quarta-feira, 22 de junho de 2011

Defesa de tese de Mestrado, na Universidade Portucalense

Quando sou motivada pelas teses ou dissertações, escrevo no blogue -   em  escrita dialogal de blogue - para outros aprenderem e participarem nas discussões. Quando tenho tempo!  As outras, que se esquecem com mais facilidade, ficam sem comentários...

Pois é... dei o meu 3º dezanove e fui eu que o propus: o  primeiro à Fátima Estrela, o segundo à Dora  e agora, num Mestrado - que ainda tem nota -  à Manuela Alice Oliveira que defendeu a sua dissertação, na Universidade Portucalense, na semana passada.

A tese já «de Bolonha» - mas não parece! - com o título «A produção escrita em língua-cultura estrangeira: um estudo de caso na disciplina de Inglês no contexto Escolar Português»  foi  apresentada em «Supervisão e coordenação da Educação», sendo, também, uma uma tese em Didáctica- Didactologia das Línguas - Culturas. Implica uma contextualização, uma problematização no contexto profissional da professora. A  agora Mestre procede a uma conceptualização, analisa dados que foram desenvolvidos em outros trabalhos, intervém e analisa os resultados da sua intervenção. São, assim, claras as implicações do trabalho.
Professora numa escola que põe em causa as suas práticas e que quer inovar, reflectindo sobre essa prática, um dos princípios da supervisão!

Quanto ao interesse conjuntural: sem dúvida muito interesse, dado que todos os professores se queixam da fraca produção dos aluno em língua estrangeira- Inglês, e como a Isabel  mostra, nos exames (Relatório Gave) é grande a dificuldade dos alunos para escrever um texto coerente e coeso.

Quanto à estrutura, trata-se de  uma dissertação com título preciso, 3 capítulos, estrutura clássica. Introdução com a contextualização e problematização, 1º capítulo com o enquadramento teórico perfeitamente definido e adequado à problemática: a questão da escrita numa perspectiva diacrónica e sincrónica. 2º capítulo com enquadramento metodológico a partir da matriz conceptual da didáctica das línguas e das culturas, de Robert Galisson e o roteiro da investigação-intervenção. 3 ªcapítulo- Relato e análise de um corpus recolhido na investigação-intervenção. Conclusão em que relaciona os objectivos com os resultados - o que nem sempre acontece!

Materialidade gráfica- uma monografia tão bem apresentada, tão multimodal que apetece logo ler! Esquemas, trabalhos dos alunos, os questionários bem apresentados, anotados comentados- no plano didáctico e no plano investigativo. A apresentação multimodal em power point foi excelente! Nunca vi nenhuma assim, mesmo de profissionais da comunicação (função metafórica da imagem e dos efeitos) ! Aprendi imenso sobre  a prática do que defendo teoricamente e...  não sei fazer! 
Também exemplar a nível da coerência e coesão. Recorre a performativos discursivos, «apresentados os referenciais paradigmáticos e metodológicos da investigação deste estudo, impõe-se descrever e caracterizar os contextos…», diz-nos as razões de todas as opções. Guia os leitores. Situa os autores no tempo. Respeita as vozes. Exemplar a escrita, aqui e ali com alguma hipercorrecção, mas um nível de escrita muito bom e claro.


Enquadramento teórico- a justa medida: a abordagem accional situada na evolução metodológica em relação com programas de Inglês. Referências adequadas, rigor nas citações...

Metodologia -  Apresentação clarissima graças aos esquemas  com as fases de investigação, os objectivos mediadores e os procedimentos metodológicos.
Descreve as suas próprias práticas já inscritas numa abordagem accional - um projecto de intercâmbio por escrito, carta com escola Turca, mas não fica satisfeita ao nível das micro-actividades porque sente que estas não são estruturadas nem do ponto de vista discursivo nem do ponto de vista do processo. A professora centra-se nos produtos que analisa, os alunos escrevem frases, ensina-lhes a materialidade gráfica e a estrutura da carta, pede-lhes que façam o jogo do brasão nas camisolas… anda tudo à volta do macro-acto de fala descrição, mas não há a consciência por parte da prof e dos alunos dos invariantes discursivos da descrição. Alunos avaliam-se…

Então a professora resolve fazer um «estaleiro»,  a partir do filme Truman Show. Hei-de escrever sobre o «estaleiro»!

Sendo o estaleiro inscrito numa tarefa -abordagem accional - centrado no discurso, propõs  um «estaleiro» para ensinar os alunos  a   construir discurso argumentativo,  com escritas sucessivas de críticas do filme, com exposição a modelos da Internet de críticas… e integrando os diferentes fases do processo de escrita planificação, escrita, revisão por pares, revisão pela prof e reescrita. Integrou activadades de information gap,  debates, mapas conceptuais, exercícios lexicais e gramaticais em contexto... Os alunos leram  críticas de filmes (estruturaram os meios linguísticos adequados) e como fazer críticas e fizeram a crítica do seu filme preferido, que enviaram aos colegas turcos-  socialização do processo de escrita e integração das TIC e das redes, função pragmática da escrita - e fizeram apresentação multimédia que também enviaram e receberam, podendo comparar. E avaliaram-se. E foram avaliados pela Professora.

Portanto deixou-me pouca oportunidade para perguntas e para  comentários, mas como descobri dois parágrafos com o modelo linear da comunicação e que, já este ano, o encontrei em vários trabalhos... vou fazer um «zoom» sobre este modelo já que é linear e toda a prática da  investigação e da apresentação foi multimodal ou «orquestral»! Num novo post!
Também achei que pediu aos alunos que construissem um produto multimodal, tendo-os preparado somente para o texto escrito, sendo  a exposição a um espaço discursivo multimodal insuficiente para a construção de produto multimodal, interactivo...   

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