- Didáctica do Português - Porto Editora
Ateliê de poemas
Um Sonho
Olha que coisa esquisita
Esta conversa de dois irmãos
Um diz "Onde está o gato?"
O outro "O que é feito da Sereia?"
No quarto 2100
Do grande hotel peregrino
Regulamento diz:
Janelas abertas à noite
Só para os meninos educados.
— Mas... o que é isto?
— Uma moeda a avionar?!
— É o limpa-palavras a brincar.
— Ai, que a árvore vai derrubar.
Que viagens divertidas
As da imaginação
O rio Alva tropeça
Na fonte da ilusão
Nós e a Natureza
A voar no mesmo balão.
— Quando voltamos?
— Agora só no Natal.
— É tão bom não ter juízo!
E despertaram os dois
de um sonho sem igual.
Vaniana
(Ana Lúcia Delgado e Vânia Botequim)
Este poema foi elaborado tendo por base os títulos dos poemas da obra Conto estrelas em ti (17 poetas escrevem para a infância; coordenação de Gomes, José António; colecção Palmo e Meio; Campo das Letras; 2000). Ex.: Que coisa esquisita (Maria Alberta Menéres) Conversa (João Pedro Mésseder) Dois irmãos (Maria Alberta Meneres) Onde está o gato? (Luísa Ducla Soares) Sereia (Mário Castrim)…
O ateliê de poemas poderá integrar um trabalho de estaleiro, embora com uma estrutura mais flexível. Apresento duas sequências de aula que designei de praxeograma 1 e 2. No primeiro registam-se as acções que vejo realizar em algumas aulas a que assisto. O praxeograma 2 propõe uma sequência que costumo sugerir aos professores com quem trabalho que, por sua vez, as realizam nas escolas de estágio.
Praxeograma 1
Fase pré-pedagógica:
Seleccionar um poema do manual.
Fase pedagógica:
1. Ler em casa o poema X e escolher palavras difíceis.
2. Ler em voz alta (professor).
3. Ler em voz alta (alunos).
4. Trabalhar a gramática ("em cm").
5. Escrever um poema com o mesmo tema.
Praxeograma 2
Fase pré-pedagógica:
1. Pesquisar – em várias colectâneas de poemas infantis.
2. Seleccionar poemas em função de regularidades formais (repetições da mesma estrutura, da mesma rima, etc.). Por exemplo:
Se…
– Se eu tivesse um carro
Havia de conhecer
toda a terra
Se eu tivesse um barco
Havia de conhecer
todo o mar
Se eu tivesse um avião
havia de conhecer
todo o céu
– Tens duas pernas
e ainda não conheces
a gente da tua rua.
Luísa Ducla Soares. Poemas da mentira… e da verdade. Livros Horizonte.
A união faz a força
Se todas as terras
se fossem juntar
mas que grande
monte iriam formar.
Se todas as águas
se fossem juntar
mas que grande mar
iriam formar.
Se os homens de paz
se fossem juntar
mas que grande exército
iriam formar.
E por sobre a terra
e por sobre o mar
então é que as guerras
iam acabar.
Luísa Ducla Soares. Poemas da mentira… e da verdade. Livros Horizonte.
Poema em iz
Na vila de Avis
Junto ao chafariz
Vivia feliz
O doutor Moniz
Que, sendo juiz
Caçava perdiz.
Num dia infeliz
Uma perdiz
Picou-lhe o nariz,
Deixou cicatriz.
O doutor Moniz
Partiu para Paris.
Tratou do nariz
Com licor de anis.
E voltou feliz
Para a vila de Avis
Junto ao chafariz,
Casou com uma actriz
Dona Beatriz
E teve um petiz
Chamado Luís.
Segundo ele diz,
Não, não, não condiz
Com doutor juiz
Caçar mais perdiz.
Luísa Ducla Soares. Poemas da mentira… e da verdade. Livros Horizonte.
Conto estrelas em ti. Coord. José António Gomes. Campo das Letras.
3. Seleccionar actividades – brainstorming (nomes, adjectivos, verbos, advérbios), cadavre exquis, leitura em voz alta, leitura coral, leitura silenciosa, exercícios de estilo, exercícios de reescrita…
Fase pedagógica:
1. Ler vários poemas em voz alta (professor).
2. Ler vários poemas em voz alta (alunos).
3. Encontrar as regularidades (E se…Rima em IZ, ou…ou…).
4. Construir poemas paralelos.
5. Brainstorming – seleccionar tema,seleccionar e arrumar em colunas (nomes, adjectivos, verbos, advérbios).
6. Construir poemas à maneira do poeta francês Raymond Queneau.
"Declinar o mesmo produto em formatos diferenciados".
