segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Bolonha 1- alguns paradoxos

Bolonha implica, segundo o Decreto- Lei 74/2006, Cap. III, art. 15, que os estudantes de Mestrado demonstrem que possuem « conhecimentos e capacidade de compreensão (...) que «permitam e constituam a base de desenvolvimentos
e ou aplicações originais, em muitos casos em contexto de investigação;» que saibam « aplicar os seus conhecimentos e a sua capacidade de compreensão e de resolução de
problemas em situações novas e não familiares,em contextos alargados e multidisciplinares,ainda que relacionados com a sua área de estudo;» que revelem «Capacidade para integrar conhecimentos, lidar com questões complexas, desenvolver soluções ou emitir juízos em situações de informação limitada ou incompleta, incluindo reflexões sobre as implicações e responsabilidades éticas e sociais que resultem dessas soluções e desses juízos ou os condicionem;» que sejam «capazes de comunicar as suas conclusões,e os conhecimentos e raciocínios a elas subjacentes,
quer a especialistas, quer a não especialistas,de uma forma clara e sem ambiguidades;» que revelem «Competências que lhes permitam uma aprendizagem
ao longo da vida, de um modo fundamentalmente auto-orientado ou autónomo.


Sendo assim,
O estudante tem, em menos tempo, de fazer mais, de ir mais longe na sua aprendizagem ...sem professor... tem de ser autónomo. Ora a autonomia não se decreta. A autonomia por decreto inscreve-se no que P. Watzlawick designa como comunicação paradoxal. Trata-se de um comportamento de «double bind».

Não digo que não haja estudantes que atinjam estas metas. Alguns entram no ensino Superior com estas competências. E não é difícil iniciá-los na investigação logo no 1º ciclo do Ensino Superior.

E os outros?

Os que não sabem pesquisar- escolhem a primeira solução num motor de pesquisa. Copiam-na sem a ler. Apagam as marcas de identificação das vozes citadas e apropriam-se delas, recorrendo a algumas substituições de uma ou outra palavra. Nuno Crato tem publicado artigos sobre «plágios, cópias e outras fraudes».

E que fazem os professores?

Sou de Educação e falo com alguma experiência. E não ando satisfeita comigo... Vejo muitos estudantes de Mestrado, de diferentes instituições, que não desenvolveram estas competências.
Como professora ... não tenho tempo.

Ouço, por aí, «O e-learning ou o blearning resolvem o problema». Aí também respondo. Devo ter sido uma das primeiras professoras não só a disponibilizar materiais- muitos fizeram e fazem isso - mas a dinamizar fóruns e chat com aulas virtuais de preparação de testes, de correcção individual de testes, de discussão de temas, de metodologia de investigação, de correcção de erros ortográficos... desde 2006. Os meus alunos foram dos primeiros «You»- cidadão do ano da revista Time. Tenho quase todos os meus artigos disponíveis na rede. Iniciei muitos professores do PNEP na plataforma MOODLE. Tenho uma unidade curricular aberta na Ninehub. Tenho um blogue.
Mas não estou satisfeita...vou escrever alguns artigos sobre esta questão.

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