sexta-feira, 25 de março de 2011

TIC , «Magalhães» e aula de língua materna e estrangeira

Texto retirado da Brochura «Implicações das TIC na aula de língua» de Ferrão Tavares e Barbeiro, elaborada no âmbito do PNEP. M.E. DGIDC (no prelo há muito, muito tempo).
O tempo e o espaço

As tecnologias alteraram as nossas relações com o tempo e o espaço e têm implicações nos perfis cognitivos e comunicativos das crianças e na organização da sala de aula.
L. Porcher referia, em 1994, que as crianças que frequentam as nossas escolas são «crianças dos ecrãs», ou «crianças pronetárias», se adoptarmos a expressão de Joel de Rosnay (2006). São crianças que passaram rapidamente do concreto, dos objectos e brinquedos reais para o mundo do virtual e do simbólico. Substituíram, muitas vezes, os companheiros de jogos por jogadores também eles virtuais. Muitas crianças, aparentemente incapazes de se sentar, ficam, por exemplo, horas em frente ao ecrã a criar cidades. Estas crianças são, também, capazes de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, passando facilmente de uma página web para outra, de um programa de televisão para outro, lendo um ecrã que apresenta em simultâneo várias programações, várias janelas, compreendendo facilmente os princípios de construção do hipermédia. Fazem os trabalhos escolares em frente ao ecrã, ouvem e ainda falam ao mesmo tempo. E pedem colaboração a outros pela Internet, ou por SMS. São crianças “polícronas”, saltando de um ecrã para outro, navegando, movimentando-se, talvez, em espaços mais virtuais do que reais (Jonhson (2005). O tempo para brincar na rua e nos jardins foi, por vezes, substituído pelo tempo em casa, no quarto, em frente ao ecrã.
A Escola tem procedido a uma gestão linear do tempo. Mesmo quando recorre às novas tecnologias, limita-as ao seu tempo. Como tem sido sublinhado por vários autores, o ritmo da Escola não pode ser, na era da comunicação por satélite, o mesmo do da Idade Média. As tecnologias entraram numa sala “normal”, com a disposição do espaço tradicional e no tempo escolar. Embora seja importante que o computador e outros equipamentos entrem na sala de aula habitual – e não só em salas específicas – convirá fazer a gestão do tempo e do espaço em função das potencialidades dos dispositivos comunicativos que criaram. Encontrar tempos e espaços diferentes é possivelmente um dos desafios que a entrada dos computadores coloca. A Internet permite a todas as crianças viajar e encontrar outros espaços até em outros países e em outras línguas.
Assim, as crianças têm a possibilidade de conhecer, na Internet, outros países, outros espaços… e de encontrar tipos de imagem diferentes das imagens dos manuais: imagens do quotidiano, imagens com função estética, com função humorística, com função simbólica – imagens que elas nem sempre têm a oportunidade de “ler” no espaço escolar ou familiar.
O uso da Internet pode iluminar uma situação comum de aula: imagine-se a trabalhar a noção de passado (conectores temporais, verbos no pretérito perfeito e imperfeito do indicativo). Inventarie as vantagens pedagógicas que retiraria de um convite às crianças para uma “deslocação ao Egipto”.
http://museu.gulbenkian.pt/serv_edu/navegar_no_antigo_egipto/egipto.html

Voltando à sala de aula… Como referimos, os próprios produtos multimédia são construídos segundo uma lógica de contracção do tempo. Se a contracção e a fragmentação são características dos suportes tecnológicos, um dos papéis da Escola não consistirá precisamente em levar o aluno a estruturar a multiplicidade, a fragmentação, “o mosaico” dos dados apresentados?
No que diz respeito ao espaço, ao chegar à escola, as crianças descobrem muitas vezes um espaço onde não se sabem organizar, um espaço, também ele, raramente adaptado às actividades que vão desempenhar. A Escola “tradicional” centrada na escrita privilegiava o espaço individual através de carteiras pesadas que impunham distância entre os alunos. O estrado permitia ao professor, que tinha a função de explicar, fosse visto por todos. Esse mobiliário foi substituído por carteiras mais leves, muitas vezes juntas. A nova distribuição favorece efectivamente o convívio e o trabalho de grupo. Mas como nem todas as actividades são feitas em grupo, torna-se difícil que o professor ou um aluno possa explicar, possa ler um texto, dar instruções, sendo ouvido por todos os alunos (se alguns estão de costas voltadas para o professor e para outros colegas, como é que podem ver os gestos que acompanham os enunciados dos seus interlocutores?). Por outro lado, se a distância entre os alunos é reduzida, é difícil que resistam à tentação de ocupar o espaço das outras crianças, gerando-se situações de falta de atenção e de indisciplina . Assim, a localização dos computadores nas salas pode facilitar ou dificultar ainda mais a comunicação na aula.
Concluindo, dado que as relações que a criança estabelece com o espaço e o tempo já foram modificadas pelas tecnologias (como se procurou mostrar nos exemplos apresentados da comunicação em chat e em blogue) a Escola terá de encontrar tempos e espaços adequados às diferentes actividades; às funções pedagógicas; às tecnologias e aos equipamentos que for introduzindo.