Proponho uma exemplificação desta actividade, com os poemas produzidos numa sequência de aula com futuros professores do 1º ciclo.
Os alunos sugeriram vários temas que o professor registou rapidamente no quadro. Fez-se uma votação para escolher um tema comum. No caso presente, o tema seleccionado foi Sonho.
O grupo, turma, propôs uma "chuva de palavras" para o preenchimento de quatro colunas construídas a partir de categorias gramaticais: Magia, Norte, Fantasia... Bom, Encantado, Doloroso.... Dormir, Sonhar, Navegar... De repente, Vagarosamente, Agora... Em seguida, os alunos construíram frases através da técnica de cadavre exquis utilizada pelos pintores e escritores surrealistas e também pelo grupo OULIPO. Os papéis desdobrados deram o seguinte resultado:
• O mundo assustador espera vagarosamente.
• A ilusão sonhadora canta de repente.
• A fantasia sente intensamente.
•...
Os alunos seleccionaram o seguinte verso para o seu poema:
Os medos encantados sonham intensamente.
Cada grupo escreveu um poema (entre 5 e 10 minutos).
Exemplo do produto final:
Os medos encantados sonham intensamente
A vida vai e vem e é tudo tão evidente...
Um sonho de esperança navega
Nas suas mentes
Mas subitamente... Um doloroso acordar
Frio e assustador.
A realidade é penosa, mas algo se passa...
O que é o sonho?
O que é a realidade?
Não passará tudo de um sonho
Por vezes assustador
Por vezes encantado
Onde tudo é vivido tão intensamente.
E onde tudo acaba tão de repente.
Tânia Bruno
Uma segunda actividade foi inspirada dos Exercices de style de Raymond Queneau. Este poeta declinou a mesma informação em 99 textos diferentes. Seguindo o exemplo de Raymond Queneau, procurou-se também declinar o texto seguinte (baseado em Eugénio de Andrade) em diferentes formatos.
Texto inicial:
"Num prédio de uma cidade, revestido a azulejo, uma janela quase aberta. Uma cortina quase corrida e uma flor numa jarra."
Alguns dos diferentes formatos propostos pela professora:
• Negativa: "Não é um prédio..."
• Perguntas: "Onde está a jarra?"
• História: "Era uma vez uma cortina..."
• Receita de cozinha: "Ingredientes – 1 prédio
1 jarra
Junte no mesmo prédio..."
• Onomatopeias: "Tap... Tap..."
• Futuro: "Será um prédio..."
• Números: "Quantos azulejos foram precisos..."
Estas propostas levaram às seguintes produções:
Receita de cozinha
Ingredientes: 1 cidade
1 prédio
azulejos q.b.
1 cortina quase corrida
janelas
1 flor
1 jarra
Preparação:
Na cidade coloque um prédio e aos poucos junte janelas. Depois adicione azulejos a gosto. Separe o preparado em jarras e conserve com uma cortina quase corrida por cima. Deixe repousar uma hora e sirva com uma flor.
Vaniana
(Ana Lúcia Delgado e Vânia Botequim)
Será um prédio?
Na aldeia ou na cidade?
Hum... é na cidade!
Perto de Alvalade!
Nem é alto, nem voltado para o Tejo.
É revestido de azulejo
E com todo o seu gracejo
Encanta quem passa
Numa janela quase aberta
Deixa as pessoas encantadas na certa
Estará uma flor numa jarra atrás da cortina?
Sim, sim! Era a Margarida
Que quando alguém passa na avenida
Ela desafina.
E ela canta?
Canta e encanta
E a toda a gente espanta.
Suanca
(Angélica Vidigal, Cátia e Susana Cruz)
História: O prédio e a cidade
Era uma vez um prédio que vivia numa linda cidade e que por ela se apaixonou.
No meio de tanta paixão, o prédio piscou o olho à cidade, isto é, abriu uma das suas janelas, e a cidade aceitou casar com ele.
