Um exemplo que vou dar, em Faro.
Sobre Metas Curriculares de Inglês no 1º Ciclo
Já acabou o prazo para a consulta, mas, só agora, encontrei este documento!
Antes de avançar com algumas afirmações polémicas, vejam os Quadros DELMAS . São lindos e datam do início do século XX! Eram o material de apoio do Método Direto.
As metas do Inglês para o primeiro ciclo também devem ser de 1907, data em que foi oficialmente adotado o Método Direto, entre nós! Não serão?
Baseado nas «lições das coisas» de Marie Montessori, a abordagem lexical partia dos objetos da aula para temáticas como a casa, as estações do ano, os transportes, Mas a abordagem partia das «coisas» contextualizadas, recorrendo a imagens de contextualização dos países onde se falavam as línguas em questão. Alguns de nós ainda vimos esses quadros (lindos!) nas nossas escolas. Embora se partisse dos nomes das coisas, pretendia-se uma abordagem holística. Eram um convite a sair da sala de aula, a viajar...
E agora a anedota...
Os pais de um menino português de 2 anos, numa creche em Espanha, recebe uma ficha em que diz que o menino não atingiu «a meta» seguinte: «não pinta com esponja»!
Chegámos a este ponto!
E agora vamos às metas de Inglês....
«No 3.º ano, a organização dos conteúdos lexicais baseia-se nas quatro estações do ano: outono,
inverno, primavera e verão; no 4.º ano, optou-se por uma sequência de dez temas,
coincidentes com os dez meses do ano escolar: Starting school, Keep our school clean, What we Página 4 wear, Christmas, Where we live, Having fun, Let’s visit the animals, Spring is here, The sun isshining e The holidays are coming».
Vejam lá se os títulos não coincidem com os dos quadros DELMAS!
Mas avancemos...
«3. Conhecer vocabulário simples do dia a dia
1. Reconhecer nomes próprios.
2. Reconhecer nomes de alguns países.
3. Identificar membros da família restrita (mother, brother).
4. Identificar números até 20.
5. Identificar os dias da semana.
6. Identificar os meses do ano.
7. Identificar nomes de alguns meios de transporte.
8. Identificar estados emocionais (I’m sad, I’m happy).
4. Conhecer vocabulário simples de forma contextualizada com base nas estações do ano
1. Identificar vocabulário relacionado com o outono
• Condições climatéricas (chilly, cloudy).
• Vestuário e calçado (jumper, shoes).Página 8
• Cores (grey/clouds, brown/leaves).
• Atividades (collecting leaves, eating chestnuts).
• Estados físicos (I’m tired, ..»
Temos conteúdos lexicais transformados em metas...
Que abordagem pode decorrer desta definição de metas? Uma abordagem behaviorista. Mas poderão dizer-me. «Nos métodos audio-visuais (anos 70-90) a abordagem era behaviorista!» Sim mas a partir de diálogos-situações!
Depois dos MAV muita água correu, muita investigação foi feita em Didática das Línguas, em Neurociências, em Psicologia, em receção dos médias!
Piaget já não conheceu os meninos dos média que são meninos da narratividade (Egan, Roldão até já referiam nos anos 90 que os meninos começam a conhecer o mundo através da narratividade, a partir do abstrato, oposições entre maus e bons... nas histórias tradicionais!). E hoje, as ilustrações dos livros infantis são abstratas, são simbólicas (Só as dos manuais, as dos quadros interativos multimédia e de produtos pedagógicos multimédia comerciais são concretas!) Os meninos acedem ao abstrato antes do concreto... vejam-se os jogos que lhes oferecemos no Natal!
Dizem as autoras que partem do QECR. Os autores ficam horrorizados com algumas leituras que se estão a fazer do Quadro! Embora haja descritores, o QECR que era um documento que definia uma abordagem plurilingue, destinada à ação (ver outros comentários) foi reduzido a tabelas com os descritores relativos aos níveis!
Por favor leiam o Quadro todo!
Para os meninos, a abordagem deverá ser holística e as línguas estrangeiras são para conhecer o diferente, o exótico, para viajar, viagem real ou virtureal. Visitar um museu (http://www.moma.org/interactives/destination/destination.html) um jardim, descobrir meninos de outros países, jovens cantores, pintores, músicos...Ora a Internet está em muitas escolas... Mas não só... eu não tive Internet e viajei em francês antes de o poder fazer. Só quando tive de escrever 3 composições em português, em francês, em inglês sobre o dia em que nevou em Coimbra... ia desistindo das línguas! É isso que leio nos estudos sobre as línguas. Servem para sair da Escola!(Michel Serrres)
A abordagem implícita nas metas é uma abordagem de colagem à Escola, ao Português, ao Estudo do Meio. Os autores do Quadro têm estudos sobre as línguas nas outras matérias na Plateform,
A platform of resources and references
mas a abordagem parte das operações cognitivas comuns às diferentes matérias: contar, descrever, enumerar... não do léxico comum!
Para sabermos o nome dos objetos do quotidiano não precisamos das línguas estrangeiras. A ação faz-se na língua materna!
Há tantos estudos sobre o ensino das línguas nos primeiros anos! Mesmo em Portugal! Já agora... há uma brochura publicada pelo Ministério da Educação que pode ajudar As Implicações das TIC
no Ensino da Língua (A página da DGIDC com brochuras do PNEP já não está ativa, mas consegue-se aceder com o título)Tantos estudos de grupos internacionais, REDINTER, por exemplo!
Bachelard fala de «terrorismo dos números». Muitas metas (não só estas) são «behaviorismo terrorista»!
E já agora, para os leitores deste blogue: Atingiram todas as metas do 1º ciclo ou têm de voltar à escola?
