Vou aproveitar a minha homenagem para prestar homenagem aos meus professores.
Vou mencionar o texto que irei dizer em Faro e, depois, tecerei algumas reflexões sobre o que, na perspetiva de aluna, considero traços de um bom professor.
Homenagem...
«à minha professora do 1º Ciclo, Maria de Lurdes Ferrão, que achou que «se ensinava a ler os filhos dos outros também ensinaria a filha» (apesar de ser professora da escola masculina... por isso, frequentei a escola dos meninos. Respondia com estas palavras aos inspectores que... não ousavam censurar a opção! Dela provém o gosto pelo conhecimento e pela vontade de partilhar com os outros e muito mais…
A Homero Pimentel, meu professor de Francês, de Português e de História, no Colégio Alves Mendes, em Arganil. Tantos conhecimentos da sua área de especialização: a cultura clássica, mas a atenção ao futuro! A interdisciplinaridade! A ele devo o gosto pelo Francês, mesclado com o gosto pelas outras culturas.
À Maria da Conceição Sarmento, minha professora de Francês e de Português. Para além de me transmitir o gosto por Baudelaire e pela literatura francesa, deixou-me apresentar um trabalho sobre os hyppies no Liceu Infanta D. Maria, em Coimbra, desafiando todas as convenções daquele Liceu. Também ela me incentivou a abraçar a carreira de orientadora pedagógica, apesar dos meus 23 ou 24 anos.
À Robert Galisson, le maître, le didactologue, le professeur, l'ami. Son énorme savoir, sa capacité à écouter les autres, à ouvrir des voies, à accompagner et pousser ses étudiants dans des voies innovatrices, souvent pas très conventionnelles, sa volonté d’apprendre avec des Collègues du terrain, sa militance pour l’éthique en Didactologie des langues-cultures et en Éducation aux et par les langues-cultures… et, bien sûr, son profil d’humaniste… ont constitué non seulement pour moi, mais aussi pour des didacticiens du monde entier, un modèle. ROBERT… Mes étudiants et moi, nous te devons beaucoup… Merci de tout cœur ! ».
Haveria outros, Andrée Crabbé Rocha, Leodegário de Azevedo Filho, Ofélia Paiva Monteiro... mas não me levem a mal. Tinha de escolher.
Então que têm em comum estes professores que considero bons professores?
Poderia servir-me do PEPELF para fazer a análise de casos de bons professores, mas não. Prefiro tentar mostrar por que estão na minha memória e no meu coração.
São todos didatas, antes do termo. Não são transmissores de conteúdos ou aplicadores.
A definição de Didática das Línguas- Culturas de Robert Galisson ajuda-me a responder. A Didática é uma disciplina de observação,de problematização, conceptualização, análise, com implicações, levando à inovação.
Estes professores têm competência nas suas áreas de especialização, mas não se limitam a transmiti-las, a aplicar os conhecimentos teóricos à prática. Fazem a mediação desses conteúdos, observando os alunos, tendo em conta o contexto. Actualizam os conhecimentos. Problematizam cada situação, conhecem os alunos, falam com eles, observam os seus gestos... Estão atentos. Interrogam os seus conhecimentos teóricos para ensinar cada aluno (a minha mãe-professora chegou a ter 70, de todas as classes, numa altura em que não se formaram professores!!! Precisava, evidentemente, de mais horas... e íamos saindo da escola à medida que o assunto estava aprendido - fui aluna nessa altura! Homero Pimentel não ficava satisfeito enquanto os alunos não atingiam os objetivos que se tinha fixado- não sei se alguma vez planificou uma aula! E havia as explicações à noite e outros métodos hoje não muito bem vistos!!! Mas quem se queixava, na altura? E todos ou quase o adorávamos).
Estes professores procuram outros métodos, informam-se, experimentam e inovam.
Assim, os conteúdos não são debitados em formato de apontamentos. Estes professores não são passadores de acetatos ou de power point (cf próximo post).
Por outros termos, revelam competência científica, competência pedagógica, competência relacional, competência emocional...
E depois, ou antes, a dimensão ética: o respeito pelos valores, a confiança na humanidade.
Estes professores fazem a mediação com um sorriso, com emoção, com calor e entusiamo, com humor, com criatividade. Seguem a regra de Lozanov que nem todos leram: «a proximidade distante». O reconhecimento do seu saber estabelece a distância com o alunos (apesar da sua humildade), mas aproximam-se para incentivar estes a avançar na descoberta desses mesmos saberes. E ficam felizes com o sucesso dos alunos! Maria da Conceição! Como fiquei contente com o seu telefonema!
Vou mencionar o texto que irei dizer em Faro e, depois, tecerei algumas reflexões sobre o que, na perspetiva de aluna, considero traços de um bom professor.