No dia do enlace matrimonial o noivo levava um laço de azulejos e a sua noiva um véu de cortina segurando na mão uma jarra de flores.
Fruto desta união nasceram muitos prédios e viveram todos muito felizes para sempre.
Ver - El - Mar!!
(Eloísa Paixão, Marina Almirante e Verónica Marques)
Onomatopeias:
Num prédio de uma cidade, revestido a azulejo, uma janela quase aberta. Uma cortina quase corrida e uma flor numa jarra.
Vuuuuuuuuuu..........
Vuuuuuuuuuu.........
Vuuuuuuuuuuuu............
Troc!
Crach!
Xxxeeeeee...
Ping
Ping
Pong
Ping
O que aconteceu?
E agora a flor?
Será que sobrevive?
Vaniana
(Ana Lúcia Delgado e Vânia Botequim)
Por uma questão de espaço, só apresentei alguns textos mais breves. O ateliê de poesia é muito rápido, como referido. A leitura de alguns exemplos dos Exercices de style de Raymond Queneau e a construção dos poemas duraram cerca de 15 minutos.
Nesta aula de 1h30 minutos foram produzidos cerca de 30 poemas, uns em grupo, outros individualmente. Cada aluno era livre de escrever ou não, de integrar ou não os diferentes grupos, de copiar para posters alguns poemas. A professora ia escrevendo alguns poemas nos intervalos das instruções. É importante que os alunos sintam que o professor também escreve.
No final da sessão fez-se uma apresentação de poemas tendo em conta a materialidade dos mesmos. Assim, uns foram lidos individualmente em voz alta, outros em coro, outros foram vistos em cartazes.
A gestão do ateliê é polícrona, uma vez que o professor vai lançando novas regras de construção cada vez que se apercebe que um grupo já acabou ou está bloqueado.
Importa, ainda, sublinhar que, nesta sessão, só têm lugar correcções muito rápidas.
Por outro lado, a análise dos «poemas-mote» restringe-se, numa primeira fase, à identificação dos recursos estilísticos que vão ser reutilizados. As fases de análise e de correcção são diferidas para outro momento, caso contrário, quebra-se o clima de euforia que caracteriza o ateliê.
Estas atividades e outras podem ser lidas em Didáctica do Português...
Ateliê de poemas
Um Sonho
Olha que coisa esquisita
Esta conversa de dois irmãos
Um diz "Onde está o gato?"
O outro "O que é feito da Sereia?"
No quarto 2100
Do grande hotel peregrino
Regulamento diz:
Janelas abertas à noite
Só para os meninos educados.
— Mas... o que é isto?
— Uma moeda a avionar?!
— É o limpa-palavras a brincar.
— Ai, que a árvore vai derrubar.
Que viagens divertidas
As da imaginação
O rio Alva tropeça
Na fonte da ilusão
Nós e a Natureza
A voar no mesmo balão.
— Quando voltamos?
— Agora só no Natal.
— É tão bom não ter juízo!
E despertaram os dois
de um sonho sem igual.
Vaniana
(Ana Lúcia Delgado e Vânia Botequim)
Este poema foi elaborado tendo por base os títulos dos poemas da obra Conto estrelas em ti (17 poetas escrevem para a infância; coordenação de Gomes, José António; colecção Palmo e Meio; Campo das Letras; 2000). Ex.: Que coisa esquisita (Maria Alberta Menéres) Conversa (João Pedro Mésseder) Dois irmãos (Maria Alberta Meneres) Onde está o gato? (Luísa Ducla Soares) Sereia (Mário Castrim)…
O ateliê de poemas poderá integrar um trabalho de estaleiro, embora com uma estrutura mais flexível. Apresento duas sequências de aula que designei de praxeograma 1 e 2. No primeiro registam-se as acções que vejo realizar em algumas aulas a que assisto. O praxeograma 2 propõe uma sequência que costumo sugerir aos professores com quem trabalho que, por sua vez, as realizam nas escolas de estágio.
Praxeograma 1
Fase pré-pedagógica:
Seleccionar um poema do manual.
