segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Pintura... com gripe

Como não conseguia ler ... pintei «à maneira de...». Não sei de quem, mas lembro-me de ter visto algo parecido algures. E há, vagamente , o absinto... e uma mulher de brinco... também em palimpsesto.

Construção de sítios, power point, trabalhos e … palimpsestos verbais e icónicos

Um palimpsesto é um «papiro ou pergaminho cujo texto primitivo foi rasgado para dar lugar a outro» (Dicionário Houaiss). Robert Galisson utiliza este termo para mostrar como a cultura impregna a língua, já que, por detrás de um enunciado se encontram muitas vezes outros enunciados, como «un train peu en cacher un autre».
A redacção de slogans e de títulos de jornais está cheia de palimpsestos. Veja-se, por exemplo, o título de uma peça sobre a necessidade de reduzir nos gastos dos casamentos na Índia por causa de escassez de alimentos: «Casamentos debaixo de fogo». O leitor reconhece facilmente «debaixo» deste título o título do filme«Casamento debaixo de chuva» Quem viu o filme associa os gastos exagerados nos casamentos à miséria circundante
Um dos palimpsestos mais frequente prende-se com o retomar do título do filme «E tudo o vento levou» quando acontecem tragédias. O «levou» transforma-se em «arrastou, varreu…» Este processo contribui , evidentemente, para acrescentar dados culturais implícitos. Por exemplo, não foi só uma questão de estilo a utilização repetida deste palimpsesto. durante o temporal de Nova Orleães. A alusão ao Sul dos Estados Unidos e à morte de muitos negros poderia ter sido lida «em palimpsesto».
O título do livro de Kundera «A insustentável leveza do ser» é frequentemente declinado em diferentes contextos.



Um dos palimpsestos mais interessantes para reforçar a questão da perda de identidade nas operações plásticas foi publicado há uns anos no jornal Público..Por esse motivo, resolvi mostrá-lo aqui. Nenhum dos meus alunos conseguiu, na altura, identificar «Les amants» de Magritte em palimpsesto,. no entanto foram vários, não todos, a relacionar o imaginário das histórias infantis na ilustração da peça «A moda dos programas de cirurgia plástica chega a Portugal».




Como tenho referido as mediaculturas caracterizam-se pela «mestiçagem» de culturas. A cultura erudita é mediatizada ou é introduzida em palimpsesto. Colocar uma imagem num texto não é um processo simples de justaposição. O conceito da imagem tem de reforçar (entrar em contradição) com o conceito do texto. Construir um site, um dossiê de imprensa, um power point implica identificar primeiro conceitos, para depois ajustar as metáforas icónicas às linguísticas.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Museus... no telemóvel

O Director do Museu Nacional de História Americana, numa entrevista ao Público de hoje, refere a importância do telemóvel enquanto meio de acesso à informação, mas sublinha
« O importante aqui (nos museus) é conseguir manter a atenção das pessoas - nós queremos que elas estejam a olhar para cima, e não para baixo. Num mundo cada vez mais virtual (...) há algo de mágico no acto de olhar para um objecto real, autêntico: É nisso que reside o fascínio da experiência de visitar um museu. A tecnologia potencia essa experiência, mas jamais a substitui».

As visitas virtuais do Google ART dão-nos a possibilidade de viajar nos museus, mas falta-nos a emoção do ver de perto o objecto, da deslocação face ao objecto, acrescento eu. Aprendemos muito nas visitas virtuais, mas para sentir...

Conteúdos e ser autor de conteúdos...

Sou autora de conteúdos, não tenho 15 minutos de fama, mas tenho 15 seguidores. Produzo sem controlo de ninguém, distribuo gratuitamente. Serei lida? Sou lida por alguns em todo o Mundo. Escrevo páginas ou melhor «rascunhos partilhados». Algumas modifico-as, outras não... Há tanto ruído! Vêm estes comentários a propósito de artigo provocador sobre os conteúdos e os «curations», artigo feito por um «curator».

