Espanta-me a necessidade de quantificar o que não é quantificável! Pretender que todas as criancinhas no 1º ano leiam 55 palavras por minuto (ver recentes metas do ME) assusta-me. O meu filho até talvez tivesse sido capaz, como certamente os filhos,sobrinhos, netos de quem teve tal ideia. Mas há investigação sobre leitura em Portugal! Inês Sim-Sim, Maria João Freitas, Leopoldina Viana, por exemplo, que estiveram envolvidas no PNEP (Programa com implicações nas aprendizagens do Português - não, não foi só o Plano Nacional de Leitura!) Não quero dizer que os autores do documento não sejam investigadores, mas... já deram aulas ou assistiram ao que se passa nas escolas, no 1º ciclo, hoje ? No jornal Público, é apresentada uma investigação de Dulce Gonçalves que põe em evidência as diferenças entre crianças na velocidade de leitura. Já viram a pressão sobre os pais... e sobre as crianças...e então os professores! Já pensaram em enviar cronómetros para as escolas! É evidente que todas as crianças têm de aprender a ler para compreender e depressa... a minha avó e a minha mãe ensinaram muitas! Mas felizmente não contaram as palavras que eu lia, nem as que os outros meninos liam! Metas são necessárias (até já estavam bem feitas!), há descritores de desempenho que podem ajudar como referência, mas isto é «terrorismo dos números» (Expressão de Bachelard transposta para a leitura!)
Blogue de professora de didáctica das línguas, de análise do discurso dos média, de comunicação, de mediaculturas... com «aulas virtureais»... e alguns desabafos.
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