Fase pedagógica:
1. Ler em casa o poema X e escolher palavras difíceis.
2. Ler em voz alta (professor).
3. Ler em voz alta (alunos).
4. Trabalhar a gramática ("em cm").
5. Escrever um poema com o mesmo tema.
Praxeograma 2
Fase pré-pedagógica:
1. Pesquisar – em várias colectâneas de poemas infantis.
2. Seleccionar poemas em função de regularidades formais (repetições da mesma estrutura, da mesma rima, etc.). Por exemplo:
Se…
– Se eu tivesse um carro
Havia de conhecer
toda a terra
Se eu tivesse um barco
Havia de conhecer
todo o mar
Se eu tivesse um avião
havia de conhecer
todo o céu
– Tens duas pernas
e ainda não conheces
a gente da tua rua.
Luísa Ducla Soares. Poemas da mentira… e da verdade. Livros Horizonte.
A união faz a força
Se todas as terras
se fossem juntar
mas que grande
monte iriam formar.
Se todas as águas
se fossem juntar
mas que grande mar
iriam formar.
Se os homens de paz
se fossem juntar
mas que grande exército
iriam formar.
E por sobre a terra
e por sobre o mar
então é que as guerras
iam acabar.
Luísa Ducla Soares. Poemas da mentira… e da verdade. Livros Horizonte.
Poema em iz
Na vila de Avis
Junto ao chafariz
Vivia feliz
O doutor Moniz
Que, sendo juiz
Caçava perdiz.
Num dia infeliz
Uma perdiz
Picou-lhe o nariz,
Deixou cicatriz.
O doutor Moniz
Partiu para Paris.
Tratou do nariz
Com licor de anis.
E voltou feliz
Para a vila de Avis
Junto ao chafariz,
Casou com uma actriz
Dona Beatriz
E teve um petiz
Chamado Luís.
Segundo ele diz,
Não, não, não condiz
Com doutor juiz
Caçar mais perdiz.
Luísa Ducla Soares. Poemas da mentira… e da verdade. Livros Horizonte.
Conto estrelas em ti. Coord. José António Gomes. Campo das Letras.
3. Seleccionar actividades – brainstorming (nomes, adjectivos, verbos, advérbios), cadavre exquis, leitura em voz alta, leitura coral, leitura silenciosa, exercícios de estilo, exercícios de reescrita…
Fase pedagógica:
1. Ler vários poemas em voz alta (professor).
2. Ler vários poemas em voz alta (alunos).
3. Encontrar as regularidades (E se…Rima em IZ, ou…ou…).
4. Construir poemas paralelos.
5. Brainstorming – seleccionar tema,seleccionar e arrumar em colunas (nomes, adjectivos, verbos, advérbios).
6. Construir poemas à maneira do poeta francês Raymond Queneau.
"Declinar o mesmo produto em formatos diferenciados".
Proponho uma exemplificação desta actividade, com os poemas produzidos numa sequência de aula com futuros professores do 1º ciclo.
Os alunos sugeriram vários temas que o professor registou rapidamente no quadro. Fez-se uma votação para escolher um tema comum. No caso presente, o tema seleccionado foi Sonho.
O grupo, turma, propôs uma "chuva de palavras" para o preenchimento de quatro colunas construídas a partir de categorias gramaticais: Magia, Norte, Fantasia... Bom, Encantado, Doloroso.... Dormir, Sonhar, Navegar... De repente, Vagarosamente, Agora... Em seguida, os alunos construíram frases através da técnica de cadavre exquis utilizada pelos pintores e escritores surrealistas e também pelo grupo OULIPO. Os papéis desdobrados deram o seguinte resultado:
• O mundo assustador espera vagarosamente.
• A ilusão sonhadora canta de repente.
• A fantasia sente intensamente.
•...
Os alunos seleccionaram o seguinte verso para o seu poema:
Os medos encantados sonham intensamente.
Cada grupo escreveu um poema (entre 5 e 10 minutos).
Exemplo do produto final:
Os medos encantados sonham intensamente
A vida vai e vem e é tudo tão evidente...
Um sonho de esperança navega
Nas suas mentes
Mas subitamente... Um doloroso acordar
Frio e assustador.
A realidade é penosa, mas algo se passa...
O que é o sonho?
O que é a realidade?
Não passará tudo de um sonho
Por vezes assustador
Por vezes encantado
Onde tudo é vivido tão intensamente.
E onde tudo acaba tão de repente.
Tânia Bruno
Uma segunda actividade foi inspirada dos Exercices de style de Raymond Queneau. Este poeta declinou a mesma informação em 99 textos diferentes. Seguindo o exemplo de Raymond Queneau, procurou-se também declinar o texto seguinte (baseado em Eugénio de Andrade) em diferentes formatos.