Não desempenharão as redes sociais este papel de mediação? Será que percebi bem? Não tenho a certeza.
E os "grandes" conteúdos não se imporão por eles próprios?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei... comunicação interpessoal

O Discurso do Rei leva-me a tecer algumas considerações sobre comunicação interpessoal.



Na minha tese sobre comunicação não verbal, citava D.Abercrombie : «Nous parlons avec nos organes vocaux, mais c'est avec tout le corps que nous conversons ». Este poderia ser o resumo do filme.Centrado sobre o «discurso» mais do que sobre uma época, opção que não agradou a todos os críticos, mostra a relação entre a dimensão para-vocal e quinésica e a importância das emoções na comunicação interpessoal. O terapeuta, sem títulos, mas com experiência, adopta para além de recurso a técnicas- a pedido do rei para o desenvolvimento dos gestos articulatórios- leva este a verbalizar as suas emoções recorrendo à provocação verbal, à música, ao gesto, adoptando comportamentos de designados de «em espelho oposto».

Planos lindíssimos dos dois actores...

Deixo as críticas mais centradas sobre o filme aos críticos, até porque hoje não consigo escrever. Uma gripe impede-me de «conversar». Não me apetece escrever mais...

Faço como me parece que aconteceu a Woody Allen (com as devidas distâncias) em «Vai conhecer o homem dos seus sonhos». Será que se fartou do filme antes de o acabar, mas assim como assim... «vão gostar na mesma»- dirá Woody Allen?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Image in Science and Art

Colóquio internacional a decorrer na Gulbenkian até amanhã (entrada livre). Gostei da intervenção de Ernst Pöppel. Só assisti aos trabalhos, ontem. Que pena tão pouca gente!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Antecipar o futuro... movimento da sociedade civil

Movimento Milénio «é uma rede de pensamento, uma dinâmica colectiva para forjar um futuro melhor para Portugal». É assim que o jornal Expresso apresenta a sua iniciativa (juntamente com um banco). Quem tem ideias?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Grafismo do Jornal i ganha prémio

Nem sempre gosto do grafismo do i, mas ganhou prémio em concurso internacional.

Power point ... le prêt-à-porter pédagogique

Encore à propos de Salamanca.
Maintenant tous les enseignants et étudiants sont censés utiliser power point- représentation d'innovation pédagogique, de changement avec Bologna...
J'ai déjà écrit plusieurs articles sur power point , mais , puisque j’en ai parlé à Salamanca, je reviens sur le sujet.



Voyons l'espace: quelle est la différence entre la chair de l’enseignant fixée sur le mur (comme dans les belles salles de classe anciennes de l’Université de Salamanca) et la projection sur le mur ? Il s’agit toujours du modèle panoptique de communication (comme dans les églises et les prisons). L’enseignant ( ou l’ étudiant qui récite sa leçon ou fait sa présentation) est vu par tout le monde. Donc espace idéal pour la fonction d’expliquer quelque chose à quelqu’un , de raconter… On regarde le présentateur de la télévision aussi. Donc dimension fonctionnelle de l’espace. Espace déconseillé pour le travail en groupe, pour des activités d’écrit qui exigent isolement...

Mais … si chaque étudiant regarde la présentation dans son ordinateur individuel (ou s’il «twitte»)? le regard n’est pas assuré.(Et pourtant le regard compose la syntaxe mixte dont parle Slama - Cazacu ). (Je n’ai pas vu des ordinateurs ouverts, cette fois-ci!)

Power point ce n’est pas du cinéma (qui exige l’isolement). C’est un dispositif de partage… il faut voir, en simultané, présentation et présentateur !

Maintenant voyons : La chair et l’estrade jouent une fonction symbolique : l’espace du pouvoir. Power point renforce le pouvoir. C’est vers la présentation qui se tournent les regards. La présentation représente la voix autorisée du maître
Qui, en plus, l’a préparée auparavant. Et donc il n’y a pas co-construction (comme quand on écrit sur le tableau noir et que l’on est en train de penser et de modifier le schéma qu’on avait préparé en fonction des aléas de l’interaction, de l’autre et de notre pensée ( On efface et on fait le commentaire… «Ce n’est pas bien comme ça…non, non je préfère un autre mot, flèche, alinéa…» ). Si on modifie la présentation multimédia, on coupe le « récit » pédagogique. Encore pire !

