todas as instituições de ensino superior envolvidas, os agrupamentos e as escolas acabaram por criar também plataformas.
Paralelamente os blogues, as webquest, os wiki , vídeos desenvolveram-se de forma absolutamente espantosa. Alguns artigos foram produzidos  sobre o número e qualidade dos blogues. Hoje, ainda, qualquer pesquisa num motor de pesquisa revela a relevância das ferramentas e dispositivos que os formandos aprenderam a dominar.
O «encerramento» do PNEP deu mesmo origem a campanhas de alunos e professores. Um exemplo no Facebook: Volta PNEP

A referência PNEP pode ter-se perdido em muitos casos, mas se se consultarem, hoje, actividades realizadas por  alunos e professores, as marcas do PNEP, estão lá.

 Um terceiro plano em que as marcas são visíveis pode ver-se na produção científica e nos traballhos académicos. Por exemplo,
Célia Lopes, Maria Manuel Santos, Ricardo Antunes   A criação de blogues no âmbito do
INTERNET LATENT CORPUS JOURNAL
VOL. 2 N. 2 (2012) ISSN 1647-7308



E por último,... é preciso dar a palavra às crianças:




Ou ainda

PNEPAR é...
Aprender coisas novas
Estudar a brincar
Decorar lengalengas
Melhorar a ortografia
Ler a brincar
«Pnepar» é
Aprender a rimar
Brincar com os livros
Dar asas à imaginação
Gostar de ler e escrever
Falar de forma formal
Descobrir coisas novas
Ouvir histórias
«pnepar» é 
Brincar com as palavras
Sonhar com as letras
Viajar com os livros...
Correr o Mundo...
Os Pnepianos Juniores (3º e 4ºanos)
EB1 de Tentúgal.

A articulação entre conteúdos e formatos «tradicionais» e digitais é bem visível nestes exemplos simples de quem gosta da Escola.

Houve  Planos politicamente mais visíveis, como os referidos na peça, mas já agora… Se o Ministério da Educação e a Gulbenkian estão a preparar projectos-piloto, por favor… não ignorem o que foi feito! 

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Antígona e eu

É  muito mais simples adotar um pseudónimo. Há uns anos, não deixaria que se confundissem os dois «eu», agora... até os exponho! São as diferenças que os novos dispositivos comunicativos geram na nossa maneira de ser. Com vantagens e desvantagens! Em Sugestopedia... fui Maureen Mac Queen, reporter de moda... Assim não era a Clara Ferrão que dava erros enquanto aluna! Na história da Educação encontramos «dispositivos pedagógicos » que precederam os tecnológicos e digitais... 


Facebook e Educação

Perguntam-me, algumas vezes, com alguma incredulidade: «Tu estás no Facebook

Claro!Estou no Facebook, como a minha professora no Liceu Infanta D. Maria, Maria da Conceição Sarmento, com uns bons 80 aninhos, está!
Por questões ligadas ao perfil pessoal e de professor:

Utilizei nos anos  70, quando andava na Faculdade, nas aulas que dei num Instituto de Línguas, o primeiro método para o ensino do Francês: «Voix et images de France». Diapositivos e gravador de fita.
Depois o episcópio. Para mostrar publicidades, fotos...
Os acetatos... utilizei... mas eram para professores preguiçosos e com dificuldades de expressão...
Depois interessei-me pela televisão.   Sobretudo pela televisão grande público, com mais implicações pedagógicas do que a «educativa»!
Depois power point ( sobretudo enquanto suporte multimodal!) . Para texto... aplica-se o mesmo comentário que para os acetatos...
E exploração de «sites».
Utilização do Moodle!
Criação de blogues...
Cheguei à virturealidade e realidade aumentada!
E sempre o quadro tradicional (pelo dinamismo que implica e complementaridade com a oralidade, gestão em simultâneo do tempo, multimodalidade!)
Então não haveria de utilizar o Facebook???

E porquê?


  • porque sou narcisista, pouco modesta e gosto de ver as minhas fotos... e as pinturas de Antígona! (é uma montra.... o espaço onde nos mostramos «reparem como sou bonita e inteligente...».Muito cuidado! É a montra, o CV para o emprego! )!
  • porque adorei retomar o contacto com os meus ex-colegas do colégio!
  • porque adorei reencontrar namoradinhos,  amigos e colegas «perdidos» no espaço e no tempo...
  • porque  sou professora: adoro ver os posts dos meus ex-alunos! A avaliação das instituições se passasse pelo facebook seria diferente. Aceito todos os ex-alunos! Estão quase todos empregados! Escrevem bem! Mesmo aqueles que davam tantos erros ortográficos... até já não dão! Interessam-se por política, por cinema, por literatura,  por movimentos sociais, envolvem-se na comunidade, cresceram bem! Se , de algum modo, contribui para isso fico muito feliz! Melhor avaliação a longo prazo seria difícil obtê-la de outro modo!
  • porque aprendo todos os dias. « A cultura dos média é «mestiça», como costumava dizer aos meus alunos retomando a designação do filósofo francês Michel Serres! Através do facebook relembro filmes que vi, escritores que li, pinturas que vi. Regresso a alguns museus!  A minha memória agradece! O passado funde-se com o presente através das tecnologias! E descubro muitos escritores que nunca li, poemas que nunca ouvi, atores que nunca vi, pintores de quem nunca tinha ouvido falar!
  • porque desabafo! Tenho direito à indignação e digo o que penso, claramente (no meu caso, já não posso perder o emprego, aconselho os meus ex-alunos a não fazerem o mesmo!»).  
  • porque serve para a «comunicação pedagógica» formal e informal!
  • porque é uma comunicação imediata, muitas vezes!
  • porque alia razão e emoções!
  • porque alia palavras à multimodalidade!
Por isso tudo e muito mais... 