Vejamos, então, como organizar o espaço da aula com um computador, com vários computadores, com projector e sem projector. Sabemos que as situações das escolas são hoje muito diferentes: existem escolas com quadros interactivos, outras com vários computadores em rede, escolas com ligação à Internet e escolas sem computadores.
Nas escolas com quadros interactivos e videoprojectores, o dispositivo comunicativo é centralizado. Todos os participantes, alunos e professor, têm a possibilidade de visualizar a informação, dado que a podem modificar e construir em conjunto, tendo o estrado sido reintroduzido no espaço escolar. Neste caso, parece justificar-se, quase sempre, uma disposição do espaço dita “tradicional” ou em V, para que todos os alunos vejam o suporte e o agente que está a fazer uma apresentação.

Poderá encontrar informação sobre quadros interactivos, em
http://moodle.crie.min-edu.pt/course/view.php?id=396
e encontrar algumas actividades em
http://nonio.eses.pt/qi/index.htm

Pode, ainda, encontrar «cenários pedagógicos» para a leitura e escrita, na perspectiva defendida nesta brochura, em
http://primtice.education.fr/
http://tice-ia21.ac-dijon.fr/departement/tbi/scenarios/scenario03.htm

Quanto à disposição das salas “tradicionais”, quando estas dispõem de um único computador situado num canto, impõe-se que sejam adoptados dispositivos de mobilidade para que todos os alunos possam tirar partido dos recursos. Sobretudo pensando nestes casos, nas propostas de actividades insistimos no dispositivo comunicativo, designado como «lacunas de informação ». Neste dispositivo, todos os alunos têm de realizar a mesma tarefa a partir de informação diferente. Por exemplo, se têm de preencher um esquema, a uns é disponibilizada informação em livros ou em fotocópias, enquanto outros devem partir de informação pesquisada na Internet. As funções nos trabalhos serão rotativas para todos tirarem partido da multimodalidade da informação consultada.

No que diz respeito ao tempo, há que pensar nas diferentes actividades que desempenhamos no dia-a-dia para estabelecermos o tempo das várias actividades pedagógicas. Assim, uma pesquisa sobre a hora de abertura de um museu implica certamente tempos distintos da de uma recolha de informação sobre um determinado tema. Para ficarmos com uma ideia de um sítio, para descrevermos, em traços gerais, uma fotografia que se encontra no sítio de um jornal procedemos a uma leitura rápida. Já a pesquisa sobre a biografia de um escritor exige mais tempo. É, por isso, importante que, nas instruções sobre as tarefas a desenvolver, seja explicado aos alunos o tempo de que dispõem para a realização das mesmas.

Para ficarmos com uma ideia de um sítio, para descrevermos, em traços gerais, uma fotografia que se encontra no sítio de um jornal procedemos a uma leitura rápida. Já a pesquisa sobre a biografia de um escritor exige mais tempo.
Os concursos permitem jogar com o tempo e levar os alunos a geri-lo em função de constrangimentos. Por exemplo, cada grupo terá de conseguir obter uma informação na primeira página de um jornal. Outro grupo terá de procurar a mesma informação na página web do mesmo jornal. Quantas informações poderão obter sobre um determinado assunto num período curto (por exemplo, 5 ou 15 minutos)?