Puis la cohérence du discours. L’enseignant passe tellement de temps à préparer sa présentation, en recourant, notamment, à des marques iconiques de cohérence, que, quand il la présente, il peut oublier les articulateurs verbaux («je vais faire mon exposé en trois volets, le premier…»). On voit. La suite des diapos présente la logique. Souvent il oublie même des gestes… Et si on ajoute des effets, par exemple à l'envers du processus de lecture!!! Et si on joue sur l'effet catalogue: beaucoup de caractères, des images...que c'est beau!!!


Et de la part de l’auditoire, que se passe-t-il ? Finie la prise de notes « de toute façon l’enseignant, comme il est très moderne, il nous la donne dans Internet, la plateforme, email… Et on fait « save »et on est tranquilles ! Les contenus sont bien gardés… On peut toujours les regarder !». Et même si on les regarde quelques jours après, on ne sait plus le contexte, on n’a pas mis nos explications à nous… Et comment s’articule tout ça ? On n’a pas de notes avec les articulateurs logiques. Rien que la séquence des diapos...

Qu’est-ce que l’ enseignant retrouve, souvent, dans des travaux, tests… des suites de phrase, le style «listing» et, par-dessus le marché, … avec des énoncés tronqués, tout à fait incompréhensibles puisque décontextualisés...

Je ne parle pas, bien évidemment, des textes écrits projetés à l'écran! Pour cet usage, il y a les livres, les photocopies de pages... Bien utiles par ailleurs, tout dépend de ce que l'on fait avec, du temps...


Bien évidemment j’utilise des présentations en power point (j’ai été probablement l’un des premiers enseignant à les construire, donner, publier…) mais, je ne les publie plus… sauf exceptionnellement. Je ne les donne plus («Ce qui est donné... n’est pas apprécié»- dit-on chez-nous).
Et j’aime bien le tableau noir. Après avoir appris à utiliser les TIM … je suis revenue souvent au tableau noir.
Power point un instrument de modernité ou d’autonomie de l’apprenant? Un prêt-à porter pour des communicateurs moins doués?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

E ainda... em Salamanca Javier Krahe!

Um cantor difícil de «catalogar». Com um espírito humorístico incrível, uma comunicação não-verbal impressionante! Melhor era impossível para terminar ida a Salamanca!


Power Point, espace, communication interpersonnelle

Faire un cours dans une université comme celle de Salamanca, quelle responsabilité! Des toits magnifiques que l'on ne voit pas dans les images. Et comment concilier la chair du pouvoir de l'enseignant et les technologies?

En principe le professeur devrait occuper la chaise correspondante et la projection devrait être faite sur le mur oppposé. Ceci entraînerait le «regard paradoxal». Vers où s'adresserait le regard du public? Vers l'enseignant, vers le mur de la projection?




J'ai choisi une autre disposition de l'espace, bien évidemment.



Un public très intéressé... Une invitation que je remercie vivement.

Médiacultures et éducation

Dans cette conférence, j'ai proposé une nouvelle version de ce que j'ai développé en
2007, dans le numéro 146 des ÉLA.
«Lorsqu’au début de l’année 2006, j’ai proposé à Robert Galisson le titre
D’autres espaces pour les cultures, j’étais très loin d’imaginer les changements
communicatifs et culturels que les dispositifs technologiques connus
comme Web 2.0 allaient engendrer tout au long de cette année dans les
« médiacultures » 1. Yes You, titre de la revue Time de décembre 2006 reflète
en surface (la revue propose un miroir dans lequel est projetée l’image des
lecteurs potentiels) ce qui vient de se produire. La personnalité de l’année
n’est ni un politicien, ni un littéraire, ni un scientifique… L’élu personnalité
de l’année n’est pas une personne de la culture écrite, comme auparavant,
mais l’utilisateur anonyme d’Internet. Les changements en surface ne font
qu’annoncer les changements profonds introduits par les dispositifs technologiques
dans les réseaux de production de biens culturels, dans les relations
que l’individu établit désormais avec ces biens, dans la relation entre réception
et production, dans l’édition, dans les réseaux de discussion de l’individu
avec les autres, dans le partage d’information, dans la communication
interpersonnelle (internet social), bref dans ce qui est désigné aujourd’hui
comme l’intelligence collective».


