quinta-feira, 30 de maio de 2024

Homenagem a Santana Castilho

Não me despedi do Professor e amigo, porque, há uns tempos, deixei de ler os seus artigos e a Covid impede-me de estar hoje com ele. Mas, vou tentar escrever um texto de homenagem pessoal, apesar dos riscos da memória me poder trair. As minhas desculpas por eventuais imprecisões! Tive a sorte de me encontrar com pessoas excecionais, Santana Castilho conta-se entre estas pessoas. Em 1986, tinha acabado de defender uma tese de « Doctorat de Troisième Cycle», na Universidade da Sorbonne Nouvelle e tinha já alguns anos de experiência na formação de professores (e um ano na ESE de Leiria) e  entrei no gabinete do Professor Santana Castilho. Depois de conversa de algumas horas, creio, saí coordenadora da melhor equipa de formadores que iria encontrar na minha vida. Nesse ano, iria assistir ao maior congresso na área das tecnologias que alguma vez tinha sido organizado no ensino superior. Esse congresso iria também abrir-me a porta para as tecnologias, uma vez que os média já estavam na minha tese. Santana  Castilho ousava  como ninguém, sonhava educação e fazia. Ia buscar os que pensava serem os melhores nas áreas que achava serem as áreas de futuro (nem sempre fez as escolhas mais acertadas!). Depois do Congresso, equipou a escola com equipamento de reprodução de milhares de  cassetes de aulas da telescola, dando resposta a uma necessidade do sistema a que nem a Universidade Aberta tinha tido capacidade de resolver. E fê-lo, lançando o primeiro programa de ensino a distância do ensino superior. Durante meses, o estúdio não parou, de dia e de noite. Três Cursos de Educação Especializada (equiparados a licenciaturas) foram lançados: Três áreas fundamentais: o ensino especial, o português língua não materna e a a a educação multimédia. Dotou o país dos primeiros especialistas nestas áreas que se encontram hoje em universidades, grande empresas,  projetos de escolas diferentes,  jornais... Escolheu os melhores professores e talvez os melhores alunos (acreditava) pensando em diplomas, mas também em reconhecimento de competências. (E, no entanto, escreveu, nos últimos tempos, alguns artigos aparentemente contraditórios).  Graças a Santana Castilho (e às Embaixadas), organizei, em Santarém, os primeiros encontros de formadores em Didática das Línguas do Ensino Superior que ficaram na memória dos formadores, pela qualidade dos intervenientes e pela qualidade das condições dadas pela ESE. A revista Intercompreensão, primeira e única revista de Didática das Línguas nasceu graças a si. Começaram os primeiros projetos de colaboração com África. Estive com Santa Castilho no primeiro projeto de ensino a distância (com cassetes audio e manuais) de formadores de professores do PREBA, em Cabo Verde. Militância verdadeira! Não me esqueço do saco de lagostas na banheira do quarto do Professor Santana Castilho distribuídas aos 3 professores da equipa! E da sensação de dever cumprido! (Não pensava em pagamentos, como também não pensavam os médicos que lançaram o SNS!). Era preciso fazer, fazia-se! E com dedicação e entusiasmo!

Mas, o sistema é ingrato, muitas vezes para quem faz! Com entusiasmo,  Santana Castilho  foi dirigir o Instituto Politécnico de Setúbal  acumulando com a ESE de Santarém e «perdeu» a ESE de Santarém e a ESE «perdeu-se». Teve um processo disciplinar. Uma das «peças» do processo dizia-me respeito diretamente: a aquisição de uma impressora vídeo que seria determinante para a metodologia de investigação  no meu «dotorat nouveau régime», na Universidade da Sorbonne  Nouvelle. Preço pouco significativo, mas aquisição sem concurso porque... só havia uma marca no mercado. Outra «peça» do processo  foi um pente (25 tostões) utilizado ´num filme, produzido no âmbito do CESE de Educação Multimédia em que se via  a Joaninha, de Almeida Garrett, à janela, a pentear-se...  Alguns pormenores, para se compreender como é travada  tanta vontade de fazer coisas com questões , por vezes, mesquinhas.  

Santana Castilho mudou. Compreendi. Não fui ao lançamento do seu livro, prefaciado por Passos Coelho, e expliquei-lhe as razões. Calculo que tenha sido mais um mau momento. Depois de lhe pedirem um programa para a educação, o ministro da educação nomeado foi... Nuno Crato. Tirei eu a conclusão! Foi um Professor amargo que agradava a muitos docentes que o seguiam.  

