segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Pour José Afonso

Estive hoje no Théâtre de la Ville, na homenagem ao Zeca  Afonso, graças à Internet. Zeca Afonso «acompanhou-me» na minha vida como acompanhou a minha geração (e outras) em Portugal, mas em França, na Argentina... «Esteve» comigo na Crise Académica de 68,  esteve depois várias vezes, esteve comigo, com uma amiga francesa e o marido argentino do Quarteto Cedron, em Paris em 1981. Foi a despedida!  As emoções de uma voz!  Agora, em Paris, só esteve a voz no fim, estiveram outras vozes mas muitas emoções. Vale a pena sentarem-se a ver e ouvir!

Pour José Afonso, revoir le concert live sur... por Mediapart

Pour José Afonso, revoir le concert live sur... por MediapartComo ficaria triste  e indignado com os  poor que governam e transformaram  o nosso país em  Poortugal!


As idades do mar: uma exposição a ver com tempo

Uma exposição a não perder na Gulbenkian: uma oportunidade para ver telas de  pintores que dificilmente virão a Portugal de novo. E, se não fosse essa Fundação, não as poderíamos ver:  Turner, Vieira da Silva, Manet, Anónimo (Batalha de Lepanto),  Hopper,  Dufy, De Chirico... Ver com tempo para entrar no tempo dos mitos, dos naufrágios, do trabalho... Para sonhar! 

Daqui a dez anos, a Internet será como nunca a imaginaremos

Este é o título de artigo  de Joana Gorjão Henriques no jornal Público de 25 de novembro. Vai seguir-se a publicação de entrevistas. 
Quais as alterações, segundo os autores citados (Clay Shirky, Nicholas Carr, Jeff Jarvis, Ethan Zuckerman e Evgeny Morozov)? Vou agrupar, segundo um processo muito utilizado pelos bloguers: uma lista!


  • deixámos de escrever à mão
  • partilhamos a nossa vida nas redes sociais
  • estamos ligados permanentemente
  • concebemos a Internet como integrada na nossa vida
  • misturam-se o real e o virtual
  • passamos da conversa à ação coletiva
  • expomos as nossas vidas publicamente
  • encurtámos distâncias
  • organizamo-nos (os ditadores  e os piratas também!)
  • perdemos  capacidade de concentração e somos menos reflexivos (Carr)
  • o pensamento tem-se tornado errático e rápido
  • fazemos várias coisas ao mesmo tempo, interrupções
  • perdemos a capacidade de afastar distrações e de sermos pensadores atentos.


Refletindo sobre o que a Internet fez comigo, ou melhor, o que eu faço com a Internet...

Olhando para a minha grande secretária muito mais desarrumada do que há 10 anos: um computador, algo lento... e por isso vejo o Facebook no Smartphone, ao mesmo tempo que espero por informação que procuro na Internet, e,  assim, combino o que quero  procurar com  o que «está a correr constantemente» e... o que o multitasking me está a fazer! tenho postits em que escrevo à mão bocados de artigos que «estou  escrevendo», tópicos para o blogue e... como é possível!... «estou pintando» (espero que as tintas sequem, vejo facebook, pesquiso, respondo a mails e...  ontem  nestas passagens múltiplas dei um erro ortográfico de palmatória num SMS e enviei sem ler (devo ter pensado que estaria  a escrever em francês...) passo do francês para o português e que remédio! para o inglês! Escrevo listas como esta em que estou a  «fundir» vozes de autores diferentes! Será que esta ginástica evitará o Alzheimer? Espero que sim. 

Felizmente vou escrevendo artigos «mais sérios», concentro-me, isolo-me. Leio alguns autores com tempo... Converso com amigos...  

Recebi ontem um mail de uma jovem que me dizia que não tinha visto a minha mensagem porque teria estado em férias... Também  eu me dei conta de que fazia o mesmo até ao ano passado! A partir do momento em que tenho um smartphone  não tenho férias... de 10 em 10 minutos vejo correio, estou no café à espera da bica e... Por isso, não vou querer roaming de  dados quando for para o estrangeiro, mas aqui...!

A maior transformação da minha vida foi o iphone, mas vou ter de «domesticar» o objeto, será mesmo objeto?

