E passo agora a, utilizando predominantemente a modalidade deôntica, referir o que não é, certamente, uma dissertação,
um trabalho de projecto
um relatório de estágio.
Mas antes ainda refiro que quanto menos páginas são exigidas maior é a dificuldade para o estudante- investigador.
Um trabalho de fim de mestrado
Não é um trabalho interessante ou «pitoresco» (Bachelard). Tem de ser demonstrativo. Se não conseguir demonstrar (às vezes o contrário do que pensava), o investigador- estudante tem de mostrar a diferença que o separa da prova.
Não é um conjunto de considerações gerais sobre o contexto
Se a monografia se centra sobre um tema,- há que circunscrever os dados ao que é particularmente relevante para o caso estudado. Por exemplo, não é preciso começar pela globalização para identificar as mudanças introduzidas numa escola com os Magalhães.
Não é uma mistura de contextualização com enquadramento teórico.
O enquadramento teórico não é uma colagem de citações de autores (às vezes nem identificados).
Contextualização não se confunde com enquadramento teórico. Também neste, não é preciso contar toda a História da Educação e das Tecnologias para abordar a mesma problemática. Importa que o estudante se interrogue, por exemplo,sobre os autores que antes ou depois dos computadores se debruçaram sobre questões de aprendizagem que expliquem a situação que vai aprofundar. E sobretudo que se interrogue sobre conceitos e categorias. Que date os conceitos. Por exemplo, «Vigotsky falava de «zona potencial de desenvolvimento». Como define o autor este conceito? Em que data? Já haveria computadores, na altura? Será o mesmo que Stuart Kauffman chama “adjacent possible?” (ver próximo artigo sobre inovação). Qual o potencial trazido pelos computadores…?
O enquadramento teórico não é uma colagem de lugares-comuns(« As tecnologias são muito importantes para a Humanidade»).
Os parágrafos do enquadramento teórico não começam , regra geral, por epígrafes ou por citações de autor. Também não terminam.
O autor tem de marcar a distância que o separa ou aproxima do autor citado. Não o cita- porque acha «que é uma frase gira!»« eu também penso assim…» . Mas para o «integrar» na construção do seu pensamento sem com isso fazer dizer ao autor o que ele não disse. A voz do estudante –investigador tem de se distinguir sempre das vozes dos autores convocados.
(Os estudantes têm tendência para citar frases polémicas do que de âmbito científico ou metodológico)
Ex:«Retomamos (nós- eu e o orientador, o público) o conceito de… definido pelo autor x »…
As diferentes fases investigativas e fases de acção e a tradução em relatório das mesmas não são estanques. Não se pode dizer «Já conclui o enquadramento teórico». Se chegar ao final do texto e verificar que o conceito x não foi desenvolvido no âmbito do trabalho então este pode «saltar» do enquadramento.
A metodologia tem de ser explicitada. O estudante-invstigador tem de pensar se precisa de saber «o que as pessoas pensam de…»- Estudos de representações
e/ ou «o que as pessoas fazem quando».
Não vou desenvolver os instrumentos metodológicos. Há muita bibliografia sobre o assunto.
Não basta descrever as fases da acção –estágio- projecto. É preciso analisar dados recolhidos antes, durante,depois…
E analisá-los com categorias.
Não se pode concluir com o que não se encontrou.
As conclusões são respostas ou não às perguntas formuladas, não podem ser considerações gerais ou de senso comum.
O estudante-investigador em de escolher logo de início a pessoa verbal em que vai escrever e o tempo- presente , passado ou futuro (projecto em fase inicial) em que vai escrever, não pode «saltitar» entre o eu e nós ou «no 1ª capítulo apresentámos, no segundo iremos referir…»
Ligações a páginas sobre teses, dissertações com este assunto mais aprofundado.
Blogue de professora de didáctica das línguas, de análise do discurso dos média, de comunicação, de mediaculturas... com «aulas virtureais»... e alguns desabafos.
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