Eu conheci, como muitos dos seus alunos e colegas, um  grande  Professor que gostava de ser Professor! Obrigada Professor e Amigo Santana Castilho! 

    

          

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

«Intertextualidades»: Exposição de pintura de Antígona/Clara Ferrão

Está patente, até 6 de janeiro de 2024, no Centro Cultural Penedo da Saudade, do Instituto Politécnico de Coimbra, uma exposição de pintura de Antígona. No catálogo, a professora Clara Ferrão evidencia a relação que estabelece com a pintora Antígona. Antígona pinta, como referiu uma das visitantes «os artigos de Clara Ferrão» ou ainda, como referiu um antigo estudante «Antígona pinta as aulas de Clara Ferrão».   A professora fornece os conceitos e  as «histórias» que Antígona, que se assume como pintora narrativa, transforma. A apresentação esteve a cargo de José Augusto Bernardes, professor catedrático da Universidade de Coimbra.

Intertextualidades

 

«Todo o texto se constrói como um mosaico de citações, todo o texto é absorção e transformação de um outro texto »[1]




A definição de intertextualidade de  Júlia Kristeva,  em epígrafe, poderia constituir o único «texto» desta exposição. A comparação com o mosaico, mosaico de textos, mosaico  de cores, de formas, de técnicas, mosaico de experiências, de leituras, de viagens…  resume a relação entre a professora Clara Ferrão e a pintora Antígona, resumindo, igualmente, o processo criativo e técnico da pintora. Antígona constrói os seus «mosaicos»  em palimpsesto[1],a partir da  «absorção» de textos de Clara Ferrão e transforma-os, pintando sobre  eles.   A pintora apaga, no “pergaminho”,  inscrições (frases, imagens, cores) que estão na sua memória, ou na de Clara Ferrão, para as substituir  por pinceladas e  manchas suas, deixando, no entanto, transparecer vestígios de inscrições anteriores, o que leva a diferentes leituras, convocando recordações, por vezes,  comuns aos «leitores».  Nos trabalhos de Antígona ouvem-se as aulas, ou as narrativas, nas «vozes» de Clara Ferrão, mas também, as «vozes» de centenas de alunos que com ela dialogaram. E as  «vozes»  de cientistas, escritores, pintores, músicos, bailarinos… umas vezes, de forma explícita, recorrendo a colagens;  outras vezes, vozes,  textos e  telas interpenetram-se , deixando transparecer porosidades entre os vários planos. Antígona deixa pinceladas  nas palavras da leitora, investigadora, observadora, professora de literatura, de linguística, de análise dos média, de didática das línguas, de educação. E sobretudo… diverte-se a construir os seus mosaicos com  as suas histórias!  E a partilhá-los!.

Os trabalhos apresentados nesta exposição, intitulada  Intertextualidades, englobam  duas configurações conceptuais  comuns à professora e à artista: comunicação interpessoal multimodal e «mestiçagem de culturas».

 A comunicação  multimodal surge,  porque «não podemos não comunicar» uma vez que «não podemos não ter comportamento»[2]. Assim, o contexto, o espaço, o tempo, o corpo e os dispositivos tecnológicos condicionam a comunicação interpessoal e multimodal.

Propor trabalhos agregados  pelo conceito de «mestiçagem de culturas» justifica-se  nesta exposição, sobretudo neste contexto de comunicação multimodal, num  Centro Cultural do Ensino Superior Politécnico. A expressão é utilizada   no  sentido que tem, na origem, o pensamento do filósofo Michel Serres[3]:  «mestiçagens de culturas humanísticas, científicas, artísticas, tecnológicas». Clara Ferrão  declinou este conceito,  enquanto professora  e  ex-vice- presidente do Instituto Politécnico de Santarém, deixando marcas desta visão da educação  nos próprios  estatutos e planos de estudo da sua instituição. Já Antígona é uma pintora «mestiça», definindo-se, ainda,  como  pintora narrativa. Esta exposição é a história do encontro de Clara Ferrão com Antígona.  O catálogo foi construído também como um «mosaico» de  «textos» de Clara Ferrão – pretextos  para o traço de Antígona que, no seu jogo, dá a ler,  a olhar, ou a ouvir interiormente, algumas das vozes convocadas nos seus «textos».

 Vozes e olhares cruzados das duas que procuram cruzar-se com o público! 

