terça-feira, 28 de setembro de 2010

Lie to me: a comunicação paradoxal dos políticos e ... dos professores

Este artigo vem a propósito de uma ou duas fotografias de Pedro Passos Coelho no Diário de Notícias de 24 de Setembro... Ao mesmo tempo que abraça (tocando levemente) uma senhora com uma certa idade... olha para outra pessoa ou talvez... para uma câmara (não para a do Diário de Notícias). No lugar da senhora em questão e, tendo estudado alguma coisa sobre pragmática, teria feito o seguinte comentário : «este homem está a cumprimentar-me ou a fazer de contas que me cumprimenta? Don't lie to me!». Trata-se de um caso de comunicação paradoxal ou de «double bind», como é designada por Bateson. Neste caso trata-se de duas mensagens não verbais contraditórias. Como não ouvimos o que foi dito, ficamos sem saber a quem se terá dirigido o político verbalmente.
Estes casos de comunicação paradoxal são habituais nos políticos menos experientes ou com menos consultores de imagem. Paulo Portas, consciente ou inconscientemente, evita este tipo de comportamentos.

Também na comunicação pedagógica os comportamentos de double bind são frequentes: «A minha professora de Matemática não gosta de mim, nunca olha para mim». Esta frase ouvi-a eu e ... quando fui falar com a Directora de Turma, permiti-me perguntar se a professora de Matemática levaria a mal se alguém lhe sugerisse que olhasse para o aluno em questão. E efectivamente, na semana seguinte, talvez coincidência ou não, ouvi-o dizer-me: «Afinal estava enganado. Ela até gosta de mim e eu até já gosto de Matemática».

Para Bateson e outros investigadores de Palo Alto, podemos distinguir a informação da relação (como a informação é processada).
Neste caso, houve explicitação da relação (2 adultos exerceram a função de mediação)mas, em outros casos, como a criança não pode(ou não deve) perguntar directamente ao professor se ele não gosta dele fica numa situação paradoxal, podendo, muitas vezes desinteressar-se da informação. Comportamentos paradoxais acontecem com todos os professores... e nem sempre nos damos conta.

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