Outros exemplos serão apresentados na secção seguinte. Consideramos, no entanto, que, antes de propormos actividades para os alunos, é importante que os professores se interroguem sobre as suas próprias utilizações do computador. Propomos-lhe, então, as seguintes simulações:
1. Os seus alunos têm dúvidas sobre as concordâncias com o verbo haver. Será que podem dizer « haviam muitos alunos interessados na viagem de estudo? » Procure a resposta em:
http://ciberduvidas.sapo.pt
http://www.publico.clix.pt/linguistica/

Encontrou a resposta nas duas páginas? Quanto tempo demorou a realizar esta tarefa?


2. Quer saber o sentido dos termos « literacias » e « inteligência colectiva », termos que encontrou neste módulo. Onde vai procurar as respostas? Sugerimos:
http://pt.wikipedia.org/
http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx
http://www.porteditora.pt/doc/default.asp


Quanto tempo demorou a sua pesquisa? Encontrou as definições que queria? Como procedeu?

3. Quer procurar a obra A Língua Materna na Educação Básica. Como faz? Colocou o título entre aspas no motor de pesquisa Google?

http:// www.dgidc.min-edu.pt/fichdown/linguama.pdf

4. Que autores conhece que tenham feito estudos sobre a literacia? Procure num motor de pesquisa nomes de autores que conhece.
Quanto tempo demorou a sua pesquisa? Que fez para pesquisar (encontrou várias referências, como fez a selecção? Relacionou com o que sabia? Verificou as datas dos artigos encontrados? Os locais de publicação? Tirou notas?)? Coloque as definições encontradas no Glossário da sua Plataforma.

5. Quer saber quantos alunos de Português Língua Não Materna frequentam as escolas do 1º Ciclo? Como pode encontrar a informação? Será que esta informação está no Documento Orientador? Ou no Despacho Normativo nº 7/2006?

Se quiser aprofundar os seus conhecimentos sobre Português Língua Não Materna poderá consultar a revista Idiomático em http://www.instituto-camoes.pt/cvc/idiomatico/06/02.html
Poderá ainda consultar documentação produzida no âmbito do Projecto Diversidade Linguística na Escola Portuguesa, do ILTEC e da Fundação Calouste Gulbenkian.

http://www.iltec.pt/projectos/em_curso/divling.html

Como efectuou a sua pesquisa? Qual foi o seu percurso? Quanto tempo demorou a pesquisa?

6. Sabe onde existe um Museu de Língua Portuguesa?
http://www.estacaodaluz.org.br/

Procura informação sobre consciência fonológica. Procure em

http://time4learning.com/readingpyramid/awareness.htm

7. Quer construir um dado (forma de visualizar a estrutura de um texto narrativo) que lhe permita construir histórias com os seus alunos. Procure imagens que poderá colar nas diferentes faces do dado. Para a localização no espaço, poderá procurar com os seus alunos paisagens.
http://images.google.pt/images?q=paisagens+pintura&gbv=2&hl=pt-PT&start=20&sa=N&ndsp=20

Em seguida, poderão procurar imagens para os «heróis» ou para os «adjuvantes», por exemplo.
http://images.google.com/images?um=1&hl=pt-PT&rls=RNWE%2CRNWE%3A2006-34%2CRNWE%3Aen&q=fadas+pintura&btnG=Procurar+imagens

Encontra certamente imagens que lhe permitirão construir um dado para os inimigos ou obstáculos.

Como sabe, se quiser utilizar imagens em trabalhos a publicar, essas imagens podem ter de ser pagas. Poderá procurar páginas que disponibilizem imagens grátis, por exemplo em : http://www.free-pictures-photos.com/flowers/flower-12.jpg

7. Quer conhecer actividades feitas em outras escolas, francesas, inglesas… Procure, por exemplo em
http://nonio.eses.pt/eusei/passa/professores.asp
http://edutice.archives-ouvertes.fr/EPI
http://www.takatrouver.net/
http://www.sitespourenfants.com/ecartes/
http://www.espace-ecoles.com/recherche/
http://www.mrjennings.co.uk/teacher/literacy_rf/litrf.html
http://www.literacytrust.org.uk/Pubs/palmer2.html
http://www.ac-nice.fr/ia83/ia83/vareducation/varecole/tbi/textepuzzle.htm
http://primtice.education.fr/
http://www.time4learning.com/readingpyramid/index.htm

As sugestões de páginas podem ter sido alteradas. Não as testei.

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