 



[1] Júlia Kristeva, Poética nº27, 1974

[1] «Toute écriture est un palimpseste», segundo Gérard Genette,1982.

[2] Paul Watzlawick. Une logique de la communication,1967.

[3] Michel Serres, «Le tiers instruit», Paris : Folio,1992. 

Formação de professores... notas soltas

 

Formação de professores… em 2024...

E agora?

Não há professores, não há formadores e não há pensamento estruturado em didática das disciplinas…

Não vai ser fácil, mas já vivemos situação semelhante nos anos 70- 80! Em 1976, havia uns 20 formadores para cada disciplina a nível nacional. Eu, com 24 aninhos, fui a formadora mais nova neste grupo de “metodólogos” de francês! Mandaram-nos para França, chamaram especialistas de Didática de França, de Inglaterra, do Canadá… Foram elaboradas bibliigrafias mínimas ( José Afonso Baptista obrigada!). Começaram muitos mestrados e doutoramentos. Formaram-se os professores que iriam apoiar os professores com habilitação própria ( profissionalização em serviço, exercício… ). Houve n colóquios em didática das disciplinas. Houve pensamento estruturado, investigação, mestrados, doutoramentos, congressos, mobilização de associações, publicações… Insisto “ pensamento estruturado em Didática das disciplinas. Em 2006, houve o Pnep e os outros programas.

E depois… reformaram-se os formadores, as instituições apostaram em cursos de “ tudo”, encheram quadros em função de “ tudo”, menos de professores! Os departamentos de didática foram fechando, os doutoramentos idem… voltámos aos doutoramentos em linguística ou em educação, mas em estudos de género, sociologia, tic… estudos sobre representações.

Mas onde andam investigação sobre efeitos das práticas nos resultados, marcas de aprendizagem com dispositivos digitais? relação entre as resultados do Pisa e as várias opções pedagógicas tomadas? que escreviam as crianças do Pnep em 2006-2010 e o que escrevem hoje? Quantos livros liam e como? Que escreveram os alunos na pandemia? Que leram? (É fácil comparar cadernos, ver estatísticas das plataformas…)? E durante estes últimos anos?

As bibliografias dos cursos limitam-se quase sempre a artigos dos próprios professores e amigos! Em linguística ou educação em geral… Que livros há de didática na livraria Almedina, por exemplo? Nos anos 80, em Coimbra, havia um piso dedicado às publicações para professores. Há 2 dias, podiam contar-se pelos dedos das mãos. Na internet, quantas investigações podemos ler? Até passam nos crivos das publicações conhecidas e contribuem para os rankings, mas não têm implicações, não são lidas por professores. Tenho de abrir uma exceção: em didática das Ciências e Matemática ainda se vêem alguns. Os manuais nas livrarias e os exercícios dos manuais on line estão completamente desfasados no tempo.

Como não há pensamento em didática, há um desfasamento entre as potencialidades dos meios digitais e as propostas didáticas.

Também não há pensamento didático que suporte a decisão política. Depois da centração nos conteúdos de Crato, houve uma política errática que acompanhou as greves. Com que bases se extinguiram exames? Quais os efeitos? Até pode ter havido efeitos positivos. As competências essenciais estão relacionadas com conteúdos essenciais. Porquê estes discursos opostos? Não é por agora terem voltado a ditados ( sempre os fiz) que os meninos franceses vão aprender melhor. Esta discussão e os maus resultados no Pisa não são só de Portugal.

Houve boas práticas que resolveram problemas. Mas analisem resultados! Promovam formação de professores! Retomem modelos que deram resultado, adequando-os ao contexto! Construam bibliografias básicas! As didáticas das disciplinas são essenciais na formação de professores! Os professores que estão a entrar no sistema têm de adquirir formação em didátida. Não é por se ter x créditos de inglês ou por se ser inglês que se ensina inglês! Não é por haver desempregados entre os estudantes que receberam cursos “ de tudo” ( há designações bem apelativas) que vamos passar a ter professores de português ou de matemática.

 

Resultados do PISA e programas nacionais de formação de professores

 

Habituei-me a escrever estes textos mais curtos no Facebook, mas resolvi voltar ao Blogue.