Sobre Metas Curriculares de Inglês no 1º Ciclo
Já acabou o prazo para a consulta, mas, só agora, encontrei este documento!
Antes de avançar com algumas afirmações polémicas, vejam os Quadros DELMAS . São lindos e datam do início do século XX! Eram o material de apoio do Método Direto.
As metas do Inglês para o primeiro ciclo também devem ser de 1907, data em que foi oficialmente adotado o Método Direto, entre nós! Não serão?
Baseado nas «lições das coisas» de Marie Montessori, a abordagem lexical partia dos objetos da aula para temáticas como a casa, as estações do ano, os transportes, Mas a abordagem partia das «coisas» contextualizadas, recorrendo a imagens de contextualização dos países onde se falavam as línguas em questão. Alguns de nós ainda vimos esses quadros (lindos!) nas nossas escolas. Embora se partisse dos nomes das coisas, pretendia-se uma abordagem holística. Eram um convite a sair da sala de aula, a viajar...
E agora a anedota...
Os pais de um menino português de 2 anos, numa creche em Espanha, recebe uma ficha em que diz que o menino não atingiu «a meta» seguinte: «não pinta com esponja»!
Chegámos a este ponto!
E agora vamos às metas de Inglês....
«No 3.º ano, a organização dos conteúdos lexicais baseia-se nas quatro estações do ano: outono,
inverno, primavera e verão; no 4.º ano, optou-se por uma sequência de dez temas,
coincidentes com os dez meses do ano escolar: Starting school, Keep our school clean, What we Página 4 wear, Christmas, Where we live, Having fun, Let’s visit the animals, Spring is here, The sun isshining e The holidays are coming».
Vejam lá se os títulos não coincidem com os dos quadros DELMAS!
Mas avancemos...
«3. Conhecer vocabulário simples do dia a dia
1. Reconhecer nomes próprios.
2. Reconhecer nomes de alguns países.
3. Identificar membros da família restrita (mother, brother).
4. Identificar números até 20.
5. Identificar os dias da semana.
6. Identificar os meses do ano.
7. Identificar nomes de alguns meios de transporte.
8. Identificar estados emocionais (I’m sad, I’m happy).
4. Conhecer vocabulário simples de forma contextualizada com base nas estações do ano
1. Identificar vocabulário relacionado com o outono
• Condições climatéricas (chilly, cloudy).
• Vestuário e calçado (jumper, shoes).Página 8
• Cores (grey/clouds, brown/leaves).
• Atividades (collecting leaves, eating chestnuts).
• Estados físicos (I’m tired, ..»
Temos conteúdos lexicais transformados em metas...
Que abordagem pode decorrer desta definição de metas? Uma abordagem behaviorista. Mas poderão dizer-me. «Nos métodos audio-visuais (anos 70-90) a abordagem era behaviorista!» Sim mas a partir de diálogos-situações!
Depois dos MAV muita água correu, muita investigação foi feita em Didática das Línguas, em Neurociências, em Psicologia, em receção dos médias!
Piaget já não conheceu os meninos dos média que são meninos da narratividade (Egan, Roldão até já referiam nos anos 90 que os meninos começam a conhecer o mundo através da narratividade, a partir do abstrato, oposições entre maus e bons... nas histórias tradicionais!). E hoje, as ilustrações dos livros infantis são abstratas, são simbólicas (Só as dos manuais, as dos quadros interativos multimédia e de produtos pedagógicos multimédia comerciais são concretas!) Os meninos acedem ao abstrato antes do concreto... vejam-se os jogos que lhes oferecemos no Natal!
Dizem as autoras que partem do QECR. Os autores ficam horrorizados com algumas leituras que se estão a fazer do Quadro! Embora haja descritores, o QECR que era um documento que definia uma abordagem plurilingue, destinada à ação (ver outros comentários) foi reduzido a tabelas com os descritores relativos aos níveis!
Por favor leiam o Quadro todo!
Para os meninos, a abordagem deverá ser holística e as línguas estrangeiras são para conhecer o diferente, o exótico, para viajar, viagem real ou virtureal. Visitar um museu (http://www.moma.org/interactives/destination/destination.html) um jardim, descobrir meninos de outros países, jovens cantores, pintores, músicos...Ora a Internet está em muitas escolas... Mas não só... eu não tive Internet e viajei em francês antes de o poder fazer. Só quando tive de escrever 3 composições em português, em francês, em inglês sobre o dia em que nevou em Coimbra... ia desistindo das línguas! É isso que leio nos estudos sobre as línguas. Servem para sair da Escola!(Michel Serrres)
A abordagem implícita nas metas é uma abordagem de colagem à Escola, ao Português, ao Estudo do Meio. Os autores do Quadro têm estudos sobre as línguas nas outras matérias na Plateform,
LANGUAGES IN EDUCATION, LANGUAGES FOR EDUCATION
A platform of resources and references
for plurilingual and intercultural education
mas a abordagem parte das operações cognitivas comuns às diferentes matérias: contar, descrever, enumerar... não do léxico comum!Para sabermos o nome dos objetos do quotidiano não precisamos das línguas estrangeiras. A ação faz-se na língua materna!
Há tantos estudos sobre o ensino das línguas nos primeiros anos! Mesmo em Portugal! Já agora... há uma brochura publicada pelo Ministério da Educação que pode ajudar As Implicações das TIC
no Ensino da Língua (A página da DGIDC com brochuras do PNEP já não está ativa, mas consegue-se aceder com o título)Tantos estudos de grupos internacionais, REDINTER, por exemplo!
Bachelard fala de «terrorismo dos números». Muitas metas (não só estas) são «behaviorismo terrorista»!
E já agora, para os leitores deste blogue: Atingiram todas as metas do 1º ciclo ou têm de voltar à escola?
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