Je suis partie de la définition de
… médiacultures, points d'intersection des pratiques de construction du sens, pour décloisonner études des médias, de la culture et des représentations.
Maigret et E. Macé(2005).

Et j'ai proposé un texte structuré en trois volets:

1 - Les médiacultures en tant qu’espaces de dialogue entre les cultures, les technologies et l’éducation
Le temps
L’espace
L’agent

2- Des implicacions dans les cultures

3- Des implications dans les dispositifs pédagogiques

Les collègues et les étudiants, fantastiques...

Approches actionnelles, plurielles et multimodales

Séminaire de «Master»- Université de Salamanca, le 10 février.

Je suis partie de la matrice conceptuel de la situation éducative de Robert Galisson:

Catégories : Milieu instituant, milieu institué

Documents de référence:
Orden ECI/3858/2007, BOE, núm. 312, de 29 diciembre 2007
Les étudiants master doivent :
Conocer y aplicar propuestas docentes innovadoras en el ámbito de la especialización cursada.
Identificar los problemas relativos a la enseñanza y aprendizaje de las materias de la especialización y plantear alternativas y soluciones».

Et encore des documents suivants:


Le
Portefolio Européen pour la formation d'enseignants... PEPELF
Le QECR,
Le CARAP

Catégories: Agent, sujet, groupe, objet

À partir des descripteurs du PEPELF pour la compréhension orale, expression orale... j'ai proposé des activités pour le développement de chaque compétence.Les étudiants les ont adaptées à leur public. Nous avons construit ensemble une séquence pédagogique.

Nous sommes arrivés à la définition de la classe multimodale qui implique:

«Le recours à différents procédés sémiotiques (verbal, non verbal, iconique, son, musique…) ;
La convergence des supports ;
La contraction du temps ;
La délocalisation dans l’espace par les visites ou les simulations virtuelles ;
La présentation de supports qui convoquent plusieurs canaux de la part de l’utilisateur ;
Le parcours du linéaire au réticulaire, de l’« authentique » et du réel au virtuel ;
La convocation de stratégies de « lecture » et d’appropriation différentes»

Devant la salle de la conférence(Facultad de Filologia).


(Ferrão Tavares, 2009)
Bibliographie

Clara FERRÃO TAVARES, (Et) si j’étais professeur de français… Approches plurielles et multimodales, ÉLA 153, p. 41-54
L’objectif de cet article est de rendre compte de quelques changements que l’espace, le temps et les technologies sont en train de provoquer en classe de langue. Dans un premier temps, la notion de modalité est ­contextualisée et définie. Dans un deuxième moment, différentes méthodologies ou approches sont revisitées dans le sens de montrer les potentialités que chacune d’entre elles présente dans les nouveaux espaces qui s’ouvrent à la classe de langue.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Museu Casa Lis-Museo Art Nouveau y Art Deco

Em Salamanca há evidentemente a Catedral, a Plaza Mayor, a Casa de las Conchas... mas há uma preciosidade que nao conhecia: A Casa Lis, Museu "Modernista".
A casa é já um dos melhores exemplos de Art Déco: Tecto em vitral, varandas em ferro forjado... O bar com os vitrais, os móveis, os candeeiros é um espanto! Conheci um pintor de que gostei muito: Beltran Massés. Adorei as esculturas de Chiparus, ou melhor as criselefantinas (palavra que vem do grego e que designa mistura de ouro e marfim).Não conhecia nem a palavra, nem a técnica, nem os escultores expostos. Adorei uma estatueta de Isadora Duncan. Tem vidros Lalique, mas estes são mais comuns, colecções de bonecas alemãs e francesas lindas...
Como digo aos meus alunos... não é só na Universidade que se aprende! Com estas possibilidades tecnológicas, podemos fazer com que os outros conheçam também estes espaços.