Todos falam dos resultados do PISA, mas ninguém se interroga sobre as razões dos progressos de 2012 a 2018. Em 2006- 2010 foram lançados programas de formação de professores do 1° Ciclo de Matemática, Ciências e Português destinados a “mudar as práticas dos professores”. Muitos materiais foram elaborados pelas equipas dos programas. A ministra da educação da altura, Maria de Lourdes Rodrigues, adotou algumas medidas que desagradaram aos professores ( com intervenções extremamente infelizes), mas teve a coragem de começar a formação de professores pelo 1° Ciclo ( e os professores aderiram). Infelizmente os programas foram cancelados por ministras mais “modernas” que achavam que alguns dos conteúdos ou atividades que visavam o “ensino” ( sublinho) da leitura ou de escrita, por exemplo, limitavam muito a criatividade. E depois veio o Sr Ministro Crato que achava que haveria professores a mais e que os professores não precisavam de formação e … De um dia para o outro ouvi “ agora já não há Pnep, já não é preciso fazer essas atividades” que exigiam muita leitura, muita escrita, muita expressão oral, muita gramática…

Os materiais ainda andam nos arquivos do Ministério. Não, não estão desatualizados! Não haverá ninguém que os coloque numa plataforma visível? Eu estive na coordenação do PNEP ( Programa Nacional para o Ensino do Português)! Fui paga para estudar, formar professores e produzir materiais!

Faço um balanço muito positivo baseado nos produtos que vi. Os alunos do PNEP poderão ter contribuido para a melhoria dos resultados da avaliação PISA ! Era preciso relacionar, avaliar… Há tanto desperdício de trabalho, de estudo, de materiais…


segunda-feira, 24 de maio de 2021

Serendipity: da definição ao percurso de pintora

 Andava Antígona (nome artístico da pintora ou alter ego de Clara Ferrão) à  procura de  pretexto para novo trabalho, quando, de repente,  disse ah!!! Serendipity. O termo, aparentemente encontrado ao acaso por Antígona, era conhecido de Clara Ferrão e dos seus estudantes de há uns anos. Com efeito, ao estudar neurociências e efeitos das tecnologias nos processos de pesquisa e de descoberta, este termo tinha surgido nas suas aulas. Todos encontramos o que não não queremos ou não estamos a procurar quando folheamos um dicionário ou a ler um artigo científico, um romance, a ver um esquema ou uma pintura, a ouvir uma música. O cérebro vai-se  encarregando de fazer ligações e nem sempre nos informa sobre a sua atividade. E, depois, inesperadamente, o caminho fica aberto. Como referia, na altura, com a WEB 2.0, as ligações tinham-se amplificado deixando mais caminhos abertos, ou como referiu Marie Anne Chabin ,no seu blogue, em 2013, « avec le web 2.0, la sérendipité s'envole ».  

Este foi o processo não propositado de serendipity.  Porque o processo pode não ser propositado. Mas o processo pode ser intencional. Já Pasteur dizia que «le hasard ne favorise que les esprits préparés».  Daí dizer aos meus estudantes que, se não queriam encontrar nada, dificilmente poderiam encontrar alguma coisa na internet.  Só relaciona quem tem algo para relacionar.  Ainda por séréndipité, lembrava-me vagamente que Candide de Voltaire tinha percorrido alguns caminhos de uns príncipes de uma história persa, mas Antígona já vai chegar à história.  


Vejamos as definições de forma desorganizada. 

noun U ]
   formal
UK 
 
/ˌser.ənˈdɪp.ə.ti/
 US 
 
/ˌser.ənˈdɪp.ə.t̬i/
the fact of finding interesting or valuable things by chance
Serendipitous discovery of information is different from purposive information seeking, as it is more about encountering or stumbling upon information when not directly looking for it (Erdelez 199519972005Toms 2000a2000bCunha, 2005Lawley and Tompkins 2008McCay-Peet and Toms, 2010Makri and Blandford 2012a2012b), often drawing a reaction of happiness, surprise or simply an ahah! moment (and, sometimes, disappointment as well). We think of serendipity as chance finding of pertinent information, either when not looking for anything in particular or when looking for information on something else (Cunha, 2005McCay-Peet and Toms, 2010). Both are of interest in this paper.

