sexta-feira, 25 de maio de 2018

Matriz de histórias: «Le tarot des mille et un contes», por Antígona

Nos anos 90 do século passado, Francis Debyser e Christian Estrade (apoiados em Propp e Greimas)  propuseram aos professores de línguas um material didático (cartas de jogar) destinado à construção de histórias: Le tarot des millle et un contes. Sucederam-se várias versões, por diferentes autores, de matrizes para a construção  de histórias.   Em 1997, Clara Ferrão e Josette Fróis, publicaram uma gramática para o ensino do português no 1º Ciclo intitulada «Era uma vez... uma gramática em histórias». Propuseram, então, uma versão em formato de dados que construíam, muitas vezes, com estudantes do Curso de Professores de Ensino Básico. As ilustrações eram de uma aluna-futura professora.
... e agora... Antígona, para inauguração de exposição, na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho, em Coja, organizada pela Câmara Municipal de Arganil , de 6 a 30 de junho, resolveu pintar, também ela, um Tarot, que suscitasse da parte dos visitantes a construção de histórias. Para que o visitante-criança  pudesse descobrir pintores clássicos, Antígona foi buscar a Paul Klee os espaços, a Picasso sugestões para os heróis, a Kandinsky sugestões de  objetos, a Van Gogh  de adjuvantes. Propôs, ela própria, sugestão de oponentes e, para a resolução... os fios de Giacometti  servem de pretexto. O sol de Munch foi revisitado para sugerir finais felizes... Outras faces de dados, ou cartas... permitem  a construção de outras histórias. «As imagens abstratas geram maior produção verbal», diz Clara Ferrão, apoiada em vários autores. 
    Aos visitantes cabe a tarefa de contar histórias...

terça-feira, 15 de maio de 2018

Didática das línguas-culturas, supervisão e comunicação multimodal

Encontro sobre Supervisão e Avaliação na vida das Escolas

Vai decorrer na ESE de Castelo Branco , nos dias 8 e 9 de junho.

A organização  pediu-me para fazer  palestra sobre Didática das Línguas- Culturas.

Como uma das características da comunicação de hoje é a deslocalização, a palestra vai começar, aqui e agora, sob a forma de apontamentos, de acordo com definição de blogue.

Tendo realizado 3 comunicações em pouco tempo sobre assuntos próximos, convido o leitor  a consultar os tópicos seguintes:
https://universidadedepasargada.blogspot.pt/2018/04/didlang2018-coloquio-de-didatica-das.html
https://universidadedepasargada.blogspot.pt/2018/04/apedi-2018-conferencia-sobre.html

A bibliografia está parcialmente nesses outros tópicos.


RESUMO

Didática das línguas-culturas, supervisão e comunicação multimodal
«Ver para crer» ou… ver para  pensar, comunicar e agir



Retomando a expressão ou o provérbio «Ver para crer (como São Tomé)», em subtítulo, procurarei mostrar  como a  investigação em didática das línguas.-culturas   em comunicação multimodal é importante  para agir sobre o terreno, antecipar efeitos das inovações e propor formas de melhorar as aprendizagens e a relação pedagógica. Estas dimensões, também visadas em supervisão, estão interligadas, como decorre da própria definição de comunicação multimodal, entendida como «processo cognitivo, neurológico, relacional, empático que implica um conjunto de modos em
 interação,  envolvendo o corpo (corporização da verbalização e do pensamento)  e que se traduz na ação dos participantes na situação de comunicação (espaço e tempo)» (Ferrão Tavares, 2016).
 Apoiando-me  em exemplos extraídos de comunicações profissionais apresentadas em dispositivos públicos (como as conferências TED)  ou  registos de aula no formato « A minha tese em 3 minutos», distinguirei alguns elementos de coerência dos discursos multimodais, nomeadamente, metáforas e palimpsestos verbais e icónicos, marcas verbais e não verbais de operações cognitivas e discursivas comuns aos discursos das diferentes disciplinas escolares (definir, exemplificar, comparar, parafrasear, resumir, argumentar…). Colocarei em evidência a necessidade de observar interações entre o  corpo e os dispositivos tecnológicos, em articulação com meios icónicos e linguísticos, em  tempos e espaços  reais e virtuais.
Procurarei enfatizar a necessidade de adotar, em supervisão, dispositivos de videoformação que permitam que o professor aprenda a desempenhar diferentes papéis discursivos, como o de explicador, o de contador de histórias ou de crítico… papéis que são transversais às diferentes disciplinas escolares e que integram a competência comunicativa do professor.  
Em consonância com a definição de comunicação multimodal, a  preparação da comunicação é pública, podendo  ser seguida, em processo de construção, em
https://universidadedepasargada.blogspot.pt/2018/05/didatica-das-linguas-culturas.html