Universidade de Salamanca

Cheguei ontem. Estou instalada num espaço magnífico. Como é possível recuperar o património, transformando palácios em residências para professores convidados? Deixo a hiperligação. Depois escreverei sobre a cidade e sobre as aulas.
Muitas felicidades para o Encontro de Portugês da ESE de Coimbra. Sempre me trataram muito bem, mas ,desta vez, tive de "trocar-vos" por aulas e conferência,em Francês-claro!- e pela Universidade de Salamanca!

Investigação no Ensino Superior Politécnico de Santarém- Parabéns à UIIPS

Porque estive na Madeira e parti, logo de seguida, para Salamanca,não pude dar, pessoalmente, os Parabéns ao Instituto Politécnico de Santarém, à UIIPS, ao seu Director e a todos os investigadores.

Mas ,para já, impõe-se referir que fico muito contente pelo Instituto Politécnico de Santarém estar a comemorar primeiro ano de vida da Unidade de Investigação Como primeira Directora, fiquei muito satisfeita com o que se conseguiu e agradeço a todos os investigadores. E fico mais satisfeita, ainda, com a continuidade dada pelo actual Director. Muitos parabéns. Sem investigação não há ensino superior, não há produção de conhecimento, não há internacionalização. E como podem os alunos iniciar-se na investigação (cf competências de Bolonha) sem professores que façam investigação?

Dir-me-ão que estão com horas lectivas a mais... e compreendo... mas com a minha experiência, também poderei dizer que a investigação também está integrada e tem implicações nesta. É esta integração que gera sucesso e fundamenta a existência de cursos de ensino superior. Não conseguir fazer investigação no Politécnico leva a que, em pouco tempo, deixe de ser necessário considerar-se o Politécnico como Ensino Superior.
É este desafio que gostaria de partilhar com todos os investigadores. Deixo este apelo aos colegas-investigadores da UIIPS, para que, se possível, façam mais e se mostrem mais. Muitas felicidades ao Director actual e ao que sair do processo eleitoral. Parabéns ao Conselho Científico e aos investigadores. Parabéns UIIPS.

Madeira... um jardim que o Jardim vai esconder

Passei o fim de semana na Madeira. Mas cada vez que vou {Madeira tenho mais dificuldade em encontrar as pequenas estradas que levam a sítios impressionantes. Reconheço que os túneis sao úteis para os locais, mas sinceramente... A vista da estrada de Porto Moniz desapareceu. As camionetas de turistas só fazem o circuito dos túneis... por isso cuidado. Aluguem carro ou táxi... mas mesmo com carro próprio, como as alternativas estao mal indicadas... de vez em quando...mais um túnel. O novo riquismo para além dos túneis (alguns dispensáveis) levou a dois elevadores noFunchal com poucos metros de distância, mas francamente o da Ponta do Sol que dá acesso a um pequeno quintal junto ao mar é um insulto a todos os contribuintes.

As marcas do temporal praticamente desapareceram do olhar do turista. Ou foi feita obra ou uma grua assinala o trabalho realizado (os particulares nao sei se nao se tèm motivo de queixa!).

Por que nao o aproveitamento da água, para beber e produçao de energia?
)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Antes e depois do 25 de Abril... a memória é curta e a ignorância atrevida!

Filha e neta de professores sou privilegiada.

Mas, não me posso esquecer de,em menina, ser acordada por pessoas que batiam à minha porta, com outros meninos nos braços, para o meu pai os ir levar ao hospital, a Arganil - só havia dois automóveis, na aldeia. Desidratados , como agora se diz, com meningites, febres altas... No dia seguinte, tocavam os sinos e eu ficava encolhida e triste! Mais uns números para a mortalidade infantil!