Solomon, Y (2013)  

Temporal aspects of info-serendipity

https://journals.openedition.org/temporalites/3523?lang=en


When something is discovered accidentally, without prior expectation, and is valuable for its discoverer – it is called ‘serendipity’ (Merton, Barber, 2004). Prominent examples of serendipitous discoveries are usually from the fields of technology, science, or medicine, such as the discovery of penicillin, x-rays, or the unexpected physical effect of sildenafil citrate on men (Morton, [2007] 2011(. However, serendipity has a foothold and a major influence in many other disciplines as well, from the humanities and social sciences (Hazan, Hertzog, 2012; Martin, Quan-Haase, 2016; Namian, Grimard, 2013; Rivoal, Salazar, 2013), through organizational and business environments (Loosemore, 2014; Mendonça, Cunha, Clegg, 2008), to law (Solomon, Bronstein, 2016; Van Andel, Bourcier, 2001). That is also the case with information. Human information-seeking behavior is not restricted to a deliberate search for information in orderly mannered stages, it also includes the chance discovery of information in a dynamic and non-linear manner (Erdelez, 2005; Foster, Ellis, 2014; Foster, Urquhart, 2012; McCay-Peet, Toms, 2015).


Convido os leitores a fazer como Clara Ferrão   e a continuar a leitura.


 E, agora,  Antígona como  fazer o caminho de serendipity para construir um quadro coerente? Que pode ter ou não final feliz. 

Depois das definições , a história dos príncipes de Serendip

https://www.editions-marchaisse.fr/uploads/4/3/7/1/4371660/les_aventures_des_trois_princes_de_serendip.pdf

https://www.editionsdelondres.com/Voyages-et-aventures-des-trois~

A imagem dos príncipes e do rei começam a formar-se.

Depois, nesta pesquisa desarrumada  (ou ao mesmo tempo), surge um café de Nova York e a foto de Andy Warhol

https://www.nytimes.com/2019/09/13/t-magazine/serendipity-3-restaurant.html   

A partir daqui, as mãos e as tintas vão ser necessárias para as articulações com o pensamento e alguns saberes. Haverá quadro? Não sei, mas há caminho em Serendip. 



 


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

Galisson nous a quittés, le premier février 2020... « Pour Denise ... En souvenirs pluriels de Robert »

 En signe d'amitié, quelques amis de Robert Galisson ont envoyé aujourd'hui à Denise Galisson , une brochure avec quelques textes, quelques histoires de rencontres avec le maitre et l'ami.  Daniel Coste, Véronique  Castellotti, Jean-Louis Chiss ont pris cette initiative qui devrait  être suivie d'une rencontre amicale. Malheureusement cette rencontre ne pourra pas avoir lieu en ce moment. A bientôt les amis!  





Voilà  3 petites « histoires»  racontées par des amis de Robert :  la mienne, celle de Daniel Coste et celle   de Francis Yaiche









 

Escola ou Escolas, em tempos de COVID

 Notas soltas publicadas no Facebook

A propósito do artigo de 1 de fevereiro, no jornal Público, intitulado « No ensino a distância, não basta ligar os computadores»

Convém não esquecer a regra « 3-6-9-12 ». Os tempos contraídos do digital (e da televisão) nnão são os mesmos da comunicação analógica! A Escola digital tem de ser diferente da Escola analógica. O papel continua a ser o melhor suporte para crianças pequenas. As mãos ( e o corpo) têm de tocar, mexer-se para a criança pensar e verbalizar. A plataforma, durante 15 minutos, serve para a professora contar uma história. Para as crianças verem e dizerem aos amigos o que quiserem, para descreverem desenho feito...
Não, não estão estão enganados. Sou mesmo a co-autora de « Implicações das Tic na aula de Português ».
« Mais que signifie au juste la règle « 3-6-9-12 » ? Rappelons la brièvement
1. Pas d’écran avant 3 ans, ou tout au moins les éviter le plus possible
Parce que de nombreux travaux montrent que l’enfant de moins de trois ans ne gagne rien à la fréquentation des écrans[[Voir à ce sujet Tisseron S., Les dangers de la télé pour les bébés, 2009, Toulouse : Eres.]].
2. Pas de console de jeu portable avant 6 ans
Aussitôt que les jeux numériques sont introduits dans la vie de l’enfant, ils accaparent toute son attention, et cela se fait évidemment aux dépens de ses autres activités. En outre, avant que l’enfant ne sache lire, les seuls jeux possibles sont sensori moteurs et basés sur la stéréotypie motrice[[Voir à ce sujet Tisseron S., Qui a peur des jeux vidéo ? , 2008, Paris : Albin Michel (en collaboration avec Isabelle Gravillon).]].
3. Pas d’Internet avant 9 ans, et Internet accompagné jusqu’à l’entrée en collège
L’accompagnement des parents sur Internet n’est pas seulement destiné à éviter que l’enfant y soit confronté à des images difficilement supportables. Il doit lui permettre d’intégrer trois règles essentielles : tout ce que l’on y met peut tomber dans le domaine public, tout ce que l’on y met y restera éternellement, et tout ce que l’on y trouve est sujet à caution parce qu’il est impossible de savoir si c’est vrai ou si c’est faux.
4. Internet seul à partir de 12 ans, avec prudence
Là encore, un accompagnement des parents est nécessaire. Il faut définir avec l’enfant des règles d’usage, convenir d’horaires prédéfinis de navigation, mettre en place un contrôle parental… »

