Eu autora de manuais me confesso. Sou, ou melhor fui, autora de manuais, uma atividade criativa que começou em 1975... Sim, uma atividade criativa.Sublinho! Eu comecei em 1977. E antes, fui coautora de brochuras do Ministério da Educação (únicas). E fui aluna de «livro único».
Laisser faire, laisser parler, manual de Francês para ser usado no 7º ano de escolaridade, construído em colaboração com a minha amiga Rosário Vidal (que, infelizmente, deixou de ser tão cedo) foi o primeiro manual «criado» com muito empenho, investimento, espírito de missão, mesmo! Obrigada Plátano Editora que investiu numa primeira geração de autores! Tive liberdade para criar um dos primeiros manuais de Francês!
Poderão dizer já... «o título mostra a bagunça ligada à educação!». Não, o título reenvia para Quand dire c'est faire (tradução francesa), de Austin, uma das referências teóricas do manual e exigia muito trabalho a professores e alunos. E foi construído quase em paralelo com a versão definitiva de Un Niveau Seuil do Conselho da Europa, seguindo as orientações desta referência teórica.
Neste, como em outros manuais que publiquei, nunca «amputei» textos de autores (reproduzi extratos, sim, com a identificação) e, sempre pedi autorização a autores, editores, agentes publicitários...
O autor de manual, regra geral, é um professor e/ou um didata que investigou e desempenha paralelamente essa atividade criativa.Assente em muito estudo, muitas vezes.
Atividade nem sempre rentável também. Depende da escolha de outros agentes que podem não gostar do manual. Depende, hoje, da publicidade, da concorrência, de regras «oficiais», de comissões...
As escolhas - e, por isso, um manual resulta de ato criativo- dependem do perfil do autor. Apesar do programa ser o mesmo. O meu (em coautoria com Josette Fróis), Suggestions, baseia-se em sugestões pela língua, pela literatura, pela pintura, pela cultura, cultura erudita, para que a aprendizagem das línguas seja uma viagem na cultura francesa e cultura do quotidiano que impregna a própria língua.
Ao mesmo tempo, outros autores propuseram, para o mesmo ano, Anti-gadoue (título sugestivo!), optando por materiais do quotidiano com títulos mais apelativos como « Mon mec me trompe»! Os conteúdos discursivos e linguisticos são os mesmos, embora a abordagem seja diferente.Os professores gostaram muito mais desta orientação... é a lei do mercado.
Os meus manuais nunca pagaram o investimento que neles fiz. A situação atual permite que (quase) todos sejamos autores, dependendo evidentemente, neste momento, de políticas editoriais.
«Os manuais são caros». Por isso mesmo, compete ao Ministério negociar essa situação. O Ministério faz brochuras de apoio (até sou autora de uma - e, como disse, fui autora de livros do Ministério) antes de existir essa categoria profissional. Mas são as editoras que têm os meios para editar manuais. E os autores têm o direito de querer contribuir para a educação dos alunos deste país (há países onde as línguas estrangeiras são dadas com conteúdos do próprio país e são submetidos a processo de censura, como o era o nosso «livro único»). O Ministério até já controla o processo, exigindo coordenação científica e pedagógica e definindo critérios. O seu papel esgota-se aí e no controlo dos preços para que todos os alunos tenham um manual.
E já agora... eu nem preciso de manual e possivelmente teria dificuldade em «dar» o manual (como não conseguiria seguir a planificação de um colega em aula de substituição). Mas o manual é o material de que todos os alunos dispõem. Podem ler textos, fazer exercícios em casa, ler as sistematizações... Por isso o manual é necessário.Não é «mandando» pesquisar em casa, por exemplo, a obra de um escritor que a escola defende a igualdade de oportunidades. É propondo essas atividades de pesquisa, de análise de reflexão, na aula e pedindo que atividades mais previsíveis sejam feitas em casa. E, sem formação a que se poderão agarrar os professores para levar os alunos a atingir as metas? Mas... este poderá ser o tema para outras reflexões!
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Laisser faire, laisser parler, manual de Francês para ser usado no 7º ano de escolaridade, construído em colaboração com a minha amiga Rosário Vidal (que, infelizmente, deixou de ser tão cedo) foi o primeiro manual «criado» com muito empenho, investimento, espírito de missão, mesmo! Obrigada Plátano Editora que investiu numa primeira geração de autores! Tive liberdade para criar um dos primeiros manuais de Francês!
Poderão dizer já... «o título mostra a bagunça ligada à educação!». Não, o título reenvia para Quand dire c'est faire (tradução francesa), de Austin, uma das referências teóricas do manual e exigia muito trabalho a professores e alunos. E foi construído quase em paralelo com a versão definitiva de Un Niveau Seuil do Conselho da Europa, seguindo as orientações desta referência teórica.
Neste, como em outros manuais que publiquei, nunca «amputei» textos de autores (reproduzi extratos, sim, com a identificação) e, sempre pedi autorização a autores, editores, agentes publicitários...
O autor de manual, regra geral, é um professor e/ou um didata que investigou e desempenha paralelamente essa atividade criativa.Assente em muito estudo, muitas vezes.
Atividade nem sempre rentável também. Depende da escolha de outros agentes que podem não gostar do manual. Depende, hoje, da publicidade, da concorrência, de regras «oficiais», de comissões...
As escolhas - e, por isso, um manual resulta de ato criativo- dependem do perfil do autor. Apesar do programa ser o mesmo. O meu (em coautoria com Josette Fróis), Suggestions, baseia-se em sugestões pela língua, pela literatura, pela pintura, pela cultura, cultura erudita, para que a aprendizagem das línguas seja uma viagem na cultura francesa e cultura do quotidiano que impregna a própria língua.
Ao mesmo tempo, outros autores propuseram, para o mesmo ano, Anti-gadoue (título sugestivo!), optando por materiais do quotidiano com títulos mais apelativos como « Mon mec me trompe»! Os conteúdos discursivos e linguisticos são os mesmos, embora a abordagem seja diferente.Os professores gostaram muito mais desta orientação... é a lei do mercado.
Os meus manuais nunca pagaram o investimento que neles fiz. A situação atual permite que (quase) todos sejamos autores, dependendo evidentemente, neste momento, de políticas editoriais.
«Os manuais são caros». Por isso mesmo, compete ao Ministério negociar essa situação. O Ministério faz brochuras de apoio (até sou autora de uma - e, como disse, fui autora de livros do Ministério) antes de existir essa categoria profissional. Mas são as editoras que têm os meios para editar manuais. E os autores têm o direito de querer contribuir para a educação dos alunos deste país (há países onde as línguas estrangeiras são dadas com conteúdos do próprio país e são submetidos a processo de censura, como o era o nosso «livro único»). O Ministério até já controla o processo, exigindo coordenação científica e pedagógica e definindo critérios. O seu papel esgota-se aí e no controlo dos preços para que todos os alunos tenham um manual.
E já agora... eu nem preciso de manual e possivelmente teria dificuldade em «dar» o manual (como não conseguiria seguir a planificação de um colega em aula de substituição). Mas o manual é o material de que todos os alunos dispõem. Podem ler textos, fazer exercícios em casa, ler as sistematizações... Por isso o manual é necessário.Não é «mandando» pesquisar em casa, por exemplo, a obra de um escritor que a escola defende a igualdade de oportunidades. É propondo essas atividades de pesquisa, de análise de reflexão, na aula e pedindo que atividades mais previsíveis sejam feitas em casa. E, sem formação a que se poderão agarrar os professores para levar os alunos a atingir as metas? Mas... este poderá ser o tema para outras reflexões!
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