Formação de professores… em 2024...
E agora?
Não há professores, não há formadores e não há pensamento estruturado em
didática das disciplinas…
Não vai ser fácil, mas já vivemos situação semelhante nos anos 70- 80! Em
1976, havia uns 20 formadores para cada disciplina a nível nacional. Eu, com 24
aninhos, fui a formadora mais nova neste grupo de “metodólogos” de francês!
Mandaram-nos para França, chamaram especialistas de Didática de França, de
Inglaterra, do Canadá… Foram elaboradas bibliigrafias mínimas ( José Afonso Baptista
obrigada!). Começaram muitos mestrados e doutoramentos. Formaram-se os
professores que iriam apoiar os professores com habilitação própria (
profissionalização em serviço, exercício… ). Houve n colóquios em didática das
disciplinas. Houve pensamento estruturado, investigação, mestrados,
doutoramentos, congressos, mobilização de associações, publicações… Insisto “
pensamento estruturado em Didática das disciplinas. Em 2006, houve o Pnep e os
outros programas.
E depois… reformaram-se os formadores, as instituições apostaram em cursos
de “ tudo”, encheram quadros em função de “ tudo”, menos de professores! Os
departamentos de didática foram fechando, os doutoramentos idem… voltámos aos
doutoramentos em linguística ou em educação, mas em estudos de género,
sociologia, tic… estudos sobre representações.
Mas onde andam investigação sobre efeitos das práticas nos resultados,
marcas de aprendizagem com dispositivos digitais? relação entre as resultados
do Pisa e as várias opções pedagógicas tomadas? que escreviam as crianças do
Pnep em 2006-2010 e o que escrevem hoje? Quantos livros liam e como? Que
escreveram os alunos na pandemia? Que leram? (É fácil comparar cadernos, ver
estatísticas das plataformas…)? E durante estes últimos anos?
As bibliografias dos cursos limitam-se quase sempre a artigos dos próprios
professores e amigos! Em linguística ou educação em geral… Que livros há de
didática na livraria Almedina, por exemplo? Nos anos 80, em Coimbra, havia um
piso dedicado às publicações para professores. Há 2 dias, podiam contar-se
pelos dedos das mãos. Na internet, quantas investigações podemos ler? Até
passam nos crivos das publicações conhecidas e contribuem para os rankings, mas
não têm implicações, não são lidas por professores. Tenho de abrir uma exceção:
em didática das Ciências e Matemática ainda se vêem alguns. Os manuais nas
livrarias e os exercícios dos manuais on line estão completamente desfasados no
tempo.
Como não há pensamento em didática, há um desfasamento entre as
potencialidades dos meios digitais e as propostas didáticas.
Também não há pensamento didático que suporte a decisão política. Depois da
centração nos conteúdos de Crato, houve uma política errática que acompanhou as
greves. Com que bases se extinguiram exames? Quais os efeitos? Até pode ter
havido efeitos positivos. As competências essenciais estão relacionadas com
conteúdos essenciais. Porquê estes discursos opostos? Não é por agora terem
voltado a ditados ( sempre os fiz) que os meninos franceses vão aprender
melhor. Esta discussão e os maus resultados no Pisa não são só de Portugal.
Houve boas práticas que resolveram problemas. Mas analisem resultados!
Promovam formação de professores! Retomem modelos que deram resultado,
adequando-os ao contexto! Construam bibliografias básicas! As didáticas das
disciplinas são essenciais na formação de professores! Os professores que estão
a entrar no sistema têm de adquirir formação em didátida. Não é por se ter x
créditos de inglês ou por se ser inglês que se ensina inglês! Não é por haver
desempregados entre os estudantes que receberam cursos “ de tudo” ( há
designações bem apelativas) que vamos passar a ter professores de português ou
de matemática.
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