segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A WEB morreu... viva a Internet

Este é um assunto discutido pela revista Wired que pela segunda vez declara a morte da WEB, não da Internet.
Como imigrante digital que se quer integrar, sempre vou tentar explicar, com a ajuda do Público de ontem ( Texto de João Pedro Pereira ) o que se está a passar.

Primeiro não se pode confundir Internet com WEB... A Internet é a rede que permite que o correio elecrónico (que não é WEB) , o Messenger, o Skype existam ... e que a Web ... quer dizer os documentos interligados (em vários formatos) circulem. A Internet contem a Web.


E a morte anunciada poderá dever-se ao facto de o iPhone e o iPad já não precisarem da Web, trazendo aplicações, umas gratuitas, outras que se compram e que agregam directamente os dados. Se eu disser asneiras, corrijam-me. Estou a fazer as primeiras experiências com um iPad na mão. Estive a ler umas páginas de «A relíquia» de Eça de Queirós (artigo específico sobre a leitura em preparação). Como ? Fui buscar um ibook gratuito. Tratou-se de uma aplicação da Apple, poderia ser do Kindle (da Amazon). Aplicação é o termo chave. Depois... quis encontrar uma casa para comprar no Algarve. Devo confessar que não encontrei muitas na aplicação do «Sapo». Procurei informar-me sobre o halogéneo. Não fui à Wikipédia. Recorri a outra aplicação. E achei piada ...as lâmpadas moviam-se... E para descansar??? os olhos estiva a brincar com uns peixinhos dentro de água, através de outra aplicação.

Portanto ... se bem percebi o iPad não preciso de browser... mas como poderei mover o meu blogue para uma aplicação? Agora que, depois de ter escrito sobre blogues e sobre a web 2.0, encontrei tempo para «alimentar» um blogue será que já tenho de migrar para novo dispositivo comunicativo? Que vai morrer efectivamente? Não querem partilhar comigo o que sabem sobre este assunto?

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pasárgada e as tecnologias

Decididamente... tenho de fazer uma pausa e ir arejar para ficar mais espertinha: Aceitar ume invitation au voyage. É um conselho de bom senso, mas vem no The New York Times de hoje: Novas ideias... só depois de uma pausa do digital.

Olhares

Os estudos do Poynter Institute foram os primeiros estudos de usabilidade que conheci. Analisei com os estudantes a metodologia de captar e estudar o olhar (estudos de eye track). Vários estudos de eye tracking foram feitos sobre a maneira como lemos jornais, em papel e on line, sobre a maneira como usamos um sítio (cf.Anacom, para dar um exemplo português), como nos deslocamos e olhamos para diferentes produtos num supermercado ou como utilizamos o iPad, videojogos ... Apesar das implicações pedagógicas deste dispositivo, tenho tido dificuldade em encontrar estudos em educação e nomeadamente em elearning. Encontrei hoje esta referência que quero partilhar com os meus estudantes reais e com os que forem aparecendo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Mega-agrupamentos, hospitais, serviços e comunicação não-verbal

Escolas grandes substituem escolas pequenas. Ecrãs de computador surgem nas aulas, nas mesas de cada aluno... Janta-se em frente à televisão. E o olhar? O olhar faz parte da estrutura da sequência interactiva. Muitas vezes não completamos uma frase sem antes termos obtido o olhar do nosso interlocutor. Começa-se a dizer: «A comunicação resulta de um processo.... » gesto ilustrativo de uma bola... e depois do olhar do interlocutor, vem a palavra «global ». O olhar integra o que Slama Cazacu designa como «sintaxe mista». Desempenha uma função reguladora da comunicação, mostra que quem nos olha nos está a ouvir, ou ainda a nossa vontade de intervir... Desempenha além disso uma função afectiva.

Com um Magalhães à frente, a criança deixa de nos ouvir, deixa de ouvir o professor, os colegas... e deixa de saber olhar e de interromper e de completar um enunciado do adulto. Nas escolas pequenas ... ainda se vai cruzando nos corredores e vai olhando... se os pais não o ensinaram desde pequenino a «não olhar para estranhos»... Também não brinca e não olha para os outros meninos, quando joga à bola, na rua, porque já não se brinca na rua.

À hora de jantar, há grande possibilidade, em muitas casas, de não se sentar à mesa, porque até come antes qualquer coisa ou ... com um tabuleiro à frente... a ver televisão.

Cresce sem ver os outros. Na faculdade tem à frente o computador, o iPod, o iPad , consulta o email, Twitta... vê distraidamente a apresentação projectada. Ignora o professor e os colegas...