Texto inicial:
"Num prédio de uma cidade, revestido a azulejo, uma janela quase aberta. Uma cortina quase corrida e uma flor numa jarra."
Alguns dos diferentes formatos propostos pela professora:
• Negativa: "Não é um prédio..."
• Perguntas: "Onde está a jarra?"
• História: "Era uma vez uma cortina..."
• Receita de cozinha: "Ingredientes – 1 prédio
1 jarra
Junte no mesmo prédio..."
• Onomatopeias: "Tap... Tap..."
• Futuro: "Será um prédio..."
• Números: "Quantos azulejos foram precisos..."
Estas propostas levaram às seguintes produções:
Receita de cozinha
Ingredientes: 1 cidade
1 prédio
azulejos q.b.
1 cortina quase corrida
janelas
1 flor
1 jarra
Preparação:
Na cidade coloque um prédio e aos poucos junte janelas. Depois adicione azulejos a gosto. Separe o preparado em jarras e conserve com uma cortina quase corrida por cima. Deixe repousar uma hora e sirva com uma flor.
Vaniana
(Ana Lúcia Delgado e Vânia Botequim)
Será um prédio?
Na aldeia ou na cidade?
Hum... é na cidade!
Perto de Alvalade!
Nem é alto, nem voltado para o Tejo.
É revestido de azulejo
E com todo o seu gracejo
Encanta quem passa
Numa janela quase aberta
Deixa as pessoas encantadas na certa
Estará uma flor numa jarra atrás da cortina?
Sim, sim! Era a Margarida
Que quando alguém passa na avenida
Ela desafina.
E ela canta?
Canta e encanta
E a toda a gente espanta.
Suanca
(Angélica Vidigal, Cátia e Susana Cruz)
História: O prédio e a cidade
Era uma vez um prédio que vivia numa linda cidade e que por ela se apaixonou.
No meio de tanta paixão, o prédio piscou o olho à cidade, isto é, abriu uma das suas janelas, e a cidade aceitou casar com ele.
No dia do enlace matrimonial o noivo levava um laço de azulejos e a sua noiva um véu de cortina segurando na mão uma jarra de flores.
Fruto desta união nasceram muitos prédios e viveram todos muito felizes para sempre.
Ver - El - Mar!!
(Eloísa Paixão, Marina Almirante e Verónica Marques)
Onomatopeias:
Num prédio de uma cidade, revestido a azulejo, uma janela quase aberta. Uma cortina quase corrida e uma flor numa jarra.
Vuuuuuuuuuu..........
Vuuuuuuuuuu.........
Vuuuuuuuuuuuu............
Troc!
Crach!
Xxxeeeeee...
Ping
Ping
Pong
Ping
O que aconteceu?
E agora a flor?
Será que sobrevive?
Vaniana
(Ana Lúcia Delgado e Vânia Botequim)
Por uma questão de espaço, só apresentei alguns textos mais breves. O ateliê de poesia é muito rápido, como referido. A leitura de alguns exemplos dos Exercices de style de Raymond Queneau e a construção dos poemas duraram cerca de 15 minutos.
Nesta aula de 1h30 minutos foram produzidos cerca de 30 poemas, uns em grupo, outros individualmente. Cada aluno era livre de escrever ou não, de integrar ou não os diferentes grupos, de copiar para posters alguns poemas. A professora ia escrevendo alguns poemas nos intervalos das instruções. É importante que os alunos sintam que o professor também escreve.
No final da sessão fez-se uma apresentação de poemas tendo em conta a materialidade dos mesmos. Assim, uns foram lidos individualmente em voz alta, outros em coro, outros foram vistos em cartazes.
A gestão do ateliê é polícrona, uma vez que o professor vai lançando novas regras de construção cada vez que se apercebe que um grupo já acabou ou está bloqueado.
Importa, ainda, sublinhar que, nesta sessão, só têm lugar correcções muito rápidas.
Por outro lado, a análise dos «poemas-mote» restringe-se, numa primeira fase, à identificação dos recursos estilísticos que vão ser reutilizados. As fases de análise e de correcção são diferidas para outro momento, caso contrário, quebra-se o clima de euforia que caracteriza o ateliê.
Estas atividades e outras podem ser lidas em Didáctica do Português...
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