Andava Antígona (nome artístico da pintora ou alter ego de Clara Ferrão) à procura de pretexto para novo trabalho, quando, de repente, disse ah!!! Serendipity. O termo, aparentemente encontrado ao acaso por Antígona, era conhecido de Clara Ferrão e dos seus estudantes de há uns anos. Com efeito, ao estudar neurociências e efeitos das tecnologias nos processos de pesquisa e de descoberta, este termo tinha surgido nas suas aulas. Todos encontramos o que não não queremos ou não estamos a procurar quando folheamos um dicionário ou a ler um artigo científico, um romance, a ver um esquema ou uma pintura, a ouvir uma música. O cérebro vai-se encarregando de fazer ligações e nem sempre nos informa sobre a sua atividade. E, depois, inesperadamente, o caminho fica aberto. Como referia, na altura, com a WEB 2.0, as ligações tinham-se amplificado deixando mais caminhos abertos, ou como referiu Marie Anne Chabin ,no seu blogue, em 2013, « avec le web 2.0, la sérendipité s'envole ».
Este foi o processo não propositado de serendipity. Porque o processo pode não ser propositado. Mas o processo pode ser intencional. Já Pasteur dizia que «le hasard ne favorise que les esprits préparés». Daí dizer aos meus estudantes que, se não queriam encontrar nada, dificilmente poderiam encontrar alguma coisa na internet. Só relaciona quem tem algo para relacionar. Ainda por séréndipité, lembrava-me vagamente que Candide de Voltaire tinha percorrido alguns caminhos de uns príncipes de uma história persa, mas Antígona já vai chegar à história.
Vejamos as definições de forma desorganizada.
Solomon, Y (2013)
Temporal aspects of info-serendipity
https://journals.openedition.org/temporalites/3523?lang=en
When something is discovered accidentally, without prior expectation, and is valuable for its discoverer – it is called ‘serendipity’ (Merton, Barber, 2004). Prominent examples of serendipitous discoveries are usually from the fields of technology, science, or medicine, such as the discovery of penicillin, x-rays, or the unexpected physical effect of sildenafil citrate on men (Morton, [2007] 2011(. However, serendipity has a foothold and a major influence in many other disciplines as well, from the humanities and social sciences (Hazan, Hertzog, 2012; Martin, Quan-Haase, 2016; Namian, Grimard, 2013; Rivoal, Salazar, 2013), through organizational and business environments (Loosemore, 2014; Mendonça, Cunha, Clegg, 2008), to law (Solomon, Bronstein, 2016; Van Andel, Bourcier, 2001). That is also the case with information. Human information-seeking behavior is not restricted to a deliberate search for information in orderly mannered stages, it also includes the chance discovery of information in a dynamic and non-linear manner (Erdelez, 2005; Foster, Ellis, 2014; Foster, Urquhart, 2012; McCay-Peet, Toms, 2015).
Convido os leitores a fazer como Clara Ferrão e a continuar a leitura.
E, agora, Antígona como fazer o caminho de serendipity para construir um quadro coerente? Que pode ter ou não final feliz.
Depois das definições , a história dos príncipes de Serendip
https://www.editions-marchaisse.fr/uploads/4/3/7/1/4371660/les_aventures_des_trois_princes_de_serendip.pdf
https://www.editionsdelondres.com/Voyages-et-aventures-des-trois~
A imagem dos príncipes e do rei começam a formar-se.
Depois, nesta pesquisa desarrumada (ou ao mesmo tempo), surge um café de Nova York e a foto de Andy Warhol
https://www.nytimes.com/2019/09/13/t-magazine/serendipity-3-restaurant.html
A partir daqui, as mãos e as tintas vão ser necessárias para as articulações com o pensamento e alguns saberes. Haverá quadro? Não sei, mas há caminho em Serendip.
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