Vai chegar ao mercado do trabalho e exigem-lhe competências sociais, competências comunicativas... Como vai fazer então para as adquirir?

Não adquire e isto explica talvez a maneira como se é atendido em serviços vários e até num Hospital, para falar de uma experiência recente e dolorosa.

A culpa não está nas tecnologias mas nos usos que estamos a fazer delas.

Se não podemos não comunicar (Watzawick) será que estamos a criar uma sociedade que comunica a vontade de não comunicar. Que sociedade será esta!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Lie to me - Os gestos na comunicação interpessoal

Segundo Paul Watzawick, não se pode não comunicar. Serão os gestos monosémicos, universais... ou serão marcados pelas culturas e os contextos? Trata-se de um assunto discutido nas minhas aulas «reais». A Escola de Palo Alto realizou vários estudos sobre a comunicação não verbal, insistindo, muitas vezes, na dimensão cultural e contextual da comunicação não verbal. Com base nos trabalhos de P. Ekman, investigador dessa Escola da Califórnia que se interoga sobre os gestos, o canal Fox está a transmitir uma série muito interessante «Lie to me». Apesar das dimensões contextuais serem algumas vezes apagadas e as interpretações serem por vezes demasiado lineares, trata-se de uma série a ver. Até por se tratar da mediação da investigação científica em televisão e pela adopção de um formato narrativo para a difusão de saberes. E pelas implicações em educação.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A morte dos livros físicos? A morte da Escola?

Nos últimos dias, estamos a ser confrontados com declarações que questionam o nosso futuro. Nicholas Negroponte considera que o livro «físico» vai ser substituído dentro de cinco anos, mesmo que não morra ainda.
Bill Gates vai mais longe e dá o mesmo período de tempo para uma mudança que poderá pôr em causa, ou talvez não, a nossa identidade de educadores. Para Bill Gates a melhor educação virá da WEB.


Repetidamente ouvimos proclamar a morte dos livros. Muitos livros são destruídos porque não cabem nos armazéns, muitos livros não são lidos porque ficam escondidos nos escaparates. Mas ... outros livros surgem todos os dias. Todos os dias aparecem novos autores, nomeadamente os autores da televisão que nem sempre são jornalistas nem escritores... embora haja excepções. E há mais leitores, nomeadamente, para esses livros. E as crianças estão possivelmente a ler mais livros.

Antes de ler o primeiro livro no iPad, o que irei fazer brevemente, gostaria de falar sobre a questão do tempo na leitura. E do prazer de ler apesar de, por vezes, um prazer ser «ter um livro para ler e não fazer». Porque a leitura pode ser «maçada», implica tempo para relacionar, para voltar atrás, para descobrir. Mas... é nesta descoberta que está o prazer, no folhear, no marcar, no reler, no passar páginas... Portanto ler implicar «entrar» no texto. É evidente que há livros e autores que estão na moda e que não exigem tempo. Em qualquer manhã, em qualquer praia, mesmo com vento, consegue ler-se um livro. Também os leio. Mas o prazer é efémero. Fica enrolado nas ondas.

Onde farei a minha primeira leitura no iPad? Em qualquer lado, como diz a publicidade. Quando? Em qualquer momento. Diz a mesma publicidade.
Como? Em quanto tempo? Como vou substituir o prazer de dobrar a página superior direita quando encontro alguma ideia, alguma frase que quero voltar a reler, a saborear- não não a quero encontrar numa listagem, nem quero ter um livro de significados em formato electrónico... quero guerrear-me com o sentido do termo desconhecido ... e o gosto do folhear como será gerado pelo multitouch? Como não quero que a minha primeira experiência de leitura no iPad (ou no Kindle) seja contaminada por preconceitos... vou deixar a resposta para mais tarde.

E a morte da Escola, dos professores, a autonomia do aprendente que deixa de precisar de mestre... quantas vezes a temos ouvido? Mas continuamos a ter mestres, até mestres das tecnologias, sentados em cenários escolares, rodeados dos objectos simbólicos das escolas e que curiosamente... adoptam, muitas vezes, formatos expositivos escolares. Mais uma vez ... o tempo da reflexão é necessário. E a Escola é quase a única instituição que dá tempo aos alunos para aprenderem o que os professores ou a WEB ensinam. E que também lhes dá as ferramentas cognitivas para não se perderem, para «sairem do ninho» (como diz Michel Serres), para viajarem. Educadores precisam-se na Escola e na WEB.

«Intertextualidades»: Exposição de pintura de Antígona/Clara Ferrão

Está patente, até 6 de janeiro de 2024, no Centro Cultural Penedo da Saudade , do Instituto Politécnico de Coimbra, uma exposição de pintura...