Na escola, os meninos comiam sofregamente as sandes de queijo da Cáritas (que eu achava horrível), a marmelada e bebiam o leite (também da Cáritas). A minha mãe (a professora), a Sr. Dª. Arminda e o Sr. Lopes fundaram uma cantina. Mas a minha mãe geria a cantina. Vinham os cestos de couves lá de casa, as batatas, o azeite..., a minha mãe organizava festas escolares e cortejos de oferendas (e as pessoas davam o que podiam) e... assim passou a haver sopa na Cantina. Os meninos passaram a ter uma sopa com carne e feijões que devoravam. Pelo menos... comiam uma vez por dia!

Era assim o papel do Estado! E, no entanto, pagavam-se impostos.

Os meus colegas de escola, bons alunos, queriam estudar, mas não podiam ... e então a professora falava para o seminário e lá tentava encaminhar os meninos que queriam - nem todos saíam padres, mas continuavam os estudos. Com alguma conversa com o Director do Colégio de Arganil...lá conseguia encaminhar outros...

Alguns avançaram, mas foram muitos os que foram ficando pelos vários patamares.

Era assim a escolaridade «obrigatória» que o estado proporcionava!

Conheci a crise académica de 68. Vi carros com arame farpado, carros com gases...colegas presos!

Como cedo quis ir a França(no 2ºano da universidade) frequentar um curso de férias - com a ajuda dos pais e dinheiro obtido em explicações - passei meio dia na PIDE para obter um passaporte!

O meu marido entrou na Marinha, no dia a seguir ao nosso casamento. Foi mobilizado para a Guiné. Fui à Guiné visitar marido na guerra.
Era a guerra!

Só um pequeno testemunho para avivar memórias ou dar a conhecer memórias de outros tempos!

Estive hoje no MOMA! Implicações pedagógicas.

Sim graças ao Google Art Project estive a passear no Moma e a ver mais em pormenor alguns quadros de Gauguin. Acabei de ler «O paraíso na outra esquina» de Mario Vargas Llosa sobre o pintor e a avó do pintor. Gostei muito e desejei que houvesse versão em ebook (já estou a ficar convencida...). Assim, tinha um livro de pintura aberto ao mesmo tempo que lia!

Que maravilha das tecnologias! Cada dia em seu Museu! E que sorte para os nossos alunos que podem sair dos muros das escolas das suas (aldeias...até já não há muitas, mas é outra história...) e passear-se na Tate, em Versailles... E podem verbalizar emoções, comentar quadros, descrever telas, em várias línguas. Estão a verbalizar noções de qualificação, de espaço, de tempo, a utilizar adjectivos, advérbios de lugar, preposições.Podem dar instruções aos colegas para se deslocaram nas diferentes salas, empregando imperativos ou a expressão de condição (se carregares...). Sem que estas categorias sejam necessariamente explicitadas. Podem inventar a história ligada ao quadro. Podem pintar «à maneira de...» e verbalizar as acções, comentar os desenhos que fizeram, ditar o desenho ao colega (Picasso dictation). Podem encontrar diferenças entre o seu desenho e o vizinho (information gap).

Estas actividades podem ser encontradas em «Didáctica do Português no Ensino Básico» (Porto Editora). Publicidade gratuita da autora. Um exemplo dado neste livro, a partir do quarto de Van Gogh foi posto em prática numa escola integrada no PNEP
E tornam-se «mestiços de culturas (c. Michel Serres).

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Escrever no papel e no teclado

Baseada nas minhas leituras sobre sugestopedia e depois sobre neurociências, sempre «achei» que a escrita à mão implicaria activações diferentes de zonas do cérebro, explicação bem naïve. Até tinha uma prática bem apreciada pelos meus alunos (adoravam!!!). Fazer um «auto-prontuário» com os erros dados nos testes corrigidos, escritos várias vezes (não as cem) de forma criativa, com a representação do sentido. E, assim, em aulas com alunos da Licenciatura em Artes Plásticas(davam imensos erros ortográficos) surgiram cartazes surpreendentes!