Mensagem aberta a Secretário de Estado

Caro Secretário de Estado, Desculpe tratá-lo assim e mandar-lhe mensagem informal. Já nos cruzámos em tempos do PNEP (fazia parte da Comissão Nacional). Ao longo de 40 anos, irritava-me o seguinte comentário da parte dos professores «  tenho de dar o programa », declinado em termos diferentes, conforme as épocas e as correntes pedagógicas «  modas », em «  competências » e «  saberes essenciais », « aprendizagens básicas, essenciais »... Continuo a ver e até compreendo a reação do ministério para evitar que os mais desfavorecidos saiam pior desta situação. Compreendo todos os esforços de Ministério, escolas e saúdo particularmente a «  escola em casa »... Tenho memória de um ano especial da minha vida: o ano da Crise Académica em que não tive aulas de 17 de abril a novembro de 1969. Estudei conteúdos para exames sozinha, mas aprendi muito mais na «  escola paralela » com o «  programa alternativo » improvisado pela Associação Académica. Foram as maiores aprendizagens para a minha vida! Não perdi nada! Ganhei muito! A televisão é a instituição mais democrática a seguir à escola, como tem sido afirmado por muitos especialistas da comunicação. Por que não esquecer durante 15 dias, um mês de «  dar o programa » e criar um programa alternativo para crianças e para jovens? Com 3 ou 4 filmes que todos deveriam ver, por exemplo, o documentário transmitido pela RTP 2 sobre os refugiados judeus em Portugal, («Debaixo do céu») para não falar da «  Lista de Schindler », filmes mais «  fortes » ou mais leves e animados como «  Escola de mulheres » ( creio que é o título do último filme que vi no cinema) ... séries como «  Isto é ópera » da TVE, documentários sobre ambiente... visitas a museus em 3 minutos... Quando se utilizam os média, há que esquecer os tempos da escola e adotar tempo «  contraído ». Um dos problemas da «  escola em casa » de que gosto, apesar de tudo, é a questão do tempo. A «  Rua Sésamo » foi um excelente exemplo de programa educativo para todas as crianças. O «  Jornalinho » idem... Seria uma espécie de RTP 2 ao serviço da Escola, num horário conveniente. Enfim, não proponho « sobredose de cultura », mas um programa «  nacional ». Fazer para todos os alunos um programa como fazemos com os nossos filhos. Sei que contraria os princípios que sempre defendi. Comecei a linha carreira de orientadora pedagógica em 1977 e fiz Agregação em Educação em 2000. Com este «  programa » não haveria, formalmente, « individualização das aprendizagens », «  centração sobre o aprendente », nem «  flexibilidades curriculares » ... mas haveria um programa para formar cidadãos. Não é esse o objetivo da educação?
Creio que temos de nos esquecer de alguns princípios da «  escola normal » e propor, com os meios de que dispomos uma « escola paralela », convergente?, divergente? Não falo dos exercícios on line que reproduzem, muitas vezes, o que há de mais tradicional. Mas... aprende-se com tudo. Também não falo das potencialidades das plataformas, porque como sabe, quase todos os professores as adoptaram. Nesta fase não podemos avaliar usos. Mas sabemos que não é a disponibilização individual de computadores que impede os usos desiguais. Desculpe esta mensagem, escrita no iphone, em manhã de domingo confinado. Já escrevi muitos textos publicados, até sobre escola confinada, mas este é um desabafo. Estou a pensar em voz alta... Um agradecimento como cidadã e professora pelo seu desempenho de funções, numa época destas.

Homenagem a Santana Castilho

Não me despedi do Professor e amigo, porque, há uns tempos, deixei de ler os seus artigos e a Covid impede-me de estar hoje com ele. Mas, vo...