E que acontece com as crianças e os adolescentes?

Leitura em superfície? Pensamento errático? Incapacidade de concentração? Reflexão superficial? 

Mas a sociedade exige cada vez mais capacidades de análise, de relacionação, de síntese, de argumentação... Como fazer? 

A entrevista de Nicholas Carr é  publicada no dia 28. Até breve!



Internet... textos longos ou textos curtos

Depois da fase dos textos curtos, parece que estamos a chegar à fase da leitura de textos longos, graças aos tablets e smartphones. Pelo menos é o que podemos ler neste artigo «Leia este artigo mais tarde» de João Pedro Pereira. Há uns meses,  não me apercebi deste artigo. Interrogando-me sobre o que está a mudar na minha atividade de leitora... não sei se volto mais tarde aos artigos que percorro agora e aqui!

auladeportuguêse(t)classedefrançais: Português e Ciências Naturais

auladeportuguêse(t)classedefrançais: Português e Ciências Naturais: No Blogue Universidade de Passargada, estive a analisar  resultados de provas de Ciências Naturai s extraídos do Relatório do Gave, em ...

sábado, 17 de novembro de 2012

Investigação sobre comunicação em educação


A primeira grande dificuldade de um investigador prende-se com a questão de investigação. Antes de ir para França, fui  falar com o Senhor Professor Doutor Albano Estrela. Como sempre, recebeu-me com o entusiasmo, o carinho, a compreensão com que recebia todos os estudantes e perguntou-me qual era  a minha questão. Aí respondi com o atrevimento de principiante: «a autonomia». «Bom, isso é o tema!». Depois perguntou-me qual a metodologia: e respondi: «vou fazer uns questionários para saber as representações dos professores». «Ora, minha filha, essas são as respostas de todos os principiantes!»

O que me preocupa é que, hoje, não são só principiantes que dão respostas destas! Até em provas!

São por vezes temas engraçados, às vezes mesmo interessantes, mas muito pouco demonstrativos!

Então vamos lá conversar um pouco:

Uma investigação em Didatologia- Didática das Línguas culturas, como em Educação, em geral, passa por uma fase de problematização, num contexto, implica conceptualização e tem implicações.
Numa fase em que tantos professores fazem tantos sacrifícios para frequentarem mestrados e doutoramentos é obrigação dos orientadores terem presente a coerência entre as diferentes componentes e a existência de implicações «une thèse qui n'est pas utile est futile». Tem que  contribuir para melhorar algo.  

Não se investiga um tema, mas uma questão que surge num contexto. Uma vez formulada a questão, definem-se objetivos  (e não o contrário).  O enquadramento teórico permite definir conceitos-chave e construir uma grelha (não é a história da televisão ou das TIC, muito menos políticas... a não ser que o estudo seja sobre história ou políticas).

Para o enquadramento metodológico, não se faz também a história toda dos métodos qualitativos e quantitativos.  Justificam-se as opções tomadas.

Se  nos interessa saber
  •  o que pensam x das TIC- análise das representações
  •  o Quê? O que dizem fazem... - análise de conteúdo
  •  Como - análise do discurso


Mas será que um estudo de um professor sobre representações tem implicações? Contribui para a melhoria de alguma coisa?

Saber o que pensam as pessoas dos políticos é importante para os jornalistas, o público e para os políticos. Sempre se podem comparar representações, em diferentes momentos, de muitas pessoas, através de técnicas de amostragem.Trata-se de estudos com valor sociológico. Agora... saber o que pensam 30 pais sobre o ensino do Francês ou do Inglês, ou 20 alunos do ensino das Ciências ou das TIC? Quais as implicações? Confesso que não vejo o interesse de estudos (os mais frequentes) que ficam por esta questão das representações em educação.

Mas interessa saber quais as marcas que uma inovação (por exemplo o quadro interativo multimédia) provocou nas práticas do professor, nas aprendizagens... Nessa altura, não será necessário (e possível no tempo em que desenvolvem os projetos, nos diplomas em Bolonha ) observar, transcrever, analisar um «corpus» - e não se fala de amostra - composto  com dados de muitos agentes,  mas recolher dados de alguns casos que  permitam tirar conclusões  que sirvam ao próprio e aos colegas (leitores de artigos) para melhorarem as suas práticas e contribuírem para a melhoria das aprendizagens. Até pode ser interessante, neste momento, saber o que pensam os professores ou alunos de para compreender os dados, mas trata-se  de dados complementares.

