Fui arguir a tese de Doutoramento de Mark Daubney subordinada ao título «Language anxiety in English teachers during their teaching practice», na Universidade de Aveiro, orientada pela Prof. Doutora Helena Araújo e Sá. Dado tratar-se de trabalho defendido em provas públicas, vou partilhar, com os inscritos que seguem os cursos da Universidade de Pasárgada, algumas breves considerações sobre teses. A tese de Mark Daubney é uma excelente tese. E o que é uma boa tese?
Primeiro argumento: a relevância temática. Muitos trabalhos correspondem ao interesse imediato do investigador e não se justifica o investimento feito. Não é o caso. A ansiedade faz parte da «dimensão escondida da aula» e esta é talvez tão importante como a face visível dessa mesma aula. Como é que a ansiedade de manifesta? Será «facilitadora» ou «debilitadora»? Na aula? Na formação de professores?
Em segundo lugar, e de acordo com a definição de Didáctica das Línguas-Culturas de R. Galisson, uma tese em Didáctica parte de uma problemática gerada num contexto. Foi o caso. Obriga à observação, à conceptualização. Foi o caso, também. E tem implicações. Trata-se claramente de uma investigação implicada.
Depois, exige-se um quadro teórico rigoroso que sustente a investigação a realizar nas diferentes fases e que vai sendo alargado nessas diferentes fases. O autor apresenta um ensaio sobre a ansiedade, as emoções, a comunicação notável - passagem obrigatória para todos os estudantes que se interessem por emoções.
Exige-se coerência metodológica - entre o quadro teórico e o estudo empírico - neste caso.
E que o estudo empírico adopte uma metodologia que permita respeitar a natureza da problemática. O autor adoptou uma metodologia etnometodológica com permanência do local, durante muito tempo, e com diferentes tipos de dados: entrevistas, observação de aulas, de conversas, planificações... Horas e horas de transcrições. Observações em stimulated recall protocols... Um corpus heterogéneo. Difícil.
Exige-se rigor na análise. As categorias que emergem na observação - neste tipo de metodologia - cruzam-se com as categorias de autores. A voz do autor dialoga com as vozes convocadas no enquadramento teórico. O autor faz «falar os dados», relaciona-os, analisa-os.
Coerência e coesão são exigências de todos os trabalhos escritos. Os performativos discursivos (que dizem as operações cognitivas que realizou o autor e que levam a operações de antecipação por parte do leitor) são claramente expressas (Vamos em seguida sintetizar... desenvolveremos em seguida...), aos quadros seguem-se paráfrases, quadros claros, sínteses intermédias...
O aspecto documental está no quadro teórico e reflecte-se na bibliografia que deve ter os «clássicos» e referências actuais.
Foram alguns dos aspectos que salientei na tese. Com mais tempo, haveria a possibilidade de convocar mais autores ouvidos na primeira parte no estudo... mas essa é a continuação deste trabalho com publicações em revistas, apresentações em colóquios para que a formação de professores, os professores, os alunos, a aula de língua estrangeira ou outra sejam beneficiários do estudo desenvolvido com tanto empenho e dedicação.
Um exemplo a seguir...
Blogue de professora de didáctica das línguas, de análise do discurso dos média, de comunicação, de mediaculturas... com «aulas virtureais»... e alguns desabafos.
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