No momento em que o filósofo francês Michel Serres nos deixou, convirá prestar-lhe homenagem. A memória é fundamental para compreender as instituições e preparar o futuro das mesmas. Michel Serres nunca esteve no IPS. Mas, o IPS deve-lhe muito. Os conceitos que elaborou estiveram ou estão presentes nos documentos programáticos de diferentes unidades. Não sei se todos se lembrarão e identificarão o autor de alguns conceitos, mas é minha obrigação enquanto docente do IPS associar-me a todos os que, hoje, escrevem sobre o grande Filósofo francês.
Michel Serres também esteve presente nos meus programas de unidades curriculares e na organização das minhas aulas, como ex-estudantes se lembrarão. Também inspiraram a pintora Antígona que irá apresentar, em setembro, na Galeria da Câmara Municipal de Almeirim, uma exposição intitulada «Mestiçagem de culturas». Mas essas dimensões serão abordadas em outro post.
Aqui, é da sua «presença» no IPS, em vários momentos, alguns apagados, como o projeto de Escola Superior de Saúde que coordenei, enquanto Vice-Presidente do IPS. No projeto desta Escola, que viria a conhecer um caminho diferente do que estava traçado e que desconheço, as tele-medicinas cruzavam-se com saberes humanísticos, artísticos e científicos... Espero que este cruzamento, ainda, seja uma prioridade da nova Escola, dada a necessidade de formar «mestiços de culturas» científicas, tecnológicas, mas sempre com a dimensão humanística, em Saúde.
Há outros momentos em que Michel Serres foi convocado na história do IPS. Por exemplo, no Anuário do IPS de 1999-2000, que coordenei. Mas o filósofo francês foi sobretudo convocado por um pintor do IPS, José Manuel Soares, pintor e professor da ESE, que criou uma metáfora visual de «Arlequim: um mestiço de culturas». O IPS deveria ser esse «Arlequim». O trabalho original deve, possivelmente, encontrar-se no Gabinete da Presidência do IPS.
Anuário do IPS 1999-2000
Como a minha memória me pode falhar, o melhor, para reavivar a memória da Instituição, consiste em reproduzir, aqui, o meu discurso de criação da Unidade de Investigação do Politécnico, enquanto Diretora desta Unidade, em 2010:
Neste momento em que o filósofo Michel Serres nos deixou, presto , assim, a minha homenagem emocionada, enquanto Professora coordenadora aposentada do Instituto Politécnico de Santarém, a este grande Mestre.
Michel Serres também esteve presente nos meus programas de unidades curriculares e na organização das minhas aulas, como ex-estudantes se lembrarão. Também inspiraram a pintora Antígona que irá apresentar, em setembro, na Galeria da Câmara Municipal de Almeirim, uma exposição intitulada «Mestiçagem de culturas». Mas essas dimensões serão abordadas em outro post.
Aqui, é da sua «presença» no IPS, em vários momentos, alguns apagados, como o projeto de Escola Superior de Saúde que coordenei, enquanto Vice-Presidente do IPS. No projeto desta Escola, que viria a conhecer um caminho diferente do que estava traçado e que desconheço, as tele-medicinas cruzavam-se com saberes humanísticos, artísticos e científicos... Espero que este cruzamento, ainda, seja uma prioridade da nova Escola, dada a necessidade de formar «mestiços de culturas» científicas, tecnológicas, mas sempre com a dimensão humanística, em Saúde.
Há outros momentos em que Michel Serres foi convocado na história do IPS. Por exemplo, no Anuário do IPS de 1999-2000, que coordenei. Mas o filósofo francês foi sobretudo convocado por um pintor do IPS, José Manuel Soares, pintor e professor da ESE, que criou uma metáfora visual de «Arlequim: um mestiço de culturas». O IPS deveria ser esse «Arlequim». O trabalho original deve, possivelmente, encontrar-se no Gabinete da Presidência do IPS.
Anuário do IPS 1999-2000
Como a minha memória me pode falhar, o melhor, para reavivar a memória da Instituição, consiste em reproduzir, aqui, o meu discurso de criação da Unidade de Investigação do Politécnico, enquanto Diretora desta Unidade, em 2010:
«Declaro o nascimento da Unidade
de investigação do IPS: UIIPS
A Unidade de
Investigação do IPS tem como conceito
e missão contribuir para a “produção e difusão do
conhecimento, criação, transmissão e difusão do saber de natureza profissional,
da cultura, da ciência, da tecnologia, das artes, da investigação orientada e
do desenvolvimento experimental”, de acordo
com os estatutos do IPS, publicados no Diário da República, 2.ª série,
N.º 214 de 4 de Novembro de 2008.
