Vou escrever um artigo «achativo». O futuro governo PSD - CDS terá 10 ministros, portanto já se conhece quase meio governo...
Mas deveriam ter definido primeiro um perfil... é assim que se faz habitualmente.
Então qual é o perfil de Primeiro Ministro?
Um «mestiço» de culturas (humanística, artística, científica, tecnológica...), para utilizar a expressão de Michel Serres. Há muito tempo que não temos nenhum, mas...
Com experiência profissional na gestão de...
Licenciatura em...
Com bom senso, capacidade de reflectir antes de falar, que ouça os outros e «digira» a informação, que comunique bem, mas não de mais. Com competências relacionais...
Nem sempre se pode ter tudo... mas pelo menos algumas destas qualidades.
Passos Coelho não é um mestiço de culturas, não tem experiência profissional, nem de gestão... licenciou-se em quantos anos?... e havia «as oportunidades» dos estudantes dirigentes estudantis! Sei que o Primeiro Ministro actual não foi um bom exemplo, neste campo!
Bom senso, capacidade de reflectir e digerir a informação...é isto que me está sobretudo a preocupar... Passos Coelho ouve e não contextualiza, não relaciona (estou a escrever sobre este assunto um texto demonstrativo a propósito de trabalhos dos meus alunos). Ouviu o Professor Santana Castilho (Professor que muito aprecio mas de quem, por vezes, discordo) dar um exemplo de alunos do programa «Novas Oportunidades», num livro interessante sobre Educação (cf O Público de hoje) e faz um afirmação com modalidade apreciativa, generalizando. O Professor Santana Castilho sabe, como eu, que alguns dos nossos melhores alunos do Ensino Superior vieram dos maiores de 23 anos e, alguns, das «Novas Oportunidades», mas também ... os piores.... Aliás sabe que para que os alunos do Ensino Superior paguem propinas e não desistam ou não vão para outro estabelecimento, alguns professores são desviados para outros cursos... os alunos empurrados para cursos nocturnos ... reprovar alunos mesmo que não saibam ler nem escrever vira-se contra o professor! Depois o empregador diz «o senhor até pode saber engenharia, mas, como não sabe escrever, nem acabei de ler o seu currículo!». Um entre muitos exemplos do meio empresarial! Portanto para quê falar das «novas oportunidades», onde para além de casos maus (também não vão longe nos empregos!) tanta gente de valor se conseguiu realizar.
Depois há os outros casos: um dia ouve um futuro ministro das Finanças e sem tempo para pensar e ouvir outras vozes fala, descontextualiza, é corrigido!
Comunica bem, mas sempre na modalidade apreciativa (discurso « achativo»), como tenho vindo a analisar!
Tem competências relacionais... a experiência de dirigente estudantil serviu e... talvez vá servir para ganhar eleições!
Para a Cultura
Não há ministério, mas exige-se um nível mais elevado de «mestiço» de culturas, um homem ou uma mulher das artes, com experiência de vida variada, em Portugal e no estrangeiro... experiência de gestão. Que leia, que veja exposições, espectáculos...esqueci-me da lista de livros que levou para férias no ano passado, mas fiquei mal impressionada quando ouvi, li, vi...? em cima da mesa!
Um ministro da Cultura tem de ter um discurso demonstrativo... Não pode achar muito giro... ou outros adjectivos avaliativos do tipo!
Passos Coelho saberá quem é o Conde de Abranhos (teimo em colocar esta questão aqui) ou Pina Bausch... viu os »Primitivos»? Acha que cantar uma ária ou tirar uma fotografia no Claustro do Convento de Cristo em Tomar chega para fazer «boa figura» na cultura? Parece estar muito preocupado com isso ( Jornal das 8 TVi de ontem)!
Para Ministro da Presidência- Miguel Relvas... figura de tomarense muito «venerada» e criticada nos cafés da terra. Mau aluno, gostava de impressionar os professores, demorou anos a tirar a Licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais. Diz-se, na terra, que foi no Brasil, mas nem na PUC, nem na UNICAMP, nem em outras conhecidas. Na página do Parlamento não encontrei essa referência.
Licenciatura adequada aos muitos cargos políticos que exerceu e nem precisou do título! Perfil igual ao do candidato a Primeiro Ministro. Onde está a competência referencial? Fala de tudo, «acha» sobre tudo. Como líder do PSD não me incomoda, mas como ministro! Terá lido o Conde de Abranhos!
Finanças... desconfio de quem utiliza linguagem tão baixa... vou parafrasear o empregador referido: Eduardo Catroga até pode saber muito de Finanças, mas desconfio de quem não sabe, ou não quer, construir um discurso argumentativo. Até porque já esteve no governo e não consta que tenha resolvido o problema das finanças públicas, nessa altura! Os Portugueses merecem respeito! No Brasil ... não há o risco de falar!
E um desabafo: que tristeza! Depois de uma figura como a do Dr . Teixeira dos Santos: com um perfil de Ministro (sobre Finanças não me pronuncio, mas tenho confiança nele) aqui e a defender interesses nacionais nos Estados Unidos, como no início da semana! Muito mal tratado por muita gente!
Ministro da Defesa, Negócios Estrangeiros... Paulo Portas... Como me poderão explicar a nossa necessidade de submarinos? Discurso demonstrativo, competência comunicativa, relacional... Até é um «mestiço» de culturas, mas não me inspira confiança...
Um pedido aos políticos que ganhem ou percam eleições. Entendam-se e escolham os competentes, os perfis certos para cada cargo. Estamos todos à espera disso. No passado, todos cometemos erros... Vamos ver se cometemos menos...
Blogue de professora de didáctica das línguas, de análise do discurso dos média, de comunicação, de mediaculturas... com «aulas virtureais»... e alguns desabafos.
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