Deixo aqui a opinião que defendi no Conselho Nacional de Educação sobre este assunto
As línguas no 1º Ciclo do Ensino Básico, para
desenvolver competências plurilingues e pluriculturais ou as línguas na educação e para a educação
1. Os
portugueses e as línguas, em 2012
1 Relatórios
Internacionais:
1.1 Os portugueses e
as línguas - Eurobarómetro
http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_386_fact_pt_en.pdf
http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_386_fact_pt_en.pdf
} Apenas 13% dos
portugueses fala correctamente duas línguas estrangeiras, uma quebra de dez
pontos percentuais, face à anterior avaliação, em 2006.
} Os portugueses são os
que apresentam das maiores taxas de probabilidade de não falar qualquer língua
estrangeira (61%), só os húngaros e os italianos apresentam piores resultados,
65% e 62% respectivamente.
Portugal fica assim a 12% da média europeia e cai dez pontos percentuais face ao anterior relatório.
Portugal fica assim a 12% da média europeia e cai dez pontos percentuais face ao anterior relatório.
1.2.
First European Survey on Language Competences
«The
European Survey on Language Competences (ESLC), the first survey of its kind,
is
designed
to collect information about the foreign language proficiency of students in
the
last
year of lower secondary education (ISCED2) or the second year of upper
secondary
education
(ISCED3) (UNESCO 1997) in participating countries or country communities
(referred to herein as
educational systems). The intention was
‘not only to undertake a
survey
of language competences but a survey that should be able to provide information
about
language learning, teaching methods and curricula.” (European Commission
2007a).»
Neste relatório pode
ler-se :
«three educational systems fall in the bottom half of the ranking for both
first target language and second target language (France, Poland, Portugal)».
« the use of the CEFR by teachers is limited»
«As the figures in section 4.3 show, three educational systems fall in the
bottom half of the ranking for both first target language and second target
language (France, Poland, Portugal). Three educational systems appear in the
top half for both languages »
2- Um pouco de história europeia…
1998
RECOMMENDATION
No. R (98) 6
OF
THE COMMITTEE OF MINISTERS TO MEMBER STATES CONCERNING MODERN LANGUAGES(Adopted
by the Committee of Ministers on 17 March 1998
at
the 623rd meeting of the Ministers' Deputies)
2.
Promote widespread plurilingualism:
2.1.
by encouraging all Europeans to achieve a degree of communicative ability in a
number of languages;
2.2.
by diversifying the languages on offer and setting objectives appropriate to each
language;
2.3.
by encouraging teaching programmes at all levels that use a flexible approach -
including modular courses andthose which aim to develop partial competences -
and giving them appropriate recognition in national qualification
systems,
in particular public examinations;
2.4.
by encouraging the use of foreign languages in the teaching of non-linguistic
subjects (for example history,geography, mathematics) and create favourable
conditions for such teaching;
2.5.
by supporting the application of communication and information technologies to
disseminate teaching and learning materials for all European national or
regional languages;
2.6.
by supporting the development of links and exchanges with institutions and
persons at all levels of education in other countries so as to offer to all the
possibility of authentic experience of the language and culture of others;
2.7.
by facilitating lifelong language learning through the provision of appropriate
resources.
B.
Early language learning (up to age 11)
3.
Ensure that, from the very start of schooling, or as early as possible, every
pupil is made aware of Europe'slinguistic and cultural diversity.
1.
Final report of the project group (Doc. CC-LANG (96) 21) and report of the
final conference (Doc. CC-LANG (97) 7).
34Recommendation
No. R (98) 6
4.
For all children, encourage and promote the early learning of modern languages
in ways appropriate to national
and
local situations and wherever circumstances permit.
5.
Ensure that pupils have systematic continuity of language learning
2002 – Conselho Europeu de
Barcelona
The EU Education Council recalled the importance of the Barcelona objective
of 2002 of learning two foreign languages from an early age. The Ministers
invited the Commission to pursue work to enable citizens to communicate in two
foreign languages, to promote language teaching, where relevant, in vocational
education and training and for adult learners, and to provide migrants with
opportunities to learn the language of the host country.