Homenagem...
«à minha professora do 1º Ciclo, Maria de Lurdes Ferrão, que achou que «se ensinava a ler os filhos dos outros também ensinaria a filha» (apesar de ser professora da escola masculina... por isso, frequentei a escola dos meninos. Respondia com estas palavras aos inspectores que... não ousavam censurar a opção! Dela provém o gosto pelo conhecimento e pela vontade de partilhar com os outros e muito mais…
A Homero Pimentel, meu professor de Francês, de Português e de História, no Colégio Alves Mendes, em Arganil. Tantos conhecimentos da sua área de especialização: a cultura clássica, mas a atenção ao futuro! A interdisciplinaridade! A ele devo o gosto pelo Francês, mesclado com o gosto pelas outras culturas.
À Maria da Conceição Sarmento, minha professora de Francês e de Português. Para além de me transmitir o gosto por Baudelaire e pela literatura francesa, deixou-me apresentar um trabalho sobre os hyppies no Liceu Infanta D. Maria, em Coimbra, desafiando todas as convenções daquele Liceu. Também ela me incentivou a abraçar a carreira de orientadora pedagógica, apesar dos meus 23 ou 24 anos.
À Robert Galisson, le maître, le didactologue, le professeur, l'ami. Son énorme savoir, sa capacité à écouter les autres, à ouvrir des voies, à accompagner et pousser ses étudiants dans des voies innovatrices, souvent pas très conventionnelles, sa volonté d’apprendre avec des Collègues du terrain, sa militance pour l’éthique en Didactologie des langues-cultures et en Éducation aux et par les langues-cultures… et, bien sûr, son profil d’humaniste… ont constitué non seulement pour moi, mais aussi pour des didacticiens du monde entier, un modèle. ROBERT… Mes étudiants et moi, nous te devons beaucoup… Merci de tout cœur ! ».
Haveria outros, Andrée Crabbé Rocha, Leodegário de Azevedo Filho, Ofélia Paiva Monteiro... mas não me levem a mal. Tinha de escolher.
Então que têm em comum estes professores que considero bons professores?
Poderia servir-me do PEPELF para fazer a análise de casos de bons professores, mas não. Prefiro tentar mostrar por que estão na minha memória e no meu coração.
São todos didatas, antes do termo. Não são transmissores de conteúdos ou aplicadores.
A definição de Didática das Línguas- Culturas de Robert Galisson ajuda-me a responder. A Didática é uma disciplina de observação,de problematização, conceptualização, análise, com implicações, levando à inovação.
Estes professores têm competência nas suas áreas de especialização, mas não se limitam a transmiti-las, a aplicar os conhecimentos teóricos à prática. Fazem a mediação desses conteúdos, observando os alunos, tendo em conta o contexto. Actualizam os conhecimentos. Problematizam cada situação, conhecem os alunos, falam com eles, observam os seus gestos... Estão atentos. Interrogam os seus conhecimentos teóricos para ensinar cada aluno (a minha mãe-professora chegou a ter 70, de todas as classes, numa altura em que não se formaram professores!!! Precisava, evidentemente, de mais horas... e íamos saindo da escola à medida que o assunto estava aprendido - fui aluna nessa altura! Homero Pimentel não ficava satisfeito enquanto os alunos não atingiam os objetivos que se tinha fixado- não sei se alguma vez planificou uma aula! E havia as explicações à noite e outros métodos hoje não muito bem vistos!!! Mas quem se queixava, na altura? E todos ou quase o adorávamos).
Estes professores procuram outros métodos, informam-se, experimentam e inovam.
Assim, os conteúdos não são debitados em formato de apontamentos. Estes professores não são passadores de acetatos ou de power point (cf próximo post).
Por outros termos, revelam competência científica, competência pedagógica, competência relacional, competência emocional...
E depois, ou antes, a dimensão ética: o respeito pelos valores, a confiança na humanidade.
Estes professores fazem a mediação com um sorriso, com emoção, com calor e entusiamo, com humor, com criatividade. Seguem a regra de Lozanov que nem todos leram: «a proximidade distante». O reconhecimento do seu saber estabelece a distância com o alunos (apesar da sua humildade), mas aproximam-se para incentivar estes a avançar na descoberta desses mesmos saberes. E ficam felizes com o sucesso dos alunos! Maria da Conceição! Como fiquei contente com o seu telefonema!
Muito obrigada pelas tuas palavras. O certo é que eu fui tua professora apenas durante um curto espaço de tempo e tu foste minha PROFESSORA durante toda a tua carreira, através dos teus livros, comunicações e conversa. Bem-hajas por tudo o que aprendi contigo,
ResponderEliminarParabéns pela tão justa homenagem.
Tenho pena de não poder participar presencialmente.
Um abraço da Maria da Conceição