O investigador recolhe  dados que lhe permitam identificar marcas que traduzam as mudanças: cadernos de alunos, print de quadros, diários, testes, fichas, notas de observações... regista aulas em vídeo, momentos em que os alunos estão no computador, nos quadros.... em função sempre da questão- chave.  
Procura «cartografar sistematicamente» uma determinada situação, utilizando durante o tempo máximo que lhe permita chegar à conclusão que esgotou, naquela fase, a recolha do «corpus». Utilizou uma metodologia etnográfica.  Kozinets fala de metodologia netnográfica  quando se trata de investigar a questão de saber «o que se faz com a internet?». Identificar marcas de aprendizagem na Internet sobre um assunto, num determinado momento, identificar marcas de utilização de plataformas... passa por metodologias netnográficas que recorrem a testes de usabilidade (não confundir com fichas heurísticas de sites) que permitem responder a questões do tipo: «que fazem os sujeitos, durante x tempo, quando resolvem um problema a partir de um site?».  Como é fácil encontrar na net, não cito.

E agora há os métodos de traçado dos percursos. Já referi  o susto que apanhei quando vi o meu traçado no Facebook. Há um ano, quando apresentei «o meu museu» , na minha homenagem em Faro, achei muita piada, mas este tratamento estatístico com  http://www.wolframalpha.com...assustou-me, mas  é uma ferramenta indispensável para todos os investigadores que queiram trabalhar sobre estas questões.

Ao trabalho! Simplifiquei o que não é fácil simplificar, correndo os riscos das simplificações!

  Para quem quiser aprofundar este tema, sugiro a leitura da obra coordenada por Carmen Guillén e publicada pelo Ministerio de Educación e Ed Graó. No meu artigo desenvolvo os tópicos aqui apresentados.

La multimodalité dans la formation des enseignants

Les  Actes du colloque FICEL, Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, DILTEC - 3,4 novembre 2011- 
 Formation et professionnalisation des enseignants de langues.  Évolution des contextes, des besoins et des dispositifs   viennent de paraître  en ligne.







Dans ces actes, j'ai publié  avec Jacques da Silva et Marlène da Silva l'article suivant:



Quelques extraits, mais nous vous invitons à lire  le texte intégral ainsi que les autres articles et  à regarder les vidéos : 

La formation actionnelle (et) multimodale implique « le diagnostic situationnel (Donnay, 1991 ; Begioni, 
1998 ; Ferrão Tavares, 1988, 1990 et 2009) et l’action multimodale. Nous proposons ici le récit (fort succinct) d’une action centrée sur l’exposition à l’aide d’un dispositif multimodal à la demande des étudiants. La situation qui a servi au diagnostic était la présentation d’un sujet à l’aide de power point qui est une situation ordinaire dans les situations scolaires et dont beaucoup d’enseignants se servent. Mais cette situation implique des formes de communication multimodale que les enseignants  maitrisent difficilement et provoque des effets communicatifs que ces derniers ne  peuvent ignorer. On voit effectivement que 
beaucoup d’étudiants et même d’enseignants sont devenus des passeurs de power point, ce 
qui provoque, par exemple, des phénomènes de banalisation et de manque d’attention de la 
part du public. Comme première activité, on demande aux étudiants de préparer un sujet que les autres 
ignorent et de le présenter au public (diagnostic situationnel) (...).
 les étudiants : 
- lisent ce qu’ils ont écrit (souvent copié et collé de sources non identifiées) sur des 
diapositives remplies de textes ou d’images (de tout type de caractères, couleurs, 
effets dynamiques, etc.) d’ordre référentiel contrariant souvent ce qui est proposé,                                                
- regardent l’espace de projection en tournant le dos au public, avec absence de regard 
et de gestes de régulation pour vérifier les réactions du public, 
- proposent des tableaux et des graphiques que le public ne parvient pas à lire, 
- font des choix typographiques au hasard, 
- pointent sur l’espace de projection, 
- n’emploient pas de connecteurs verbaux (et ne font pas les  gestes discursifs 
correspondants, puisque leur mimo-gestualité est conditionnée par l’ordinateur ou 
par l’espace de projection), 
- distinguent difficilement les voix convoquées, 
- recourent à une sorte de parataxe non verbalisée (succession de diapositives sans 
relation de subordination), 
- proposent la même forme d’organisation linéaire des idées, même quand ils 
indiquent des liens, car le support visuel force une hiérarchisation simplifiée et 
banalisée. 
Ainsi, tous les supports visuels se ressemblent et tous les étudiants se ressemblent dans leur 
façon de mettre en scène leur discours (Tufte, 2003 ; Frommer, 2010). Pour ceux qui jouent 
le rôle d’apprenants, ils n’y a pas de prise de notes, parce que leurs camarades leur avaient 
dit qu’ils leur fourniraient leur présentation