Na sequência desta frase
dos Estatutos do IPS, a UIIPS adoptou o conceito de «mestiçagem de Culturas», ou
prevê-se que adopte porque o Regulamento não está aprovado ainda, designação que resulta de um empréstimo
lexical ao filósofo francês Michel Serres, na obra « Le tiers instruit».
Retomo então a
frase de Michel Serres: «o cidadão
do futuro é Arlequim: um mestiço
de culturas : científica, tecnológica, artística, humanística».
Foi a partir desta
citação que, em 1997, propus ao Senhor Presidente do IPS, na qualidade de Vice- Presidente do IPS e
coordenadora dos IP para a organização do Congresso sobre investigação, a
encomenda ao pintor e docente deste Instituto José Manuel
Soares de uma obra que retomasse a metáfora de « Arlequim, mestiço de culturas» do filósofo francês, desenvolvida em livro, publicado na altura, «Le tiers Instruit».
Arlequim, que começa por ser uma
personagem da comédia italiana que faz divertir o público, para se transformar,
no século XVIII, numa personagem mais espiritual,
sensível e com profundidade dramática, sem perder o humor.
Temos assim os
conceitos de Arlequim, vestido de várias
peças, capaz de transformação, com rigor, sensibilidade e humor. As peças coloridas encontram-se no quadro, compondo o conceito
de puzzle Foi por isso que gostei desta
metáfora linguística e icónica.
Mas a maior «transformação» foi operada pelo pintor José Manuel Soares que, além do conceito
de diversidade expresso através do
puzzle, do colorido, retomou, em
palimpsesto, a representação do homem de
Vitrúvio de Leonardo da Vinci. E já estamos a ver a
articulação entre Roma, o Renascimento e os nossos dias: metáforas da construção,
da articulação de temporalidades diferentes, de transformação, de harmonia, de
confiança nas descobertas do Homem.
Vitrúvio, arquitecto romano - dele deriva o conceito de rigor, de
equilíbrio, de construção. Leonardo da Vinci,
escultor, arquitecto, engenheiro, pintor, físico, matemático,
investigador em anatomia, organizador de festas, em resumo investigador, cientista, artista, inventor, um «mestiço de
culturas». Assim, em palimpsesto, podemos encontrar nesta tela, reproduzida no
Anuário do IPS de 1999-2000 do IPS que coordenei, as metáforas da harmonia, da mestiçagem entre
domínios do saber e artes, cultura, versatilidade e profundidade. Acho que
devemos ao Investigador, artista e
professor José Manuel Soares uma salva de palmas pelo seu trabalho que
constitui um marco na história do Instituto.
São todos estes
conceitos que deverão caracterizar a UIIPS que se apropriou desta representação pictórica: Construção transformação,
equilíbrio, rigor, qualidade estética, harmonia, confiança, diversidade,
versatilidade, profundidade, mestiçagem ou interdisciplinaridade.
São estes os nosso
conceito de UIIPS e que estão declinados
no programa que propusemos ao Conselho Científico (eu e o Vice-Presidente Pedro
Sequeira) e que iremos apresentar em seguida.
Promover a
articulação entre culturas, do passado do presente, antecipar o futuro,
aumentar a intervenção, contribuir para o desenvolvimento é esta a finalidade
da UIIPS. Dar visibilidade à
investigação que tem de estar na base da
docência e da intervenção, passar da investigação individual ou de pequenas
equipas para redes de conhecimento; responder
às necessidades de desenvolvimento da região e simultaneamente
internacionalizar a investigação são objectivos
que fazem parte desse programa.
(...)
Criar uma
identidade, uma cultura de «mestiçagem de culturas» é a nossa grande
dificuldade, mas, simultaneamente, o nosso maior desafio. Todos somos funcionários
do IPS, todos somos docentes das Escolas e todos somos investigadores da UIIPS.
Esta é a partir de hoje uma componente
da nossa identidade. Da nossa parte, tudo faremos para a criar e desenvolver
essa identidade. Contamos com todos».
Retirado do discurso de tomada de posse da Diretora e Sub-Diretor da UIIPS, em 2010.
Neste momento em que o filósofo Michel Serres nos deixou, presto , assim, a minha homenagem emocionada, enquanto Professora coordenadora aposentada do Instituto Politécnico de Santarém, a este grande Mestre.
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