Numa brochura do Ministério da Educação sobre as implicações das TIC na aula de Português feita no âmbito do PNEP(ainda não publicada), insurgi-me contra os professores que declaravam que os meninos ficavam motivados porque não precisavam de escrever à mão, tinha os computadores (sic.)

Vem esta reflexão a propósito de um recente estudo sobre a utilização do teclado.Este estudo de Anne Mangen e Jean-Luc Velay disponível na Internet mostra entre outras coisas (vou ler melhor) que o movimento da mão ajuda o processo de memorização.

Anne Mangen and Jean-Luc Velay (2010). Digitizing Literacy: Reflections on the Haptics of Writing, Advances in Haptics, Mehrdad Hosseini Zadeh (Ed.), ISBN: 978-953-307-093-3, InTech, Available from: http://www.intechopen.com/articles/show/title/digitizing-literacy-reflections-on-the-haptics-of-writing

«E assim se fala português...»

Os neologismos , os empréstimos justificados ou não, os termos de que gostamos e outros…

No Caderno P2 do Público do dia 26 de Janeiro , João Bonifácio escreve ironicamente: « O novo português não precisa de se concentrar - precisa de se “focalizar”. Não tem de ser resistente -tem de ser” resiliente”. Não imprime um texto-“printa”: e não tem esperança-tem “ilusão”». E o autor, recorrendo às “vozes” de alguns linguistas, tece considerações sobre alguns vocábulos.
Fiquei a saber que Quique Flores tinha a «ilusão» de ser campeão e , assim, compreendi a razão da troca de esperança, por ilusão. Ilusão em Português emprega-se em frases com sentido contrário. Outros empréstimos do inglês são referidos como “focalizar”, “salvar”,”printar””deletar”… quando não havia razão para pedir palavras emprestadas uma vez que a nossa língua tem “concentrar”, “gravar”,” imprimir”, “apagar”… Refere ainda mudanças de sentido de “realizar” para aperceber-se de» (.«Só nesta peça realizei as razões para o emprego de «ilusão» com o sentido de esperança», por exemplo).

Também percebi nesta peça que o emprego por parte dos meus alunos de “onde” quando se deveria dizer “em que”, afinal , se está a estender a outros falantes. ( “onde” localiza no espaço e “em que” no tempo e espaço).

Outros termos haveria a acrescentar como “implementar”, “elencar” e outros que ficam sempre bonitos num discurso em educação ou comunicação.Mas há outros termos que me incomodam um bocadinho. Um deles, até está correcto, mas pelo excesso do uso e pelas conotações negativas que tem para mim … não gosto dele. É o termo “mais- valias”.
Por exemplo, a presidente do Instituto de Linguística , Maria Helena Mira Mateus, no Expresso desta semana , refere que «é um erro esquecer que o conhecimento e o uso do português constituem uma mais-valia no campo das interacções económicas».
Está correcto, mas , para mim as “mais- valias” são impostos e, apesar de pagar os meus impostos, não gosto de pagar mais-valias quando os meus pais, por exemplo, fizeram um esforço tão grande para adquirir um determinado bem.!.E depois... no eduquês, mediatês, politiquês…. tudo são mais-valia: as TIC, os quadros interactivos, a televisão, os Magalhães, …os exercícios… Também tudo é «muito gratificante»! Ainda bem, mas com tanto emprego deste termo, o gratificante torna-se banal e deixa de ser gratificante!

Já para não falar do emprego de termos sem o conhecimento do sentido. Já li num artigo publicado a partir de dissertação de mestrado, por exemplo, "os resultados auferidos" por "aferidos", por exemplo...

«Intertextualidades»: Exposição de pintura de Antígona/Clara Ferrão

Está patente, até 6 de janeiro de 2024, no Centro Cultural Penedo da Saudade , do Instituto Politécnico de Coimbra, uma exposição de pintura...