Os neologismos , os empréstimos justificados ou não, os termos de que gostamos e outros…
No Caderno P2 do Público do dia 26 de Janeiro , João Bonifácio escreve ironicamente: « O novo português não precisa de se concentrar - precisa de se “focalizar”. Não tem de ser resistente -tem de ser” resiliente”. Não imprime um texto-“printa”: e não tem esperança-tem “ilusão”». E o autor, recorrendo às “vozes” de alguns linguistas, tece considerações sobre alguns vocábulos.
Fiquei a saber que Quique Flores tinha a «ilusão» de ser campeão e , assim, compreendi a razão da troca de esperança, por ilusão. Ilusão em Português emprega-se em frases com sentido contrário. Outros empréstimos do inglês são referidos como “focalizar”, “salvar”,”printar””deletar”… quando não havia razão para pedir palavras emprestadas uma vez que a nossa língua tem “concentrar”, “gravar”,” imprimir”, “apagar”… Refere ainda mudanças de sentido de “realizar” para aperceber-se de» (.«Só nesta peça realizei as razões para o emprego de «ilusão» com o sentido de esperança», por exemplo).
Também percebi nesta peça que o emprego por parte dos meus alunos de “onde” quando se deveria dizer “em que”, afinal , se está a estender a outros falantes. ( “onde” localiza no espaço e “em que” no tempo e espaço).
Outros termos haveria a acrescentar como “implementar”, “elencar” e outros que ficam sempre bonitos num discurso em educação ou comunicação.Mas há outros termos que me incomodam um bocadinho. Um deles, até está correcto, mas pelo excesso do uso e pelas conotações negativas que tem para mim … não gosto dele. É o termo “mais- valias”.
Por exemplo, a presidente do Instituto de Linguística , Maria Helena Mira Mateus, no Expresso desta semana , refere que «é um erro esquecer que o conhecimento e o uso do português constituem uma mais-valia no campo das interacções económicas».
Está correcto, mas , para mim as “mais- valias” são impostos e, apesar de pagar os meus impostos, não gosto de pagar mais-valias quando os meus pais, por exemplo, fizeram um esforço tão grande para adquirir um determinado bem.!.E depois... no eduquês, mediatês, politiquês…. tudo são mais-valia: as TIC, os quadros interactivos, a televisão, os Magalhães, …os exercícios… Também tudo é «muito gratificante»! Ainda bem, mas com tanto emprego deste termo, o gratificante torna-se banal e deixa de ser gratificante!
Já para não falar do emprego de termos sem o conhecimento do sentido. Já li num artigo publicado a partir de dissertação de mestrado, por exemplo, "os resultados auferidos" por "aferidos", por exemplo...
Blogue de professora de didáctica das línguas, de análise do discurso dos média, de comunicação, de mediaculturas... com «aulas virtureais»... e alguns desabafos.
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