Como é hábito, de vez em quando, quando participo em provas públicas muito boas, comento-as aqui (nem sempre tenho tempo!) . É a minha maneira de rentabilizar o trabalho que tive na preparação da arguição e pode ser útil para outros candidatos.
O blogue na disciplina de Portugês Língua-Cultura Materna: um estudo de caso no Ensino Secundário Português, Relatório de Estágio de Cláudio Macedo, Universidade Católica
O blogue na disciplina de Portugês Língua-Cultura Materna: um estudo de caso no Ensino Secundário Português, Relatório de Estágio de Cláudio Macedo, Universidade Católica
Sou e
hoje estou particularmente otimista! Ontem estive num júri a arguir um excelente relatório de estágio de mestrado, em
Didática das Línguas Culturas, com uma apresentação multimodal.
Um «Relatório de Estágio» está a ser, muitas vezes, uma descrição factual de atividades desenvolvidas na aula. Os professores perguntam aos meninos se gostaram da aula (s) na qual foi introduzida uma inovação e os professores acham que foi muito «gratificante» e os estudantes também acharam a aula «muito motivadora» ou «muito inovadora». Por vezes, depois do relatório factual, há um capítulo sobre as representações dos meninos ou dos pais ou de outros professores sobre a importância do Inglês, a importância do quadro interativo multimédia, os computadores, os média... Tudo muito «achativo»! Ou sobre um outro assunto que nada tem a ver com a prática realizada!
Ora não nos podemos esquecer das competências a desenvolver com Bolonha, expressas no Decreto-Lei 74/2006.
No que diz respeito a Mestrado,
artigo 15, os estudantes devem revelar:
« d) Ser capazes de comunicar as suas
conclusões, e os conhecimentos e raciocínios a elas subjacentes, quer a
especialistas, quer a não especialistas, de uma forma clara e sem ambiguidades».
Logo, os candidatos têm de desenvolver capacidades «investigativas» que ponham em ação. Esta ação deverá ter implicações nas suas práticas e têm de ser capazes de apresentar metodologia e conclusões a público de especialistas e não especialistas.
Como as defesas se tornaram muito frequentes, os relatórios de estágio não justificam deslocações de arguentes externos. Não há dinheiro! E os arguentes têm mais que fazer do que participar nestas provas! Vão a doutoramentos e agregações!
E as provas de Mestrado estão, em muitos casos, «desqualificadas» pelo facto do trabalho final se intitular relatório!
Ontem, com dizia, e estou a falar de teses sobre blogues, num blogue... Fui arguir um relatório!
E um relatório em consonância
com a Didática das Línguas-Culturas! A partir da problematização em contexto de
estágio. Implicou a introdução de uma
inovação tecnológica: o blogue. Uma situação problemática, um conteúdo foi eleito
para a construção de uma «blogaula»: noção de herói em três escritores. O
conceito foi definido, em relação a «edublogue». O enquadramento teórico
implicou a contextualização didáctica das tecnologias ao serviço da aprendizagem. Foi explicitado o enquadramento metodológico
decorrente da investigação em Didática das Línguas-Culturas. Foi desenvolvida intervenção
em contexto de espaço «virtureal». As intervenções dos alunos (em estágio, em férias,
à noite… depois da avaliação escolar estar concluída) foram analisadas através
do levantamento de estratégias mobilizadas. Ficou demonstrada (com marcas de
estratégias e de conteúdos linguísticos na produção escrita dos alunos) a construção de um percurso de aprendizagem na
blogaula. Os alunos expressaram as suas opiniões em articulação com as marcas
de aprendizagem produzidas. Percurso completo: problematização em contexto,
conceptualização externa, intervenção, conceptualização interna dos próprios dados
(marcas e representações. Trata-se de um relatório de estágio com implicações
de acordo com a finalidade da didáctica, para o estudante e para todos os
outros professores que queiram introduzir o blogue. Apresentação multimodal!
Relatório bem articulado, bem estruturado,
bem escrito,bem documentado. Apresentação multimodal, articulando o discurso oral com os esquemas muito claros.
Foram visíveis as marcas de construção do relatório em «estaleiro» de discurso académico, no interior do seminário, com algumas partes redigidas em grupo- tudo devidamente identificado.
As implicações... a integração coerente do blogue nas práticas do docente! Outros projetos de investigação-intervenção sobre blogues na sala de aula e depois da sala de aula! E se forem as outras redes sociais!
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