  

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Pleonasmos...

Recebi hoje, no email, este post. Não conheço o autor, mas acho que, hoje, já «pleonasmei»! 
«Todos os portugueses (ou quase todos) sofrem de pleonasmite, uma doença congénita para a qual não se conhecem nem vacinas nem antibióticos. Não tem cura, mas também não mata. Mas, quando não é controlada, chateia (e bastante) quem convive com o paciente.
O sintoma desta doença é a verbalização de pleonasmos (ou redundâncias) que, com o objectivo de reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido quase sempre patético.
Definição confusa? Aqui vão quatro exemplos óbvios: “Subir para cima”,“descer para baixo”“entrar para dentro” e “sair para fora”.
Já se reconhece como paciente de pleonasmite? Ou ainda está em fase de negação? Olhe que há muita gente que leva uma vida a pleonasmar sem se aperceber que pleonasma a toda a hora.
Vai dizer-me que nunca “recordou o passado”? Ou que nunca está atento aos “pequenos detalhes”? E que nunca partiu uma laranja em “metades iguais”? Ou que nunca deu os “sentidos pêsames” à “viúva do falecido”?
Atenção que o que estou a dizer não é apenas a minha “opinião pessoal”. Baseio-me em “factos reais” para lhe dar este “aviso prévio” de que esta “doença má” atinge “todos sem excepção”.
O contágio da pleonasmite ocorre em qualquer lado. Na rua, há lojas que o aliciam com “ofertas gratuitas”. E agências de viagens que anunciam férias em “cidades do mundo”. No local de trabalho, o seu chefe pede-lhe um “acabamento final”naquele projecto. Tudo para evitar “surpresas inesperadas” por parte do cliente. E quando tem uma discussão mais acesa com a sua cara metade, diga lá que às vezes não tem vontade de“gritar alto”“Cala a boca!”?
O que vale é que depois fazem as pazes e vão ao cinema ver aquele filme que “estreia pela primeira vez” em Portugal.
E se pensa que por estar fechado em casa ficará a salvo da pleonasmite, tenho más notícias para si. Porque a televisão é, de“certeza absoluta”, a “principal protagonista” da propagação deste vírus.
Logo à noite, experimente ligar o telejornal e “verá com os seus próprios olhos” a pleonasmite em directo no pequeno ecrã. Um jornalista vai dizer que a floresta “arde em chamas”. Um treinador de futebol queixar-se-á dos “elos de ligação” entre a defesa e o ataque. Um “governante” dirá que gere bem o“erário público”. Um ministro anunciará o reforço das “relações bilaterais entre dois países”. E um qualquer “político da nação”vai pedir um “consenso geral” para sairmos juntos desta crise.
E por falar em crise! Quer apostar que a próxima manifestação vai juntar uma “multidão de pessoas”?
Ao contrário de outras doenças, a pleonasmite não causa “dores desconfortáveis” nem “hemorragias de sangue”. E por isso podemos “viver a vida” com um “sorriso nos lábios”. Porque um Angolano a pleonasmar, está nas suas sete quintas. Ou, em termos mais técnicos, no seu “habitat natural”.
Mas como lhe disse no início, o descontrolo da pleonasmite pode ser chato para os que o rodeiam e nocivo para a sua reputação. Os outros podem vê-lo como um redundante que só diz banalidades. Por isso, tente cortar aqui e ali um e outro pleonasmo. Vai ver que não custa nada. E “já agora” siga o meu conselho: não “adie para depois” e comece ainda hoje a“encarar de frente” a pleonasmite!
Ou então esqueça este texto. Porque afinal de contas eu posso estar só “maluco da cabeça”».

Se souberem quem é o autor, digam-me por favor!

«Intertextualidades»: Exposição de pintura de Antígona/Clara Ferrão

Está patente, até 6 de janeiro de 2024, no Centro Cultural Penedo da Saudade , do Instituto Politécnico de Coimbra, uma exposição de pintura...