Blogue de professora de didáctica das línguas, de análise do discurso dos média, de comunicação, de mediaculturas... com «aulas virtureais»... e alguns desabafos.
sábado, 28 de abril de 2012
30 alunos por turma? «O difícil é sentá-los!»
Questões pedagógicas, didáticas, pragmáticas e até neurológicas...
Como dizia o Professor Marçal Grilo «o difícil é sentá-los!», porque... muitos nunca se sentaram à mesa para comer, nunca se sentaram no sofá para conversar com os pais ou ler um livro! Também não foram educados a ouvir! Sentam-se, por vezes em frente ao computador e os pais até lhes levam o jantar!
E agora Senhor Ministro?
O aumento número de alunos por turma tem sido desaconselhado, porque é difícil um acompanhamento de cada aluno. Mas, no que diz respeito ao ensino específico das línguas tanto do Português, como das línguas estrangeiras,a situação é pior.Tem-se apontada a questão da dificuldade de desenvolvimento das competências de oralidade (compreensão do oral e sobretudo expressão oral. Refira-se que, uma aula «clássica» - e com este número é difícil não seguir este modelo - obedece, quase sempre, à «regra» dos 2/3: 2/3 das intervenções verbais são efetuadas pelo professor e 1/3 pelos alunos. Se se dividir este tempo pelos 30 alunos significa que há grande possibilidade de alguns alunos nunca terem uma intervenção ao longo do ano.
Como podem atingir um patamar sequer do QECR referencial das metas portuguesas?
Mas, mais grave, como têm mostrado especialistas em comunicação (Hall, Sommer, Adams, Biddle, Maslow, Cosnier,Estrela…) o espaço ou a falta deste são responsáveis por problemas de comunicação, gerando, nomeadamente, atos de indisciplina e atos de destruição de mobiliário.
Sommer mostra,por exemplo, que os alunos que se situam nas últimas filas (única maneira de organizar o espaço com 30 alunos,) do lado direito ou esquerdo da sala, dificilmente serão vistas pelo professor, pelo que não terão oportunidade de tomar a palavra e facilmente criarão problemas de indisciplina.
E depois há a questão da empatia ou dos comportamentos em sincronia. Segundo estudos sobre os «neurónios-espelho», os nossos comportamentos mobilizam não só a nossa atividade cerebral, mas provocam atividade em espelho nos destinatários. Assim, aperceber-se das emoções, dos gestos do professor ou do aluno que explica leva a aprendizagens por imitação, nomeadamente em disciplinas que têm como objeto a língua-cultura. Será isto possível numa sala com 30 alunos?
E os resultados que se pretende que os alunos atinjam? Será que as metas vão ser definidas em termos de «présent de l'indicatif du verbe être»? Se for assim ,talvez se consiga, mas os nossos alunos ficarão muito mal numa avaliação que tenha em conta os indicadores do Quadro Europeu Comum de Referência: Sublinhe-se que as metas, como estavam definidas, eram uma boa declinação deste referencial europeu. Por favor autores das metas... analisem este e outros referenciais europeus!
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