2012
COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO PARLAMENTO EUROPEU, AO
CONSELHO, AO COMITÉ ECONÓMICO E SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ
DAS REGIÕES
Repensar a educação - Investir
nas competências para melhores resultados
socioeconómicos
… enquanto a aprendizagem de línguas é importante para o emprego e requer
especial
atenção
Num mundo de intercâmbios internacionais, a capacidade para falar línguas
estrangeiras é um
fator de competitividade. As línguas são cada vez mais importante para
aumentar os níveis de
empregabilidade9 e a mobilidade dos jovens, constituindo as fracas
competências linguísticas
um importante obstáculo à livre circulação de trabalhadores. As empresas também
exigem as
competências linguísticas que permitam operar no mercado global.
3. Um pouco da história em Portugal
1998-2008
·
Criação de Cursos de Estudos Superiores Especializados em ensino Precoce
das Línguas em ESE e Universidades com designações diferentes
·
Projetos nacionais e internacionais dinamizados por ESE e Universidades e
professores dos CESE
·
Projetos dinamizados pelo Ministério de Educação. Participação em
Seminários internacionais de preparação do Conselho Europeu de Barcelona, com
peritos portugueses.
·
Formação contínua de professores do ensino básico e secundário
·
Redes, formações, projectos…
2008-
Inglês no 1ºCiclo nas
AEC
·
Aposentação dos professores que frequentaram CESE e programas de formação
contínua
·
Fim da formação contínua
·
Recurso a protocolos com instituições particulares
·
Recurso a professores-tarefeiros
·
Recurso a bons e maus professores do 1º e 2º ciclo
·
Formação à maneira de Maria João Lopo de Carvalho
«As aulas de Inglês em quase um quarto das 96
escolas do 1º ciclo do ensino básico de Lisboa vão ser asseguradas, este ano
lectivo, por uma empresa de que é proprietária a escritora Maria João Lopo de
Carvalho, assessora da vereadora da Educação e Acção Social da Câmara de
Lisboa, Helena Lopes da Costa.
(…)
"Modéstia à
parte, faço isto muito bem"
4. Iniciativas do
Conselho da Europa (que sustentam recomendações do CE)
2001
Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas:
Aprendizagem, Ensino, Avaliação
2010
Guide for the development and implementation of
curricula for plurilingual and intercultural education
Jean-Claude
Beacco, Michael Byram, Marisa Cavalli, Daniel Coste, Mirjam Egli Cuenat, Francis
Goullier et Johanna Panthier (Division des Politiques linguistiques)!
2010
LANGUES DANS L’EDUCATION, LANGUES
POUR L’EDUCATION
Plateforme de ressources et de références pour l’éducation plurilingue et interculturelle
Plateforme de ressources et de références pour l’éducation plurilingue et interculturelle
http://www.coe.int/t/dg4/linguistic/langed
uc/le_platformintro_fr.asp
http://www.coe.int/t/dg4/linguistic/langeduc/le_platformintro_EN.asp
uc/le_platformintro_fr.asp
http://www.coe.int/t/dg4/linguistic/langeduc/le_platformintro_EN.asp
Language and school subjects Linguistic dimensions of knowledge building in school curricula
http://www.coe.int/t/dg4/linguistic/Source/Source2010_ForumGeneva/KnowledgeBuilding2010_en.pdf
Interroger, Deviner, Nomear,
Qualifier, Raconter Identifier,Classifier,Catégoriser,Sélectionner, Résumer,Contextualiser,Structurer,Argumenter…
(cf Programa
da Língua Materna de 1911 para o Ensino Infantil)
5. O ensino
Precoce do Inglês em Portugal no quadro das AEC e Contributo do Ensino
Precoce do Inglês, ou melhor, das Línguas no 2º Ciclo
Impressões sobre
·
motivação: motiva os alunos, num primeiro tempo, mas desmotivação depois,
sobretudo na entrada no 2º ciclo com reínicio.
·
resultados: Os alunos aprendem vocabulário de cores, estações do ano,partes
do corpo,números até 10, a apresentar-se e algumas canções… (verbos)
·
metodologia: recurso ao método direto ( método que foi adotado em Portugal
em 1907 ( na altura com recurso a mapas parietais bem mais bonitos do que as
imagens utilizadas presentemente mesmo no software dos quadros interativos
multimédia)
·
origem dos professores: com formação dos centros de línguas, de outros
ciclos, professores com bom e mau nível de língua…
Efeitos: desmotivação nos outros ciclos, acentuação das diferenças entre os
que aprendem em bons centros e os das AEC, diferenças de nível de língua no 2ª
ciclo com repetições, «overdoses» de Inglês: Na minha perspectiva, esta opção
pode levar aos maus resultados, optando
os alunos de meios mais favorecidos por escolha de outras línguas, no
secundário, e repetições dos alunos mais fracos-nível de saturação.