Formato narrativo justificado em
https://universidadedepasargada.blogspot.pt/2018/04/apedi-2018-conferencia-sobre_24.html


Poderia começar a minha comunicação de três  maneiras:
Mostrando o papel das diferentes disciplinas para o meu percurso profissional o que me levaria a  explicitar o enquadramento teórico : A   Didática das Línguas- Culturas nas suas relações com a literatura, a linguística, a pragmática,  as CE, nomeadamente a Supervisão… as NBIC.
Mostrando alguns paradoxos de hoje nomeadamente o aparente declínio da Didática, o fechamento da escola num mundo deslocalizado ou o exibicionismo nas redes sociais e o «pudor» em mostrar o que se passa na aula.  
Contando histórias a partir destes comentários:
«O meu professor  não sabe explicar, só passa power point e nós copiamos/dá-nos o power point».

«O meu professor passa power point de costas voltadas, apaga as luzes  e nós fazemos barulho».

«Está quieto e resolve o problema!»

Desta forma anunciaria o facto de esta comunicação se inscrever em didática das línguas-culturas, numa perspetiva de analisar para agir, para antecipar, para propor formas de melhorar as aprendizagens, interrogando, hoje, um domínio, por um lado, questionado por muita gente das ciências da educação, por outro, muito promissor: as NBIC, nomeadamente as neurociências. 
Ao falar de paradoxos refiro, por exemplo,  a grande dificuldade desta comunicação em termos metodológicos: precisava de registos de aulas atuais e não as encontro na Internet e as gravadas oficialmente não estão disponíveis.   
Com as histórias... entraria imediatamente no assunto, porque parece que o formato narrativo  se vê no cérebro. Depois porque formato narrativo está ao serviço da explicação e da argumentação.  E os professores de todas as disciplinas têm de saber explicar. E as línguas contribuem para o conhecimento sobre elas próprias, mas estão nas outras disciplinas, nomeadamente em Matemática (o espaço-tempo  desta comunicação no Encontro  é partilhado com a Matemática).  As línguas nas outras disciplinas é um eixo que irei desenvolver. O outro eixo a desenvolver é o da observação da comunicação multimodal.

Desenvolvo três tópicos, alguns desenvolvidos em comentários anteriores:
A comunicação é multimodal
As línguas estão nas outras disciplinas
A videoformação : uma metodologia de supervisão em Didática das Línguas-Culturas

Formulo as seguintes questões:

Nos planos de estudos de cursos de professores  e nas fichas curriculares
  • Como se vê a ação (os eventos da aula)? Quais as marcas da ação? Reflete-se sobre a ação ou sobre o que os agentes dizem sobre a ação?
  • A videoformação aparece?
  • Aparecem simulações globais ou simulações de sequências?
  • Quais os instrumentos de observação das interações?
  • Como se vê como o professor/aluno  comunica?
  • Quem ensina um professor a comunicar? 
Interrogo-me sobre a contradição entre o exibicionismo das práticas nas redes sociais e o  «pudor» em se mostrar o que se passa na aula o que implica que dimensões que são equacionadas na formação de outros profissionais não possam ser analisadas com os mesmos meios de registo de imagem. 

Apresento alguns exemplos da adoção da videoformação na formação de professores e mostro como à falta de «corpora» de aula, os investigadores em formação de professores têm de  ver outros profissionais que desempenham de forma pública os mesmos papéis, até em situação pedagógica como em «A minha tese em 3 minutos», dispositivos de Pechakucha ou conferências TED. Por exemplo:  





http://www.ccap.min-edu.pt/docs/Caderno_CCAP_2-Observacao.pdf

Dou exemplos do ciclo de vídeoformação como o desenvolvi nas minhas práticas de supervisora e apoiada em algumas práticas disponíveis em

http://chaire-unesco-formation.ens-lyon.fr/+-Videoformation-+

Bibliografia
Já apresentada em tópicos precedentes:

https://gerflint.fr/Base/Europe10/ferrao_tavares.pdf
https://dadospdf.com/download/abordagem-acional-e-competencia-comunicativa-multimodal-estaleiro-de-apresentaoes-de-trabalhos-academicos-_5a44a66eb7d7bc891f746ca3_pdf
https://journals.openedition.org/cediscor/587
https://www.decitre.fr/revues/etudes-de-linguistique-appliquee-n-153-janvier-mars-2009-approches-plurielles-et-multimodales-9782252036976.html






Homenagem a Santana Castilho

Não me despedi do Professor e amigo, porque, há uns tempos, deixei de ler os seus artigos e a Covid impede-me de estar hoje com ele. Mas, vo...