(...) 
Comme la prise de conscience peut être facilitée par l’observation d’échantillons de la 
communication où d’autres professionnels jouent le même rôle, en l’occurrence celui de 
communicateur, explicateur, etc. dans la lignée de ce qui est proposé par Schön (1996) – 
apprendre avec des professionnels qui excellent dans leur profession –, on sélectionne 
quelques conférences TED. En bref, l’analyse se centre sur les marques de cohésion et de 
cohérence entendues dans un sens multimodal : dimensions verbale, para-verbale, iconique, 
proxémique et kinésique (Ferrão Tavares, 2009). »


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A brincar aos pintores «structurellistes»...

Structurellisme poderá ser um novo movimento pictórico fundado por  Pierre  Beaudier   Trata-se de um «mot-valise» composto de estruturalismo e surrealismo. Vai  decorrer uma exposição em Paris dos pintores «structurellistes», no Grand Palais,de 27 novembro a 2 de dezembro.



Resolvi brincar aos pintores deste movimento, começando a pintar pelo centro a partir de uma tela de Munch: «O Sol». Como adoro o sol, adotei as minhas cores: é o meu sol!

terça-feira, 6 de novembro de 2012

O futuro da imprensa escrita

Em dia de pessimismos... em Portugal, deixamos de sentir as páginas de jornais em... 2028!  

Refundação pelos obreiros do nada!

Quando ouvi «refundação», na minha cabeça, surgiram os termos «fundação da nacionalidade, D  Afonso Henriques, D. Dinis, D.Manuel, Descobrimentos, D. João IV , o Marquês de Pombal, Duarte Pacheco...
Depois... na fundação lembrei-me de alicerces, profundidade, suporte,consistência, construção...

Depois destes  2 brain stormings ficou-me uma (?) dúvida e novo brainstorming:

Obreiro
25 de Abril  - militares
Construção do SNS- PS
Construção de estradas, pontes, hospitais, escolas, centros desportivos - Ferreira do Amaral, Sócrates

É um brainstorming... a minha memória não se lembra de tudo!

E depois há os obreiros do «nada» (que fui buscar o «nada» a Marcelo Rebelo de Sousa, mas poderia ser eu a dizer) :

Pescas- Cavaco Silva, Alemanha, França... pescadores que receberam subsídios
Agricultura- idem
Indústria-Sócrates (as fábricas poluem era melhor autorizar centros comerciais), Passos Coelho e, ainda assim, há um ministro mal amado, mas esforçado na economia!
Comércio- Passos Coelho
Restauração - Passos Coelho
Segurança Social- Passos Coelho?
SNS- Passos Coelho?
Escolas- Passos Coelho?
Serviços- Passos Coelho?
Contribuintes, pessoas- Passos Coelho.

Então... só ficam os ministros e deputados... a fazer o quê já que o país ficará reduzido a «nada»? E é possível refundar o «nada»? Os maoístas assim pensaram,  mas hoje a China  ( Ver  Revista Pública desta Semana- o retrato não é bonito!)...

E nós... perdemos tudo?



Antes das eleições falei do «discurso líquido» do candidato a primeiro ministro. Haverá discurso mais líquido do que a «refundação do nada»?


Homenagem a Santana Castilho

Não me despedi do Professor e amigo, porque, há uns tempos, deixei de ler os seus artigos e a Covid impede-me de estar hoje com ele. Mas, vo...