E, no entanto…
Todos os meninos que vêm televisão em Portugal são plurilingues
As línguas
(diversificadas) têm um papel na educação e servem para a educação
As línguas servem:
·
Para pensar (desenvolvimento cognitivo, flexibilidade, plasticidade
neurológica, estratégias de intercompreensão, apropriação da língua
materna…desenvolvimento físico - fala-se com o corpo, os gestos antecedem a
verbalização e são diferentes nas diferentes línguas)
·
Para saber (como são as línguas ,para comparar, para conhecer outras
culturas…)
·
Para comunicar saberes ,sentimentos,
emoções (para contar, para descrever, para sintetizar, para contextualizar,
para comparar… (saberes transponíveis a Matemática, a Geografia, a História …
para interagir com os outros, com
meninos com outras línguas culturas, com as mesmas línguas…)
·
Para gostar e sentir (para respeitar os outros, para se abrir aos outros – atitudes, valores-
exprimir os próprios sentimentos, para compreender os dos outros, para saber
ouvir, para valorizar os outros.
Se não é para adquirir
uma competência plurilingue e pluricultural, então, na minha perspectiva, o ensino do Inglês só tem desvantagens. (Eu
sou capaz de ensinar muito mais do que as cores, o vestuário ou as datas…, numa
hora, sem que os alunos as esqueçam). Como é possível andar, 2 ou 4 anos para
isso!
6. Cenários que enquadrem o Ensino do Inglês ou das
Línguas
Sendo uma inevitabilidade no 1º Ciclo, então…
Necessidade absoluta de uma investigação de casos (qualquer inquérito a
nível regional ou nacional só reforça a opinião de que o Inglês é muito
importante:.. daí tempo e dinheiro perdido) com recurso a acção e observação,
recurso a grupos de foco)…
Cenário 1 (as turmas
estão separadas)
1ºe 2º Ano – Sensibilização à diversidade linguística e cultural recorrendo
a materiais multimédia, televisão como na telescola e Universidade Aberta- 15
minutos por dia.
Formação de professores em b-learning
3º e 4º ano- Inglês- recorrendo a
materiais multimédia, televisão como na telescola e Universidade Aberta- 15
minutos por dia mais 2 aulas para exploração dos materiais a que os alunos
foram expostos.
Formação de professores em b-learning
Os alunos deverão estar em A1 no
final do 4º ano, começando A2 no 5º.
Começam em B1 no 7ª .No final do
8º ou 9º deverão estar em B1 ou mesmo B 2 e FIM do Inglês.
Entretanto no 7 ou 8 deve ser iniciada nova língua estrangeira.
Cenário 2 _ todos os
anos estão na mesma turma
1º período- Sensibilização à diversidade- 15 minutos todos os dias- para
todos os alunos
2º e 3º - Inglês- Sensibilização ao Inglês- 15 minutos todos os dias-para
todos os alunos
3º e 4º ano- 2 aulas de Inglês com Professora que fale Inglês para exploração dos materiais
apresentados.
Nos anos seguintes deverá haver novos materiais
Programa nacional,
televisão, multimédia.
Formação de
professores em blearning. PNLE
Metodologia- abordagem
plurilingue, acional e multimodal, em articulação com Português- QECR.
Recurso a pais estrangeiros, alunos de anos mais avançados…
Todos os cenários com Inglês implicam criação de situações de desigualdade do mesmo modo que há
desigualdades entre público e privado, escolas com 4 anos ou só 2 ou 1…
Recurso a televisão pode atenuar diferenças, mas veja-se que, no caso da
telescola, os alunos que chegavam ao 3º ciclo …
Cenário 3…
Algumas respostas para estes cenários podem ser encontradas em
Bruxelles, le 7.7.2011
SEC (2011) 928 final
DOCUMENT DE TRAVAIL DES SERVICES
DE LA COMMISSION
Cadre stratégique européen pour
l’éducation et la formation (Éducation et formation 2020)
GUIDE STRATÉGIQUE POUR UN
APPRENTISSAGE EFFICACE ET DURABLE
DES LANGUES AU NIVEAU PRÉSCOLAIRE
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